sábado, 30 de junho de 2012

Gol - Um voo terrestre


A querida Duda que comemorou seu primeiro aninho no dia 10 de junho, carinhosamente nos convidou para a festinha com três meses de antecedência. Duda é prima da minha esposa Fabrícia. No entanto, existe uma lei moral que primos com mais de 30 anos de diferença tem relação de tio e sobrinho, logo Duda é minha sobrinha.
O detalhe é que este anjinho mora em Cafelândia-SP que fica um  pouco  menos de 90 km de Bauru e nós próximos a Porto Alegre. Porém, com o tempo que tínhamos, foi possível programar a viagem com tranquilidade. Na época, todas as vantagens apontavam para a Gol.  Como Cafelândia não tem aeroporto, a melhor alternativa foi ir para Bauru onde os primos, pais da princesa, nos buscariam. 
O itinerário era um voo de Porto Alegre a São Paulo e uma conexão para Bauru. A diferença entre a chegada de um e o embarque de outro é de 23 minutos. Muito apertada, mas a passagem é combinação da própria companhia área, logo eu estava tranquilo em relação ao atraso da nossa partida que foi de 30 minutos.  Assim mesmo, falei com a comissária sobre a conexão.
– Pode ficar tranquilo. Em São Paulo está tudo trancado, a sua conexão deve atrasar também – disse ela.
Tranquilo por estar tudo trancado? Bom, chegando ao aeroporto de Congonhas em Sampa, vimos que a aeronave da conexão ainda não tinha chegado, mas a previsão era de poucos minutos. O fato é que todos que viajam de avião sabem que minuto de relógio é um e minuto de companhia aérea é outro muito mais espaçado do tipo cada minuto tem 1800 segundos.  Até que daria para suportar porque a decolagem que estava prevista para as 22h23 teve um pequeno adiamento para as 23h20, ou seja, nem uma hora de atraso. Olha que beleza. Até que tudo ia bem, se não fosse pela voz estridente da funcionária da Gol:
– O voo 1010 para Bauru está cancelado. Permaneçam no saguão para comunicarmos as providências que serão tomadas.
Aí, foi como se tivessem dado um chute em um formigueiro. Depois do “ah não” geral, a massa foi para cima da moça que não tinha culpa de nada. As pessoas frustradas queriam saber o que seria feito, pois muitos vieram de outras cidades do estado de São Paulo ou outros estados por o 1010 ser um voo de conexão.
Então esta formiga que vos comunica ficou sabendo que haveria no dia seguinte um voo para Marília-SP que também era compatível com nossos planos. Deixei a Fabrícia acompanhado as decisões e conforme orientado corri para o balcão de “Check in” para tentar contornar o problema. Não havia mais vagas no voo para Marília. Portanto, solicitei para São José do Rio Preto que era um pouco mais longe de Cafelândia, mas também servia.  Para esta cidade, a Gol me ofereceu um voo da TAM que partiria do aeroporto de Guarulhos no dia seguinte de manhã bem cedo. Para quem não sabe Guarulhos é outra cidade e fica longe de Congonhas.
Avisei que a Fabrícia tinha ficado no portão de embarque e que precisava de ajuda com as bagagens. Eu não podia subir novamente porque já não havia mais voos, logo não poderia entrar mesmo com o cartão de embarque do 1010. Foi então que uma funcionária da Gol disse que iria auxiliá-la ou solicitar que fosse alguém ao seu encontro.
Enquanto eu esperava a Gol e a TAM se acertarem pois este procedimento era devido ao acordo entre empresas, a Fabrícia me liga avisado que foram providenciados ônibus para Bauru e que todos os passageiros já tinham saído do local e que ela estava sozinha no saguão.
Quando tudo parecia se resolver, o funcionário da Gol  retornou dizendo:
– Senhor! Por se tratar de duas companhias e de dois aeroportos diferentes nós podemos lhe dar condução para Guarulhos, hotel e refeição, mas não podemos garantir que terá vagas neste voo.
Resumido: Se fossemos até lá e não tivesse como embarcar eu teria que voltar por minha conta e não ter mais o que fazer. Resolvi então topar o ônibus que era melhor do que nada. A frustração era tão grande porque um planejamento de meses deu errado por incompetência e descaso de outros.
No desembarque eu encontro minha amada e poderosa esposa que se virou sozinha com as bagagens porque não recebeu ajuda alguma, pois ninguém apareceu.
Fomos para a fila do ônibus.
Quando chegamos, a fila estava enorme e já havia um ônibus que naturalmente estava lotado. Eu não entendo porque este ônibus demorou uma hora para sair. Afinal, não tinha porque sacrificar quem já estava dentro por causa dos outros que estavam na fila. Uma tremenda sacanagem.
Não tinha água nem comida.
Eu fui até os funcionários no início da fila e pedi para liberarem pelo menos água.
– Não temos água senhor. Apenas Coca-Cola. Só podemos liberar dentro do ônibus se não perderemos o controle.
Vamos ler nas entrelinhas: É um só para cada e azar de quem não gostar. Havia pessoas de idade e crianças e não tinha água. Algumas pessoas na fila falaram que não bebiam “refri”. Voltei a conversar com funcionários que já estavam saindo do local.
– Estamos indo lá cima e veremos isto – falaram.
Sei lá onde é “lá em cima”. O fato é que estes mentirosos não voltaram nem mandaram água. Por que será que eu não fiquei surpreso?
Ficamos na fila por volta de uma hora sem água e alimentação até que chegaram os demais ônibus e as pessoas foram sendo alocadas.
O motorista do nosso simplesmente saiu do veículo deixando o volume altíssimo. Quando entramos, ouvimos a música que era de um repertório desconhecido e de muito mau gosto. Até o pior cantor de banheiro era suportável perto daquilo. Eu imaginei que era um CD caseiro gravado por um parente ou amigo e que ele queria promover.
A Fabrícia foi até o “motora” solicitar que ele baixasse o volume.
– Quando eu voltar no ônibus eu baixo – disse ele de forma grosseira.
Meu sangue subiu e eu mesmo decidi desligar aquela porcaria, mas a moça da Gol intercedeu e o cara baixou o volume resmungando:
– Vou ter que viajar a noite toda e não posso escutar música.
Ele chama aquilo de música e acha que é dono do ônibus.
Moça – falei – todos estão chateados e cansados com o voo cancelado. Se este cara no meio do caminho fizer gracinha vou jogá-lo fora do ônibus e eu mesmo vou dirigir porque conheço o caminho. Ela sorriu, a galera riu.
Depois que todos entraram, liberaram a comida. Água? Não! Coca-Cola tradicional, nada de zero. Eu sou viciado, mas as pessoas queriam água. E o banquete? Era um “sanduíche-iche” de pão de forma “refugo de padaria” queijo e presunto sem direito a repetição.  Mais um problema: Tem gente que não come carne e presunto é carne.
Podia ser pior: Um sanduíche de “mortandela”. E quem é diabético ficou com sede.
Enfim o ônibus, as 00h30 mais ou menos, partiu e o motorista se comportou.
Entretanto, uma viagem que era para ser de quarenta minutos durou entre a confusão do cancelamento do voo e a chegada em Bauru sete horas.
Eu pensei em reclamar, mas creio que tudo terminaria em pizza, ou melhor, em “sanduba”.

