sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Campeão de Tênis


Eu joguei tênis dos 12 aos 18 anos. Joguei? Não! Para falar a verdade eu comprei uma raquete e comecei a me meter. Nunca tive técnica, tão pouco fiz aulas. Qualquer garoto de escolinha me batia. Porém, a força de vontade e certa habilidade para o esporte que eu tinha faziam com que me destacasse entre os que estavam na mesma situação que eu, na categoria “amadores dos metidos a jogadores de tênis”.
Eu praticava na SOGIPA, clube que eu era sócio, e na época, muito próximo de minha casa. Na ausência de parceiros eu usava o paredão. O nome diz tudo. É uma enorme parede verde com o desenho da rede em branco. O negócio é rebater a própria bola que retorna do paredão.
Eu parei de jogar quando eu entrei para a faculdade. Não é desculpa, foi preguiça mesmo.
Em 1979 aconteceu um evento esportivo na PUC-RS, as olimpíadas da PUC. Não lembro como fui parar no Tênis, pois os jogos foram em Outubro e eu parei de jogar em Março. Deve ter sido indicação de um amigo traíra, quer dizer, um grande amigo que acreditava no meu potencial.
Nesta universidade onde eu cursava Análise de Sistemas, tinha ou tem os Diretórios Acadêmicos. O meu curso pertencia ao CAVM – Centro Acadêmico Visconde de Mauá, e era por este diretório que eu estava convocado para participar dos jogos PUC olímpicos como tenista. Eu não queria, mas o presidente do CAVM pediu encarecidamente, pois desejava ter no mínimo um representante em cada modalidade, e neste esporte não havia ninguém. Não lembro a sua graça, mas para simplificar vou chamá-lo de Luís Inácio, porque é um nome de presidente. 
Na época eu não sabia dizer não. Hoje eu sei. Portanto não adianta me pedir dinheiro emprestado nem me convidar para jogar. Porém, eu estava receoso devido ao tempo parado. Mas, com aquela carinha triste, de onde eu acredito que o autor do Shrek anos depois tirou a expressão do Gato de Botas, Luís Inácio me convenceu a aceitar o desafio. Afinal, devia ter no torneio um bando de perebas piores do que eu. Logo, se eu tivesse sorte poderia ir longe. Ainda mais que o evento seria na SOGIPA, minha área. Assim mesmo não falei pra ninguém. Embora confiante no triunfo eu temia pelo fiasco e não estava a fim de aguentar corneteiros curtindo a minha desgraça.
Chegando o grande dia e muito grande mesmo porque era 7 de outubro, meu aniversário, acordei cedo e me “toquei” para SOGIPA obedecendo rigorosamente o horário estabelecido. Lá estava o meu glorioso presidente todo feliz pelo meu comparecimento e em mãos os confrontos já sorteados.
- Deixe-me dar uma olhada para ver meu adversário e se eu conheço alguém.
De cara um choque. Meu primeiro jogo era contra o Martins, um dos dois melhores tenistas do estado. Bom, agora era questão de honra. Eu precisaria entrar na quadra para não mostrar covardia. Afinal, eu era um homem ou um rato? Por acaso alguém ai viu o meu queijo?
A humilhação já começaria na entrada. Eu com minha raquetinha de marca “El diablo” sem capa, com a pintura arranhada e as cordas recondicionadas e ele com aquela coleção de raquetes de grife. Além disso, eu sabia que apenas faria ponto se ele jogasse a bola para fora. Isto seria uma coisa muito difícil de acontecer porque das jogadas dele só sentiria o vento e as minhas, se ele não morresse de rir, devolveria com facilidade e longe do meu alcance.  Como neste torneiro as partidas seriam disputadas em melhor de três sets eu levaria dois pneus. Na gíria do tênis um jogador dá pneu quando vence o set a zero. No meu caso seria uma derrota “bi pneumática”.
