domingo, 25 de maio de 2014

E tudo começou no trânsito

Chega o verão, e com ele as fortes chuvas que castigam as ruas da grande metrópole. Um acidente ocorre em uma importante avenida, e muito longe dali sente-se as conseqüências. O trânsito que em dia normal é complicado, neste dia é impraticável. O engarrafamento vai muito além da imaginação e distante do local do acidente. Ricardo, impaciente, não consegue ver o início da fila de automóveis, na qual está parado.
Em meio a buzinação e tanta indignação dos motoristas, ele consegue dar risadas ao lembrar-se da última piada contada por um colega de trabalho pouco antes de entrar no inferno rodoviário. Então, percebe que o carro ao lado está sendo conduzido por uma bela mulher. Ela repara nas risadas dele e sorri. Como nada anda, ele acha que o local é apropriado para um bom papo. Baixa o vidro e chama a atenção dela para que faça o mesmo. A chuva não está mais tão forte e permite que eles iniciem uma conversa. Após baixar o vidro, ela diz:

domingo, 18 de maio de 2014

Manifestações pacíficas?

Eu nunca disse que não foi um absurdo o que gastaram com os estádios, até mesmo porque, mesmo sendo um "copólotra", tenho a consciência de que o investimento aplicado em um evento como este é estratosférico.
Sei também que houve desvios de verbas e jogos de empurra como muitos negócios realizados no Brasil.
O que eu não consigo entender são estas manifestações agressivas e insistentes contra algo, que vai acontecer de qualquer forma, em pró de educação e saúde, uma vez que ambos estão, há anos, sendo sucateados, independentemente de governo.
Por que esta reclamação somente agora?
O que eu quero dizer é que: Com copa ou sem copa, não há e não haverá saúde e educação neste país. O dinheiro sempre foi gasto com “outras prioridades” e nós ficamos na mão do SUS falido e de escolas caindo aos pedaços com professores muito mal pagos. E os protestos sobre tais assuntos nunca tiveram proporções que estão tendo hoje.
Não quero fazer deste post um comício político, muito menos tirar o direito de o cidadão reclamar, mas sou totalmente adverso a estas manifestações mesmo sendo elas contra um governo que julgo medíocre e oportunista. Porém, saquear lojas, queimar carros e ônibus e provocar quebra-quebra não vai resolver o problema de ninguém. Muito pelo contrário vai agravar problemas de pessoas que nada tem a ver com isto.
Governistas não usam ônibus.
Eu me atrevo a dizer: Se eu fosse dono de uma destas lojas, ficaria esperando lá dentro com munição pesada. E azar daquele que entrasse. Poderia ser alguém com antecedentes criminais, sacristão de igreja, pai de família, o que fosse. Se entrasse para saquear ia levar chumbo.
Não dá para aceitar uma manifestação, que deveria ser pacífica, terminando em incêndios e saques em bancas de jornal, lojas, concessionárias e outros.
Será que este pessoal não se deu conta de que estão agindo tais quais as pessoas contra quem estão protestando?
Já me antecipando a uma possível pergunta, eu digo: Um político rouba milhões porque tem oportunidade de roubar milhões, o larapinho rouba uma TV LCD porque foi o que apareceu de momento.
Alguém parou para pensar que aquela banquinha insignificativa de revistas era o ganha-pão de um trabalhador?
Sempre dirão: "É a minoria”, “É o Black Bloc”.
Pode até começar com eles, mas depois muita gente se aproveita.
Já perderam a razão e o significado do idealismo gerado pelo “gigante acordou” nem existe mais. Estas atitudes descaracterizaram toda causa.
Depois a polícia cai de pau e aí é choradeira. Eu não sou inocente em achar que a polícia brasileira é preparada, mas os caras também tem medo. Alguém já pensou nisto?
Sabem o significado do “O ataque é a melhor defesa”?  
Esta violência toda também não justifica, mas eu não gostaria de estar na pele dos policiais enfrentando uma multidão que já sai de casa em conflito.
Isto tudo virou guerra. E na guerra a lei é do mais forte, ou melhor, é de quem tem o maior poder bélico.
E depois, não precisamos de máscaras se não vamos fazer nada errado.
O que eu mais me admiro, é certo apresentador de telejornal se declarar favorável ao quebra-quebra. Será que este cidadão, mesmo sendo de uma emissora quase falida, não sabe que é um formador de opinião e que não deveria incitar violência? Eu acho que ele deveria ser preso. Eu gostaria de saber a opinião dele se tivesse perdido um filho trabalhador por causa de um rojão, tivesse um carro incendiado ou uma banca de jornais destruída.
Bom, como disse lá em cima, eu sou "copólotra", e não pelo Brasil, que torço, mas se perder não estou nem ai, e sim pelo evento seja ele na África, Ásia, Europa ou aqui. Isto não significa que eu concorde com os absurdos que foram ditos a favor dos estádios, muito menos com a fortuna que foi gasta, mas sim que vou ver todos os jogos que puder, e não fui hipócrita de ir em qualquer manifestação mesmo achando que a ideia original é legítima. Uma ideia que se perdeu entre tantos brasileiros que mudaram o foco da ideologia para se dar bem, uma pena.
E depois, dos estavam presente nestas badernas, tem muitos que se utilizam de TV a gato, compram DVD pirata, não avisam o garçom quando este esquece de marcar algo na comanda, não devolvem o troco que receberam a mais e pior, irão assistir a copa e votarão no mesmo governo em troca de pequenos benefícios. 

