quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Dia de Clássico

 



Lindo Domingo de sol. Os raios iluminados invadem o quarto pelas frestas da veneziana beliscando os olhos fechados de Juninho. Ele acorda sorrindo, levanta–se, abre a janela e deixa o dia brilhoso tomar conta do resto do quarto.

Juninho se espreguiça junto à janela exibindo seu corpanzil com o pneuzinho abdominal, troféu de muitas cervejas em barzinhos e churrascadas.  Não menos espreguiçante está a bela Luciana, rolando sensualmente na cama com sua sexy lingerie que faz justiça a sua exuberante forma física. Ela também se levanta vai até seu amado, o abraça por trás encostando a cabeça em suas avantajadas costas e diz:

– Que horas vamos para a casa da mamãe?

Ele se vira com olhar surpreso e responde:

– Casa da tua mãe?  Mas não é num restaurante? 

– Não mais. Ontem à noite me ligaram para avisar. Como tu estavas empolgado com o trabalho de conclusão eu não quis atrapalhar, aí, cai no sono.

– Mas logo hoje?

– O que tem hoje?

– Hoje é dia de clássico. Se o almoço vai ser na casa da tua mãe, será churrasco.

– Exatamente, mas o que tem a ver isto com o jogo?

– Lu, acorda !!! Se é aniversário da tua mãe, ela não vai cozinhar, se ela não vai fazer a comida só pode ser churras. Eu já conheço a história, vamos almoçar lá pelas três da tarde e eu queria ir no jogo.

– Ah amorzinho, mas vai dar tempo.

– Não vai dar não. Este já era, droga!

– Mas tu podes ver na TV.

– Que TV mulher? O jogo é local e nós não temos PPV.

– Mas o papai tem.

– É? E tu achas que eu vou ver o jogo com o teu pai torcendo para o Real? Além disso, o xarope do teu cunhado, vai estar lá também. Ele é Realista doente e dos mais chatos.

– Ai amor, eu também sou Realista.

– É! Ninguém é perfeito.

– E depois, toda a minha família é Realista.

– Não são, não. A tua mãe é do América, que eu sei.

– É! Mas é a única, mas porque não entende nada de futebol.

– Até parece que o resto entende. O defeito dela é que defende aquele parasita.

– Não fala mal do meu cunhadinho. Ele é um doce, gentil e muito prestativo.

– É eu sei, e tu ainda queres que eu assista o jogo lá. Prefiro, então, escutar no radinho. Aturar o teu pai ainda vá lá, mas teu cunhado? O Mr. Perfeitinho é um baita puxa–saco. Ele nem é deste estado, adotou Real FC para bajular o teu pai. Isto que nem casou ainda, imagina depois. E ainda, a transferência dele saiu há seis meses e continua morando lá. Baita explorador, sanguessuga.

– Tá com ciuminho, bem?

– Que ciuminho, o quê? Eu queria é ir ao jogo e não assistir com um bando de Realistas derrotados.

– Ah não, Sr. Junior! Derrotados? Não! Meu time é muito melhor que o teu.

– Melhor? Quem é o campeão do estado e quem tá na frente no campeonato nacional?

– Isto é um detalhe.

– É, eu sei, um detalhe, como assistir o jogo na casa do teu pai. Ai meu Deus, tudo menos isto. Joguei pedra na cruz.

– Ah amor, o que é isto?  É apenas um joguinho.

– Joguinho, nada. Vocês mulheres que se dizem tão sensíveis, em futebol são totalmente insensíveis. Como dizia um jogador, clássico é clássico e vice versa.

– Nossa, que ignorante.

– É !! Foi o Jamel que disse, era do teu time.

– Putz! Foi mal. Mas que horas vamos para a casa da mamãe?

– Assim que eu tomar um banho.

E o banho termina e Juninho procura a camisa do seu clube do coração, o América.

– Luciana? Cadê a camisa do América?