Susto recuperado, e o importante não é vencer e sim competir, eu voltei a olhar os confrontos. Vai que o Martins tivesse câimbras e eu o vencesse. Se bem que ele me venceria com um pé amarrado nas costas. Mas, ele poderia ter uma dor de barriga. Ah! Isto é fatal. Ai eu ia com moral para cima dos outros. Porém, ao chegar ao fim da lista vi que, caso por um milagre jamais presenciado por todas as igrejas do mundo, se eu fosse para a final fatalmente seria contra o Jardim.
Santo protetor dos metidos a tenista! Se voltarem um pouco acima, lembrarão que eu falei que o Martins era um dos dois melhores jogadores do estado. Pois é, adivinhem quem era o outro. É! Já sei que sacaram. Agora tinha ficado complicado. Se só com ajuda divina poderia vencer um campeão, vencer outro seria impossível.  Então pensei: Para que me preocupar? Não vou passar da primeira fase mesmo.  Entro lá, levo os pneus e volto mais cedo para casa.
Passar um vexame no dia do aniversário é muito ruim. Mas, fazer o que? O amigo do Shrek ainda nem tinha nascido e eu já havia caído no golpe da carinha pidonha do Luís Inácio.
Enquanto eu aguardava a hora do massacre, torcendo para que o Jardim e o Martins tivessem se refestelado da mesma feijoada, Luís Inácio tinha ido verificar os horários dos jogos. Já sabíamos que pelo grid a minha execução seria a primeira.
Para minha surpresa, ele retornou com uma notícia horrível para os organizadores do evento, mas excelente para mim.
- Claudio! Só tu e outro participante compareceram. Decidimos fazer uma final entre vocês. Tu podes vir as 14h00?
- Bah! Não sei – pensava eu em uma desculpa para escapar, mas me ocorreu a importante pergunta – E o cara que está ai, qual o nome dele?
Ele me disse, eu não lembro. Mas, não era nenhum dos dois candidatos ao cargo de meu carrasco. Então respondi feliz: - Ah! Claro que sim. Eu moro aqui perto. Chegarei no horário.
Fui para casa aliviado e felicíssimo. Que presentão de aniversário. E daí se eu perdesse. Eu já havia garantido a medalha de prata. Tirar segundo de dois é muito melhor que último de trinta. E depois, como meu adversário era um desconhecido poderia ser um mão de pau menos qualificado do que eu. Almocei o suficiente para não passar fome e não ter a dor de barriga desejada para os outros e fui de novo para o local do torneio. Chegando lá, o Luís Inácio já me esperado me disse meio desenxabido: - O cara foi embora.
A primeira coisa que me passou na cabeça foi:
“Prostituta que deu a luz! Acordo cedo em um Domingo, meu aniversário, venho aqui duas vezes, para uma palhaçada destas. Que Bosta (bosta pode) é esta?”.
Mas, depois pensei: “Sou campeão! Não perdi para ninguém. Sou campeão de um torneio onde disputaram o Jardim e o Martins. Que glória!”
Eu não sei porque nunca me deram a medalha de ouro, ou melhor, as medalhas porque devido a minha bela atuação eu deveria também receber a de prata e a de bronze.
“Te cuida” Roger Federer!