domingo, 11 de maio de 2014

Não somos macacos

Na semana passada eu publiquei no Facebook um manifesto sobre a campanha “Somos todos macacos” perguntando: – Será que os negros estão gostando?
Esta campanha surgiu em virtude do episódio, que girou no mundo e todo mundo sabe, sobre o Daniel Alves comer a banana que atiraram para ele em um estádio de futebol na Espanha.
Eu sei que é um assunto pra lá de debatido, mas as minhas postagens são semanais, aos Domingos, e também somente agora consegui me dedicar a este acontecimento.
Entretanto, vou comentar antes sobre o infeliz vexame do presidente de um clube americano de basquete, cujo nome não merece ser mencionado. Portanto vou chamá-lo de Sr. Trouxa.
Para quem não sabe, vazou para imprensa uma conversa telefônica do Sr. Trouxa com sua ex-namorada onde ele diz a ela coisas bárbaras como não posar para fotos com atletas negros e não levar negros para os jogos de seu time.
O técnico do seu time é negro. Vários jogadores do seu time são negros. Ou seja, são os negros que dão a ele o que ele precisa. É ou não é um Trouxa. E depois, sabemos que os maiores ídolos do basquete americano são negros.
Se o cara é racista porque se envolve com o basquete? Ah! Grana! Claro! Têm muita grana na parada. Então, este filho de uma Maria Madalena não arrependida deveria ter mais respeito com seres humanos que fazem todo o trabalho para ele poder contar dinheiro.
Ele foi banido do basquete e vai pagar uma multa caríssima. Pelo menos lá terminou em caviar e não em pizza, mas deveria ter virado em quentinha na prisão.

Voltando a campanha brasileira... 
Eu que sou branco não gostei, imagina os negros que sofrem bullying o tempo todo?
NÃO SOMOS MACACOS! Com todo respeito aos símios.
Negros, brancos, índios, nipônicos, etc, NÃO SOMOS! Nem os idiotas que atiram bananas no campo. São trogloditas, “neanderthalensis”, imbecis, acéfalos, filhos de uma executiva de esquina, o escambau, mas não macacos, até mesmo porque neste caso estaríamos ofendendo os macaquinhos que nada tem a ver com isto.
Eu soube que foi ao ar, no Altas Horas, no sábado daquela semana, uma entrevista com o Daniel Alves dizendo que não gostou da campanha. Eu não vi o programa, mas vi a entrevista, no Domingo pela manhã, que ele deu para o Galvão Bueno, que foi gravada bem antes do jogo fatídico. O Galvão perguntou sobre o racismo no futebol e ele respondeu simplesmente que:
– Está acostumando com isto, pois há 11 anos, na Europa, vê este tipo de coisa.
– Ignora, porque não quer dar ênfase ao racista. Dando proporções ao fato o racista     se sente vitorioso.  Ignorando, ele perde.
– Que para saber se a pessoa é racista mesmo, é necessário ver a vida dela no cotidiano, que embora ele não concorde e não defenda, a emoção no estádio fala mais alto e as pessoas fazem coisas de momento.
Eu até posso concordar com ele, mas acho que sua força interior é muito maior que a minha, pois ele que sofre o ato e eu que tenho vontade de enforcar o filho de uma bela senhora trabalhadora sem registro em casa noturna.
Neste mesmo programa, eu também vi entrevistas de jogadores negros falando sobre o assunto e percebe-se pelos seus semblantes que estão profundamente chateados, tristes e abatidos. Eles se sentem humilhados mesmo podendo gastar mais de papel higiênico do que os agressores ganham  em uma vida.
Caramba! Isto deveria ser triste para toda a raça humana.
O pior de tudo é que tem gente que age desta forma e acredita em Deus. Pois bem, se Deus criou o negro é porque ele tinha uma razão para isto, assim como criou as demais raças. Eu acredito que é para nós aprendermos a viver com as nossas diferenças e que cada ser humano ter o direito de fazer suas conquistas e buscar seus sonhos.
Já tem até gente fazendo correr nas redes sociais que foi uma farsa e querendo até envolver outras celebridades. Eu não acredito nisto. Não creio que o Daniel Alves, titular de um dos times mais poderosos do mundo precise disto. E digo ainda que, ao pegar a banana e comer ele deu um tapa de luva na cara dos cretinos e em silêncio disse: “To cagando para vocês, seus otários”.
Parabéns Dani Alves, sua atitude mostrou sua grandeza. 