– Está para lavar. A faxineira não veio.

– Droga. O que falta acontecer agora?

E eles seguem para a casa da Dona Jussara, mãe de Luciana, e chegando lá encontram a cunhada, cunhado, sogro, primo e tios de Luciana, todos fardados com o uniforme do time adversário.

– Aí! chegou o sofredor – falou seu cunhado.

– Edmilson – falou Juninho – sofredor é a tua progenitora.

– Ui ui ui, a boneca está nervosa. Deve ser porque o time dele vai levar uma sacola do Realzão. Cadê aquele pano de chão que você chama de camisa? – risadas.

A gargalhada foi geral e Juninho engole em seco porque está em minoria.

– E ai sogrão – falou Edmilson – vou assistir o jogo com o senhor.

– Tudo bem, meu filho, será um prazer. A geladeira extra está cheia de cerveja.

– Uhhh! – exclama Edmilson – Vamos comemorar a vitória do timão.

– E ai cunhado – falou Juninho – Já achaste um apartamento? Conheço um corretor de primeira. Ele te consegue um em uma semana – e dá um sorrisinho debochado mas leva, de Luciana, um pisão no pé.

– É que que – gagueja Edmilson – a empresa tá demorando um pouco para dar a ajuda de custo.

– É, eu sei – pensa Juninho – aposto que está embolsando a grana.

O tempo vai passando e a sobremesa é servida. Juninho olha o relógio, vê que são 15:30 e chama Luciana para ir embora.

– Mas amor, vamos ficar mais um pouquinho.

– Não dá amor. Eu quero estar em casa quando o jogo começar.

– Mas vê aqui.

– Aqui não. Com este chato? Deus me livre. Eu já disse que prefiro ficar no radinho.

– Já vão – fala Edmilson – Fica para assistir o jogo. Tá com medo? – gargalhadas.

– Não camarada, eu tenho casa, preciso ir embora.

E mais um cutucão Juninho leva de Luciana.  Eles vão embora abaixo de vaias dos demais familiares. É claro que as vaias eram para Juninho. Chegando em casa, ele corre para ligar a TV. Tinha esperança de o jogo passar em canal aberto porque foi noticiado no rádio que o estádio lotou precocemente. Porém, nada, apenas o clássico de outro estado.

– Fazer o que – lamenta Juninho – o jeito é ficar ouvindo mesmo.

Sentados no sofá da sala, lado a lado, Juninho e Luciana assistem o jogo, de outro estado, que passa na TV. Entretanto, ele com o fone de ouvido, nem enxerga o jogo transmitido, apenas tenta imaginar o clássico ao som da voz eloqüente do narrador regional. Já no comecinho, Bastian abre o marcador para o América e Juninho pula do sofá berrando:

– Feitooooooooo! Dá–lhe timão !! Quem é o sofredor agora?

– Putz, já! – responde Luciana – não deu nem tempo de esquentar. Acho que vou dormir. Quando eu acordar vou ver que meu time virou.

– Que virar o quê? Hoje vocês irão ver o que é bom para tosse. Hoje não tem para ninguém. Só vai dar América.

Juninho liga para a casa do sogro e quem atende é o cunhado, em vez de ele falar, grita:

– Chupaaaaaa! – E desliga o telefone.

Luciana vai dormir, e ele continua ligado no radinho, em seguida ele esbraveja loucamente. Luciana vai até a sala, pois ainda não tinha dormido, ver o que foi.

– Que aconteceu? Meu time empatou? – risos.

– Que nada, este juiz já começou a complicar. Quer destruir meu time. Já expulsou dois do América.

– Então estão jogando com dois a menos? Que time de baderneiros.

– Não fala o que não sabe meu amor. Foram dois dos teus também.

– Então do que está reclamando?

– É que o Bastian e o Armando jogam mais que todo o teu time junto, somando os reservas.

– Ah é? Só quero ver depois do jogo.

E Luciana foi tentar dormir novamente.