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

B.U.E.S.T.A.


BUESTA não é uma palavra mal traduzida para o espanhol e sim uma sigla de uma entidade da qual não participo. BUESTA significa Babacas Unidos Estupidamente Saciando Transmissões de Atrocidades. Ou seja, aqueles imbecis que praticam bullying, racismo, homofobia e outros preconceitos em geral. Pois, se analisarmos friamente cada um destes crimes chegaremos à conclusão que é tudo a mesma BUESTA.
É inadmissível que no século que vivemos ainda existem pessoas que fazem diferença por que outras não pertencem a sua classe social, têm cor diferente, orientação sexual não adequada para sua opinião, não têm o padrão de beleza desejado e etc.
Entretanto, temos que ter muito cuidado para separar BUESTA de vitimização.
Todos merecem disputar espaço e buscar aquilo que definiram como sonhos ou felicidade exigindo condições iguais e respeito e não se colocando em posição inferior. 

Na primeira eleição para presidente depois do regime militar, um candidato negro, usou a frase: “Se a população negra do Brasil votar em mim, eu serei o presidente”. Isto é vitimização! Ainda bem que a população negra é inteligente. Votar em uma pessoa ou deixar de votar por causa de uma caraterística física é burrice. Obama não foi eleito porque é negro. Ele foi eleito porque agradou os eleitores de todas as raças.
Eu sei que é fácil falar sendo branco, mas sou contra a cota racial. Para mim isto é um verdadeiro ato de racismo. É a mesma coisa dizer que o negro é inferior. Que BUESTA! É contra isto que seres racionais lutam há anos. Os meus amigos negros, que pude conversar sobre o assunto, concordam comigo. Vejamos a seguinte situação: Duas pessoas, uma negra e uma branca estudando em colégios compatíveis. Quando elas prestarem o concurso vestibular serão concorrentes. A pessoa negra levará vantagem por causa da cota. Só ai já é uma desigualdade contra a pessoa branca. E também um preconceito da pior espécie contra a pessoa negra. Por que a vantagem para ela se tiveram condições iguais? Ela é inferior tendo as mesmas oportunidades? Não! Não é! E pode ser até mais estudiosa, preparada e inteligente. Alguém vai dizer: “Isto não é o que acontece. Normalmente o negro é pobre e estuda em escolas públicas”. Não vou negar que existem mais negros pobres do que brancos, mas ai não é cota racial. É cota social. E depois existem muito negros bem sucedidos por terem sido competentes e também vitoriosos ao vencer o racismo que ainda deve existir em algumas empresas.
Quanto a cota social não é assunto para este artigo porque não é BUESTA e sim incompetência do governo que cria artimanhas para compensar a falta de qualidade do ensino em vez de melhorar as condições dos professores e alunos.


Outras questões, que vejo em reality show, é algumas pessoas se fazendo de vítimas pedindo votos por serem gays. Chega ser ridículo. Elas próprias se colocam em situação diferente. Não estou dizendo com isto que gays não são alvo de BUESTAs.  São sim! E muito. Porém, existem muitos gays que estudam e trabalham para conseguirem suas conquistas com muito esforço. Além de concorrer com os adversários são obrigados a vencer o preconceito. E não se fazem de vítimas.
Eu era fã do Clodovil e acho que ele só errou em entrar para a política muito tarde. Era um cara inteligente, colocava fogo no congresso e se precisasse mandava tomar sagu. Ele foi eleito por carisma e não por ser gay.
Sou plenamente a favor do casamento gay. Não falo de um casamento na igreja ou em santuários que não permitem. Também é necessário respeitar as tradições daqueles que as seguem. Porém, casamento civil agora é lei.
Não é raro um gay antes de ser bem sucedido ser excluído de seu seio familiar por puro preconceito, e na hora da sua morte os parentes se avançarem na herança ignorando o parceiro que sempre esteve ao seu lado. Com o casamento gay acaba a hipocrisia. Se quiserem uma fatia do bolo é bom aceitá-lo desde pobre. 
E tem juízes regionais integrantes do BUESTA que ignoram a lei federal. Prostituta que deu a luz! Isto é mesmo uma BUESTA.