domingo, 4 de maio de 2014

Labirintos da vida

Fabiano e Júlia se conheceram em uma balada paulistana. Ficaram juntos, curtiram a noite e cada um foi para o seu canto.
Em outras baladas, voltaram a se encontrar. Ambos queriam curtir sem compromisso. No entanto, quando se deram por conta estavam combinando horários. Assim mesmo não admitiam o vínculo, mas como os encontros estavam cada vez mais frequentes, o tempo que passavam juntos, maior e as baladas sendo substituídas por cinemas, barzinhos e outros lazeres românticos, resolveram assumir o namoro.
Namoraram por dois anos e decidiram casar.  Foi um casamento de muita pompa, festa pra mais de mil pessoas, vinte padrinhos para cada um, ou seja, um verdadeiro conto de fadas e uma discrepância comparada com a situação econômica dos dias de hoje.
Durante o namoro e “ficadas” o entrosamento deles era perfeito, pois um completava o outro. Porém, logo após as núpcias, Júlia se deparou com um problema grave para um casamento. Fabiano saiu do emprego fixo e se tornou sócio de uma distribuidora de bebidas. O negócio era promissor, mas Fabiano teve que converter todo o seu tempo em horário de trabalho, deixando de dar a atenção que sempre dera a Júlia.
Ele se tornou um viciado em trabalho.
Júlia, embora com satisfação incompleta, segurou a situação e após um ano e meio nasceu Fabinho, que foi motivo de muita alegria, mas que se dissipou muito rápido. O pouco tempo que Fabiano tinha para Júlia foi dedicado ao filho Fabinho. Logicamente, uma criança merece toda a atenção e prioridade, mas Fabiano esqueceu-se da esposa. 
Com o tempo a relação foi se desgastando e Júlia se envolveu com o irmão de sua melhor amiga Natasha. Nereu, um pulha, mulherengo, desempregado por opção e não por fatalidade, mas um grande sedutor, conquistou Júlia facilmente por ela estar se sentindo rejeitada.
Não demorou muito para Fabiano descobrir o caso amoroso. Não suportando a traição ele pediu o divórcio. Júlia tentou desesperadamente o perdão. Fabiano não aceitou.
Sabendo da separação, Nereu se afastou de Júlia, pois a situação não lhe era mais confortável.
O divórcio aconteceu, e Fabinho ficou com a mãe, que passou a receber uma pensão de Fabiano.
A relação deles era muito amistosa até que Fabiano conheceu Leda. Júlia não aceitou este novo relacionamento e os perseguiu. Foram telefonemas de madrugada, e-mails ameaçadores e toda vez que se encontrou com Leda a hostilizou. Fabiano reagiu, mas Júlia ameaçou dificultar as visitas a Fabinho. Não querendo perder a facilidade de ver o filho, Fabiano recuou. Não demorou muito tempo para Leda perceber que não pertencia ao mundo deles e rompeu o compromisso. Júlia atingiu seu objetivo, mas Fabiano se afastou ainda mais dela.
O tempo foi passando, e Júlia começou a beber e se envolver com drogas.
Fabinho falou que queria morar com o pai. Fabiano sem êxito tentou tomar a guarda da criança.
Júlia iniciou uma vida promíscua, mas assim mesmo permaneceu com a guarda do filho.
Abatido e sem rumo Fabiano em um bar conheceu Ingrid. Nasceu uma grande amizade que progrediu para um namoro. Ao descobrir, Júlia iniciou uma nova era de terror. No entanto, Ingrid é mais forte e aceitou o desafio. O maior problema para Fabiano não era mais as ameaças em relação ao filho e sim as companhias com quem ela andava, pois eram nocivas para a criança. O menino não suportava a vida da mãe e estava sempre com medo. Ele se apegava cada vez mais a Ingrid.