5 comentários:

  1. Grande Chamum. Sinto dizer que problemas desta natureza sãso mais frequentes do que podemos imaginar. Recentemente fui a Curitiba e meu voo marcado para as 22 horas também foi cancelado pelo fato do aeroporto estar fechado desde as 18 horas do dia. Opções? A Cia colocou um onibus a disposição para POA. Não quis. Deram voucher para o taxi e mandaram procurar um hotel até 150,00 reais para posterior ressarcimento. Argumentei que talvez não tivesse dinheiro ou cartão para bancar as despesas. A resposta foi: "Não é nosso problema". E fique PASMO. NÃO EXISTE ANAC no aeroporto INTERNACIONAL de Afonso Pena. No final como todos os voos estavam cancelados, a cidade ainda abrigava uma feira e um congresso, não havia hotel disponível...Solução achar moteis e se acomodar até o dia seguinte.

    Joao Wecki

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  2. RSRSRSRS....RSRSRS....enfim li e AMEI...... li pra Duda dramatizando....e ela deu gargalhadassssss......
    bjosssss...saudadessssss......
    AMAMOS VCS 2!!!!!!!!

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  3. Ah Bom!
    Um comentário da Duda, a principal personagem desta história, era o que estava faltando.
    Agora sim está completo.

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  4. Cancelamento de voo tb já aconteceu comigo, e o pior de tudo é que nestes casos passamos a ser um problema para eles, que nos tratam como se estivessem fazendo um favor. Uma pena!

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  5. KKKKKKKKKKKKK vc dá muito azar amigo! V~e se reza mais rsrsrs.

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