Há poucos dias li e curti um artigo no facebook postado pela minha amiga e leitora Letícia Aguiar. O texto pertence ao blog de Keka Demétrio e se trata de uma menina que escreveu para ela. A moça relata que seu namorado terminou o relacionamento por não aguentar mais a pressão dos amigos pelo fato dela ser gorda. Os amigos deste rapaz são um exemplo de quem tem BUESTA na cabeça e ele um covarde.
Ninguém é obrigado a viver com quem não ame ou não sinta mais atração etc., mas terminar com a pessoa que ele gosta por causa de bullying de falsos amigos é falta de coragem, atitude e outras coisas necessárias para a formação de um homem.
É uma grande verdade que os homens têm fantasias com mulherões, vulgo as gostosonas. E não nego que é bonito ver a Shakira dançando ou filmes da Angelina Jolie, mas os homens sempre acabam correndo para a parceira. Aquela que segura as pontas quando a coisa aperta, o verdadeiro porto seguro independente da beleza.
Em virtude desta fantasia, a própria mídia faz bullying indireto quando só coloca gostosonas para anunciar produtos. Por que não colocar uma gordinha para ser garota propaganda de lingerie. Uma mulher gorda também pode ser sexy. E tem público masculino que gosta.
Eu achei o máximo quando a Dove lançou um comercial com todos os tipos de mulheres mostrando que seus produtos são para todas. Jogada de marketing ou não é uma grande verdade. Os produtos são fabricados para um público geral e não apenas para quem tem corpo de cinema. Caso contrário os fabricantes iriam a falência.
Se um homem quando cobra da mulher que ela está acima do peso está pensando somente em sua saúde é porque se preocupa com ela. Se ele pensa somente na beleza é porque se preocupa com ele.
A mulher só deve se modicar se não estiver satisfeita consigo mesmo. 
A beleza física não dura para sempre, mas o amor verdadeiro e a parceria sim.
A mulher já é linda pelo simples fato de ser mulher.  E se um homem sente prazer em ter sua companhia, trocar carícias e fazer sexo é porque para ele, ela é gostosa. Logo, ela é gostosa e deve se sentir gostosa.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O chocolate, o vinho e o saca-rolhas