Algum tempo depois, Lorival amplia para o América, e novamente Juninho grita, pula na sala, corre de um lado para o outro. Mas, Luciana já havia pego no sono e quando ela dorme, nem bomba atômica a acorda. Ele pega o telefone, e novamente liga para a casa do sogro, mais uma vez o cunhando atende e ele grita:

– Feitoooooooo, trouxa!

Ele recebe um clic na cara, mas Juninho cai na risada. O primeiro tempo termina. Extasiado ele vai até a cozinha, abre a geladeira, pega uma cerveja. Põe a camisa do seu time em lavagem rápida e volta para o sofá. Somente neste momento ele se prende a TV e curte os melhores momentos do jogo que está sendo transmitido, porém, ansioso para o início do segundo tempo do seu jogo. Novamente sentado no sofá, desliga-se da TV e fica em estado catatônico. Somente o rádio tem efeito. O jogo parece estar muito fácil, e logo Feliciano aumenta a diferença para delírio de Juninho.

– Feitoooo, feitaçoooooo. Uh Feliciano!  Hoje vai ser goleada. Quero ver estes palhaços me encherem o saco.

Novamente correu para o telefone, mas desta vez dá sinal de ocupado.  Ainda no ritual de comemoração, Feliciano faz mais um. Juninho suspende a comemoração, apenas levanta as mãos para cima e solta uma gargalhada. Ele corre para o telefone novamente, mas continua ocupado. Em seguida, o Real desconta. Mas, Juninho não se aflige e diz:

– Acontece, clássico é clássico.  

Mas, dez minutos depois sai mais um gol do América, desta vez foi Barcelo que coloca a bola nas redes. Juninho cansado de tanta comemoração apenas bate palmas. Desta vez, ele nem tenta o telefone, pois sabe que seria em vão. Ele corre para a lavanderia tira a camisa da máquina de lavar e a coloca na de secar, volta correndo para a sala porque em futebol, até o menos supersticioso não dá sopa para o azar. Senta no mesmo lugar e a superstição funciona porque o América faz o sexto. Com o olho discreto na TV e atenção voltada para o rádio percebe que o jogo da TV muda e o narrador fala:

– E agora você que estava assistindo Coqueiros x São Pedro passa acompanhar momentos finais de Real x América.

Surpreso, Juninho prende–se às imagens. Luciana aparece na sala espreguiçando–se e pergunta.

– Ué? Está passando?

– Só o finalzinho – respondeu Juninho meio apreensivo porque o adversário está atacando. Ele vê seu time sofrer um gol no fim do jogo. Luciana distraída ouve o narrador:

– E é o segundo gol do Real.

– Viu? Viu? Não falei que iríamos virar? Da–lhe Real, olê olê olê olá Real Real.

– Luciana!

– Não vem, não. Curtiste com a minha cara agora é a forra. Tem que saber perder.

Então Juninho aumenta o volume da TV, e o narrador:

– E termina o jogo, goleada histórica do América 6x2 em cima do rival.

– O quê? Mas, mas cachorro! Deixou eu me empolgar por nada.

– Tu não deixaste eu te explicar.

Luciana joga a almofada na cara de Juninho, que com força desproporcional, a agarra e inicia uma seção de cócegas.

– Para! Para! – grita ela as gargalhadas.

– Quem é o melhor time do mundo?

– O Real!

E as cócegas continuam.

– Qual?

– O América! O América!

– Ah! Agora sim.

E Juninho tasca um beijo em Luciana, que corresponde.

– Juninho?

– Já sei. Queres voltar para a casa da tua mãe. Com todo prazer.

– Bem, isto eu ia te pedir depois, mas antes que tal nosso clássico particular?

– É para já.

Bem, ai quem já conhece este humilde narrador sabe que ele não gosta de se intrometer nas intimidades dos casais. Algum tempinho depois, Juninho busca a camiseta do América, a veste e diz:

– Estou pronto para jantar com a minha sogrinha querida.