Fabiano tentou levar normalmente sua vida com a namorada, mas quando estavam em um evento comemorativo da promoção de Ingrid, uma vizinha de Júlia ligou avisando que um dos parceiros da sua ex agrediu o menino. Fabiano enfurecido correu para a casa dela. Esta, ao atender a porta, foi empurrada por ele. Fabiano espancou o homem presente após certificar-se que era o agressor do seu filho. Pegou o menino e o levou para sua casa. Júlia deu parte na delegacia acusando Fabiano de agressão e rapto. Ele foi detido para esclarecimentos e liberado. Entretanto, um processo foi instalado por causa da agressão.
Conforme a passagem do tempo, a preocupação de Fabiano com Fabinho foi aumentando. Júlia se autoflagelava para acusá-lo, suas perseguições ao casal continuavam e os escândalos e o consumo de drogas aumentavam. Assim mesmo, Fabiano nada conseguiu na justiça. Ingrid embora apaixonada, decidiu romper. Ela não suportou a situação, não pela pressão de Júlia e sim pela ausência de Fabiano em virtude dos problemas.
Fabiano se cansou de esperar a justiça e planejou levar Fabinho para o exterior. Vendeu todos os seus bens. Não contou para o menino para que este, pela inocência, não atrapalhasse os seus planos. Fabiano marcou as passagens para um dia que tivesse a guarda da criança. Só que antes, teve que fazer os passaportes. Ele precisou pegar o menino em um dia de semana. Infelizmente, Fabinho comentou com a mãe sobre o que fizeram. Júlia ficou desconfiada, pois soube que Fabiano vendera sua parte na distribuidora. Conhecendo o ex-marido, sabia que em condições normais ele jamais venderia. Sabia que depois do filho, o trabalho era para Fabiano o que mais importava.
Somente no dia da viagem Fabiano falou para Fabinho que iriam embora. Esperando uma reação do garoto, recebeu apenas um abraço e um sorriso de alívio. O que eles não sabiam era que estavam sendo seguidos por Júlia, que deu parte na polícia. Ao tentar embarcar, Fabiano foi preso e Fabinho, chorando desesperadamente, foi devolvido para a mãe. Como Fabiano não era réu primário devido a primeira denúncia de Júlia, ele permaneceu detido. Ingrid se solidarizou e o visitou na delegacia. Trocaram carícias, mas apesar do amor que sentiam, não reataram. Porém, ela não foi a única visita que Fabiano recebeu. Surpreendentemente Janice, irmã de Júlia apareceu com um advogado e pagou a fiança dele. Ela disse que estava cansada das atrocidades da irmã e só pensava no bem do sobrinho. Soube da tentativa fracassada de Fabiano e decidiu ajudá-lo, mas para isto era preciso um plano e muita paciência.
Após alguns dias, em uma das crises de Júlia, Janice conseguiu interná-la em uma clínica. Como representante legal da irmã liberou o menino para viajar com o pai. Eles finalmente conseguiram embarcar para Europa. Ninguém soube o país, nem mesmo Janice, que pediu para não saber. Ela apenas desejou que Fabiano mandasse notícias e fotos por e-mail. 
Ingrid misteriosamente sumiu. Foi passar as férias na Grécia e nunca mais voltou. Dizem que a passagem comprada foi só de ida. E duas pessoas juram de pé juntos que foram testemunhas de seu casamento no civil com Fabiano poucos dias antes deste ir para Europa.