Pedrinho andava meio perdido. Após algumas desilusões, ficou praticamente dois meses vivendo dentro de uma ostra.
Era chamado para sair para as baladas, mas sempre declinou dos convites. Aceitava apenas programas familiares.
Certo dia um amigo o convidou para jantar na casa da irmã de sua noiva. Ronaldo fez bons comentários sobre a cunhada, falando o quanto ela seria legal, simpática etc. Pedrinho já conhecia Cibele, a noiva de Ronaldo, e a descrição da cunhada relatada por este, era semelhante com a dela. Ele foi para o evento sem qualquer expectativa. Pensou apenas em curtir um programa familiar e conhecer gente nova. Porém, ao conhecer Anna, recebeu um abraço de boas vindas, nada anormal, foi apenas um abraço inocente, mas, que de certa forma mexeu com ele. Naquela noite, Pedrinho não teve muita oportunidade de conversar com Anna, no entanto, já percebera que ela era muito especial. Saiu do jantar um tanto impressionado, mas, sem coragem de pedir o telefone.
Outro jantar aconteceu. E, desta vez, ele conseguiu conversar um pouco mais, e na saída deu a ela o número do seu telefone.
Como haviam comprado muita coisa, a sobra os obrigou a fazer um almoço no dia seguinte. Então, pela manhã, Anna o surpreendeu com um telefonema chamando-o para iniciar os preparativos. Assim, ela acabou cedendo o número do seu celular que ficou armazenado no bina do telefone dele. Quando chegou, foi recebido com o mesmo abraço das outras vezes, sereno, carinhoso, inocente e sincero.
Nesta noite, saíram ao encontro de uma turma de amigos de Cibele e Ronaldo. Anna não conhecia quase ninguém e ele idem. Pedrinho disse-lhe que não teria ido sem ela. E Anna confidenciou o mesmo. Foi uma noite muito agradável. Ele teve a oportunidade de presenteá-la com uma rosa.
Aconteceram outros encontros e jantares. Conforme passou o tempo, foram se conhecendo melhor. Pedrinho descobriu o chocolate preferido dela, e guardou um generoso pedaço prometendo que ficaria reservado até que ela buscasse em sua casa.
Ele percebia que havia muito carinho nos olhos de Anna e sentia que estava se apaixonando. Ela é uma pessoa dotada de muita ternura. Entretanto, ele se deu conta que o seu envolvimento era maior do que o dela.  Por isto, resolveu afastar-se aos poucos. Porém, em ocasiões que ele ficava sem ligar ou dar sinal, ela enviava uma mensagem pelo celular. Então, ele ligava de volta. Mesmo assim, achou que seria melhor um afastamento. Quando ele estava praticamente decidido, ela o avisou que estaria indo ao Shopping. Ele não resistiu e perguntou se ela gostaria de companhia. A resposta foi positiva. Fizeram um curto happy hour e na saída ela lhe deu uma carona. Na despedida, ele a beijou. Foi um beijo rápido.  Ele ficou meio zonzo com o acontecido, e ela apesar de também ficar um tanto perturbada, correspondeu.
Pedrinho teve vontade de correr atrás do carro e quando ela partiu não sabia direito para que lado ir. Ficou, na rua, rindo sozinho como um adolescente após o primeiro beijo. Anna confessou que também ficou perdida e quase bateu com o carro.
Devido a uma viagem de Anna eles se afastaram fisicamente, mas por telefone e recursos de internet eles nunca deixaram de manter contato.
Após o retorno de Anna eles voltaram a se encontrar.
Desta vez os beijos foram mais demorados e mais quentes. Conversaram, mostraram carinho um pelo outro. A partir deste dia, passaram a se encontrar com mais freqüência.
Devido ao trabalho de Anna, que fazia com que viajasse muito, ela nunca quis assumir o compromisso.
Sempre que o relacionamento ficava mais sério, Anna se afastava. Pedrinho já não estava mais suportando a situação, porque mesmo com ela por perto se sentia sozinho. Ele só queria uma decisão de Anna. Fascinado e apaixonado não conseguia se afastar. Quando tentava, ela não deixava. Anna gostava da companhia dele e não queria abrir mão disto, mas entendia o mal que poderia estar fazendo a uma pessoa que estimava tanto.
Foram tantas idas e vindas até que surgiu o acampamento. Pedrinho não queria ir, mas como ela demonstrou muito o seu desejo de tê-lo por perto o convenceu.
A praia é paradisíaca. Porém, como havia mais pessoas, Anna se comportou da mesma forma que das outras vezes. Os abraços e beijos eram furtivos longe dos olhos curiosos. Somente Anna se preocupava com quem os cercavam. Pedrinho só queria demonstrar seu carinho, sem se preocupar com o que estava a sua volta. Todos já tinham consciência do que rolava, mas Anna permaneceu irredutível. Apesar dos incidentes ocorridos no acampamento, o fim de semana foi salvo por momentos mútuos de ternura. Anna estava quase se abrindo, mas o dia acabou e tiveram que retornar. Na viagem de volta Pedrinho tentou fazer com que Anna falasse de seus problemas, mas em vão. Então aconteceu a primeira briga. Ao fim da viagem um acerto, mas não convincente. No dia seguinte resolveram se encontrar para uma conversa. Anna então, foi ao apartamento de Pedrinho, e finalmente buscou o chocolate. Mas, a noite não foi agradável, devido os mistérios dela e falta de paciência de Pedrinho, brigaram novamente. Anna foi embora e os problemas ficaram mais uma vez sem solução. Em todas as discussões de relacionamento ela afirmou que não queria envolvimento, mas não percebia que já estava envolvida. Ela não queria arriscar e tentava lutar contra a situação.
Relatou que tinha muitas pendências na vida que ainda precisavam ser solucionadas e que um relacionamento nesta fase, ela poderia não dar conta. Pedrinho preferia arriscar ao lado dela. Disse-lhe que se o amor fosse verdadeiro ela poderia se sentir mais forte para resolver todas as suas pendências de vida.
Para que todos os bons momentos que passaram juntos não ficassem resumidos a uma briga, marcaram um novo encontro. Pedrinho comprou outro chocolate e também um vinho. Porém, avisa que não teria como abri-lo. Anna, então, levou o saca-rolha. Eles conversaram, beberam um pouco e trocaram carícias. Desta vez não houve brigas, mas também não houve acertos. Pedrinho queria que ela ficasse naquela noite, mas Anna disse que precisava ir embora. Mais uma vez não chegaram a nenhum consenso e ela partiu deixando-o com vontade de chorar, meia garrafa de vinho por beber e o chocolate preferido a apreciar. Anna esqueceu o saca-rolha. A ele restou a esperança dela voltar para buscar o chocolate, o vinho e o saca-rolha.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Olimpíadas