– Vou ligar para avisar.

– Não precisa, faremos surpresa. Festa na casa dos teus pais duram a semana toda. Teus primos devem estar todos lá ainda e o cunhadinho – risos – este mora lá, né? Se avisarmos teus parentes, todos correrão.

No caminho, Juninho compra uma camiseta do seu time de um camelô de sinaleira e passa no super para comprar dois lotes de cerveja. Como havia uma marca de ceva patrocinando os times, ele compra, e é lógico, todas com a estampa do América. Chegando lá ...

– Olá – exultante Juninho cumprimenta a todos – que noite magnífica, não acham?

Alguns já tinham tirado a camisa do real e todos com a famosa cara de bunda, respondem em coro meio morto:

– Boa Noite.

– Mas que boa noite chocho pessoal, vamos de novo, Boaaa Noiiite.

Apenas a sogra respondeu.

– Sogrinha querida, eu te trouxe outro presente, é de camelô, mas é de coração.

– Ai que fino. Uma camiseta do meu time, muito original, esta eu nunca tinha ganho.

– Pois é, tem gente que não lhe dá nem uma rosa, né? – Juninho fala olhando para o cunhado – E para os priminhos e tios da minha esposa linda, meu cunhado preferido e meu sogrinho este presentinho – ele mostra as cervejas recém compradas.

– Eu que não vou tomar esta joça, vai me dar uma dor de barriga – responde o cunhado.

– Não vai dar não Milsinho, para cada seis que beberes do América, toma duas do teu time que ficarás bem – Gargalhada.

– Até parece que vocês adivinharam! – falou a sogra – Com os acontecimentos, eu fiz uma torta e ia chama–los.

– Mas a senhora não ia conseguir, Sogrinha querida. Acho que o teu telefone está com defeito – mais uma vez ele olha para o cunhado.

– É que alguém deixou fora do gancho.

– Deve ter sido descuido, né sogrinha?

E a sogra vai até a cozinha e traz a torta vestindo a camiseta nova. A surpresa maior é que a dona Jussara fez uma torta com as cores e o símbolo do América.

– Olha só – gritou Juninho – que bolo lindo – todos ficaram quietos – e que coincidência, a senhora fazendo 62 aninhos que linda idade.

– O que tem a ver isto – responde o cunhado de mau humor.

– O que tem? Olha só – retruca Juninho – 62 é 6 e 2, entendeste, 6 e 2 e cai na risada.

A torta é servida, todos saboreiam

– Agora uma foto só eu e a sogrinha – solicitou Juninho, e a Luciana tirou – agora de costas – pediu outra foto.  

– Por que de costas? – perguntaram.

Juninho se vira de costas junto com a sua sogra mostrando o número 6 de sua camiseta e o 2 da que recém tinha comprado para dona Jussara.  Só os dois dão uma gargalhada.


quarta-feira, 29 de setembro de 2021

metadedalaranja.com

            

            Primo-2008 era um cara que não estava acertando muito nos seus relacionamentos. Ele resolveu aceitar a dica de sua grande amiga Rossana para se inscrever em um site de relacionamento o “Metade da Laranja”.  
          
            – Se não der certo, pelo menos tu vais te divertir – disse ela.

           Então, ele tentou. Levem em conta que nesta época não havia internet no celular, logo nada de Whatsapp.

          – Humm que site diferente. Acho que vou me inscrever. Putz! Quanta coisa para digitar, mas vamos lá, já que estou aqui vou até o fim. Quanta mulher interessante. Bem que minha amiga Ro me falou.
 
            Alguns dias depois...

            – Que bela bosta. Para conversar com alguém só pagando.  Nunca entrei num  site destes, muito menos paguei. Que saco, mas quem tá na chuva é para abrir guarda-chuva.
            
            Depois de algumas horas....