Bem amigos da Glo... ops ... da Record estamos aqui mais uma vez... – risos. É claro que eu como amante do esporte não poderia deixar de comentar, minimamente que fosse, sobre as olimpíadas.
Cielo chorou ao perder o ouro na modalidade onde ele era o Rei. E ainda pediu desculpas. A humildade deste rapaz é coisa impar. Ele não precisava se desculpar, pois trouxe o bronze, e mesmo que não tivesse trazido, já deu muita alegria para os brasileiros. Ninguém vence todas. Nem Phelps, um fenômeno incomparável, ganhou todos os ouros que disputou. Cielo nadou contra seu próprio tempo, os outros nadaram contra Cielo.
Eu não entendi porque Fabiana desistiu do salto. Não vi, apenas li. O vento era ruim para todas e não apenas para ela. Assim como o nosso nadador ela não era obrigada a vencer, mas precisava no mínimo tentar. Mauren tentou! E saiu sorrindo sem dar desculpas por não ter conseguido.
O Futebol vai bem obrigado, quer dizer, bem nas olimpíadas. Ainda não confio no Mano para uma Copa do Mundo. Mas, além de copa ser papo para outra hora não vou falar mais sobre este assunto para não agourar. Em futebol até o mais cético em superstição não dá sopa para o azar.
Um cavaleiro falou que o Brasil não vai bem no hipismo porque os brasileiros criam mais cães e gatos do que cavalos. Tremenda cara de pau deste cara. Do jeito que a coisa anda, se o povo “brasuca” pudesse criar cavalos, com todo respeito aos amantes de equinos, seria para comer.
Outro disse que faltam investimentos no hipismo brasileiro. Posso rir?  Quantas modalidades de esporte no Brasil são extremamente elitista como esta?
Em minha opinião o hipismo não deveria nem fazer parte dos jogos olímpicos, porque mesmo com toda a habilidade do condutor quem faz a força é o cavalo.

Durante quatro anos ninguém lembra dos atletas.
Então chega olimpíadas e começa a cobrança por medalhas.
Com exceção do Futebol e do Vôlei, que têm forte patrocínio, os demais atletas se viram com recursos menores ou até sem. Mas, há pessoas que falam em amarelões, gandaia e etc. Eu não vejo assim porque uns ganham e muitos perdem. Talvez a exigência nos campeões como Cielo, Mauren, Fabiana, Hypólito e etc. seja muito grande que faça com que eles queiram superar a si mesmos e acabam não tendo o êxito esperado. Ai acontece a decepção. Mas, estar lá no lugar deles não é fácil. O nível internacional dos atletas é superado a cada ano e todo mundo sabe que muitos brasileiros para se enquadrarem neste perfil se obrigam a treinar em outros países.

No que poucos se ligam é que o Brasil desde 1996 em Atlanta, quando deu o grande salto da baixa média de medalhas para 15 sendo 3 de ouro, nunca mais baixou de 10.
Até então, nós nunca tínhamos chegado aos dois dígitos no quadro de medalhas e Los Angeles-1984 era a olimpíada de mais sucesso com 8 medalhas sendo uma de ouro. O maior número de ouro conquistado foi 5 medalhas em Atenas-2004 e o menor desde Moscou-1980 foi em Sydney-2000 onde ficamos sem medalhas de ouro.
Até agora, se liguem no horário desta postagem, nesta olimpíada já ganhamos 11 medalhas sendo duas de ouro, uma inédita nas Argolas e outra no Judô e estamos concorrendo a outras. “Insha'Allah” que venha muito ouro. E claro, tem as medalhas já garantidas, mas não computadas porque ainda não sabemos o metal.
Ou seja, ignorando a cor e levando em conta apenas a quantidade, existe certa regularidade desde 1996.
Se quiserem aumentar o número de medalhas precisam também aumentar o investimento nos atletas. E isto não pode ser feito apenas quando o atleta ficar conhecido. Tem que ter projetos que iniciem na infância dentro das escolas melhorando o ensino o que inclui recursos inclusive para professores. Não se faz o atleta apenas com treinamento, também se faz com ambiente saudável.  


Todos os medalhistas estão de parabéns, alias, todos participantes, menos os cavaleiros que disseram tais bobagens.


Agora eu gostaria de falar um pouco sobre as pérolas da emissora que evidentemente está de parabéns por conseguir desbancar a rival que é muito maior do que ela e tem muito mais experiência. E é sobre a falta de experiência que quero comentar.
No jogo de futebol Brasil 3 x 2 Egito, onde saímos vencendo por 3 x 0 um comentarista na metade final do segundo tempo falou com todo poder que lhe cabia.
- O Brasil parou porque Oscar e Pato não estão jogando nada neste segundo tempo.
Bom! Quanto ao Oscar ele tem razão, caiu de produção porque cansou de correr pelo Neymar que não está jogando nada e raramente passa a bola para alguém.  O guri é bom, mas é necessário dizer a ele que há outros jogadores. Estão endeusando o menino que está devendo para a seleção há muito tempo. Quanto ao Pato, é certo dizer que ele ainda precisa mostrar quem é. Porém, este cara que se diz comentarista esqueceu que no momento deste comentário inoportuno o jogador havia entrado há exatos 3 minutos. Como que ele pôde avaliar?
No final do jogo, o comentarista de campo entrevistou o Oscar:
- E ai Oscar como que o Brasil permitiu esta virada?
O Oscar olhou para ele rindo e disse:
- Mas, nós vencemos o jogo.
Que virada que só ele viu? E em vez de assumir o engano tentou justificar o que disse ficando ainda mais vexatório.
Em todos os jogos o narrador insiste em chamar o jogador do Brasil e do Santos de Alecsandro.  Este é do Vasco e não tem idade olímpica. O jogador em questão é Alex (espaço) Sandro, e ninguém o corrige.
Já no jogo Brasil x Coreia, o mesmo narrador falou que o goleiro coreano que estava em campo, o Lee Bumyoung, defendeu dois pênaltis na decisão por cobranças contra os Britânicos e já havia defendido um pênalti na partida. Ele ainda repetiu tal comentário com toda a autoridade de um narrador que domina o assunto. Ele se perdeu ou o derrubaram com informações erradas. Lee Bumyoung realmente defendeu um pênalti na decisão. Mas, foi apenas um, e quem defendeu o pênalti durante os 90 minutos foi o titular Jung Sungryong que devido a uma lesão foi substituído por Lee.
Ao mostrarem a chegada de Arthur Zanetti em São Caetano do Sul-SP, o apresentador falou que não foi surpresa Artur ter conquistado o ouro nas Argolas porque estava muito bem preparado. O detalhe é que o chinês Yibing Chen segundo colocado era franco favorito para vencer tipo “nós outros simples mortais iremos para disputar o segundo lugar por mais que estejamos preparados”. Mas, até ai tudo bem, pois torcida e interpretação são coisas particulares de cada um. Entretanto, o próprio narrador disse na sequência:
- Ele venceu porque ganhou uma nota surpreendente dos jurados.
Pô! Se a nota foi surpreendente, foi surpresa ter vencido. Vamos falar a verdade. Nesta modalidade nunca tínhamos vencido nada e os chineses, russos, americanos sempre foram favoritos. Acredito que até para o Artur Zanetti era inesperado. O fato é que sendo surpresa ou não, Artur foi gigante e o favoritismo do chinês só engrandeceu o seu feito.
Para terminar, pois, se este texto já tá ficando chato para mim, imagina para meus leitores, o narrador da modalidade ciclismo BMX quando se referiu a atleta Colombiana Mariana Pajón, falou que ela veio para incomodar as favoritas devido ao seu bom desempenho. Em seguida comenta que esta mesma atleta foi campeã no último mundial da categoria. Bom, se ela foi campeã mundial se torna também uma favorita e não apenas uma intrusa que incomoda. Não sou expert em ciclismo e creio que Pajón foi campeã mundial de uma categoria especial, o que a faz novamente uma intrusa, mas que mostra ainda mais o despreparo do narrador.

Resumindo: Não basta ter dinheiro para vencer uma concorrência. É necessário também ter qualidade na cobertura que para mim está mediana.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A sombrinha da Japonesa



É incrível como a mente humana pode guardar coisas que aconteceram há muito tempo. 
Eu ainda me lembro dos meus seis anos quando quase coloquei fogo na casa fazendo uma fogueirinha no porão. Lembro também, das molecagens de pré-adolescente e do meu primeiro amor. Impossível esquecer o primeiro beijo, da primeira vez que, bom deixa para lá, do primeiro carro e de outras primeiras coisas que fiz em toda minha vida.
Percebo hoje que o tempo é implacável e a vida passa rapidamente deixando suas marcas sejam elas boas ou ruins.
Se o tempo não fosse tão sacana deixaria a gente voltar para fazer as coisas que nos arrependemos de não ter feito, porque este é o pior arrependimento que podemos ter. Poderíamos, também, aproveitar mais os melhores momentos e corrigir as falhas e injustiças que cometemos. Mas, infelizmente ele é cruel e com o passar dele ficam as cicatrizes. Por isto, quero viver cada minuto que me resta, e espero que me restem muitos, porque viver é muito bom e recordar melhor ainda.
E o que eu quero recordar agora é justamente algo que ocorreu antes de eu quase ter colocado fogo na casa.
Esta não é uma estória e sim uma história, mas acredito que não causará polêmica. É um fato que aconteceu quando eu tinha mais ou menos quatro anos de idade.
Minha falecida tia Adélia, a irmã mais velha de minha mãe morava em uma casa na Rua Lusitana na Zona Norte de Porto Alegre.
Devido ao cruel tempo é muito difícil relatar todos os detalhes, mas, lembro-me perfeitamente de dois bonecos de louça. Estes eram muito usados para enfeites naquela época. Eles ficavam sobre uma estante criada pelo marido da tia, o tio Flávio, também falecido. Essa estante eu tenho claramente em minha mente porque existiu durante boa parte da minha adolescência. Era muito simples, porém prática e genial. Eram madeiras envernizadas apoiadas com tijolos de seis furos também em verniz. Em cima da primeira prateleira havia mais tijolos para apoiar a segunda e assim por diante.  A altura do móvel dependia da quantidade de madeiras e tijolos.
Meu tio era desenhista publicitário, portanto, tinha muita criatividade.
Os bonecos formavam um casal de Japoneses. Uma sombrinha fazia parte do figurino da Japonesa. A peça ficava encaixada em uma das suas mãos.
Como toda criança curiosa que adora coisinhas de montar e desmontar, eu peguei a sombrinha algumas vezes.
Minha tia chamou-me a atenção dizendo que na próxima eu iria apanhar. Foi, então, que ela flagrou-me com a sombrinha nas mãos, mais uma vez. Quando ela me olhou, antes que falasse ou fizesse qualquer coisa, eu disse:
– Foi ela que me deu – apontando para a Japonesa.
Até pouco tempo antes de nos deixar, a tia comentava esta história sempre enfatizando que eu fui poupado das palmadas por causa de risadas que causei devido à minha inocência em acreditar que uma mentira deslavada daquelas iria colar.
As lembranças são muito vagas, porém minha memória é excelente para um fato. Mesmo tendo passado mais de 45 anos, lembro perfeitamente como se fosse hoje que a Japonesa virou-se para mim com os braços esticados e a sombrinha sobre as mãos e disse:
– Pega, pode pegar!
Então eu peguei.