           – Só me aparece mulher que que mora em outra cidade e outras coisas. Não que eu seja preconceituoso, mas algum filtro tem que ter. Vou dar uma refinada nesta pesquisa, pois é um bombardeio de perfis.
  
            Tempos depois...

           – Que site esquisito. Eu escolho um perfil e ele aproveita para me empurrar outras que nada tem a ver comigo. Epa!  Que coisinha mais lindinha. Que carinha simpática. Humm, ela está totalmente fora do meu filtro, mas esta carinha doce não sei porque está me chamado. Vou arriscar um contato, qualquer coisa diferente do “não”, é lucro. Vamos lá...
 
            “Olá Fada7.
            Eu te achei muito simpática e teu perfil interessante. 
            Eu gostaria de te conhecer melhor. 
            Bj. 
            Primo-2008”.

            – Putz. Que cantada mais brega. Opa! Ela entrou online.

            Fada:  Oi
            Primo: Olá tudo bem?
            Fada: Sim e vc?
            Primo: Melhor agora (putz outra cantada brega – pensou)
            Fada: rssss
            Primo: Há quanto tempo estás neste site?
            Fada: Alguns meses.
            Primo: Humm. Então deve ser exigente. Uma pessoa interessante assim não 
                       fica muito tempo neste site sem conhecer alguém.
            Fada: Conhecer eu conheci, mas não deu certo.
            Primo: Por que não deu certo?
            Fada: Ah! Não rolou as borboletas no estômago.
            Primo: Como?
            Fada: Não sabe o que é isto?
            Primo: Nunca ouvi falar.
            Fada: É que quando a gente se apaixona, parece que temos borboletas no estômago.
            Primo: Entendi. E quando vamos nos conhecer?
            Fada: Um dia destes.
            Primo: Um dia destes é dia nenhum.
            Fada: É sim.
            Primo: É não.
 
            E depois de muito papo a despedida e o dia seguinte.
 
            Primo: Oi Fada7
            Fada: Oi tudo bem?
            Primo: Tudo. Neste feriadão vou para a praia.
            Fada: Legal. Aproveite.
            Primo: Mas como vou falar contigo?
            Fada: Espertinho. Eu sabia, estava demorando.
           Primo: É verdade. Vamos ficar 4 dias sem falarmos. Não vou levar computador 
                       para praia, né?
            Fada: Tá bom. Anota ai 91yy44xx.
 
            Disc disc disc
 
            – Alô!
            – Oi Fada7.
            – Risos – Eu sabia que você ia ligar.
            – Que voz bonita tu tens.
            – Tonto.
            – É verdade. Vai me dizer o teu nome agora?
            – “Ela disse” e o seu?
            – Primo2008.
            – Tonto.
            – Risos – “Ele disse”
 

          Depois de algum papo se despediram. No dia seguinte ele foi para a praia com duas amigas, Cátia e Fernanda. São amigas mesmo. Nada de malícia cambada de mente suja. No caminho ele contou para as amigas como conheceu Fada7 virtualmente e que gostaria muito de vê-la pessoalmente.
            Na beira da praia Primo-2008 e Fada7 trocaram SMS.
           
            Primo: Lembrei de ti agora. Acabei de ver uma borboleta azul passando.
            Fada: Você está me zuando.
            Primo: Eu lembrei por causa das borboletas no estômago.
            Fada: Tonto.  Tá zuando sim.
            Primo: Não estou, é verdade. Eu vi uma borboleta azul.
            Fada: rsss

            E eles  se  falaram  por  telefone  e  SMS  o  feriadão  todo.
           Apesar  do  passeio estar legal, faltava alguma coisa para Primo-2008, Fernanda e Cátia. Para ele sabemos o que era.
          Fada7 estava insegura em conhecê-lo tão cedo, mas ele não queria perder tempo. Ele, Cátia e Fernanda decidiram ir embora da praia no domingo mais cedo. Então, Primo-2008 conseguiu convencer Fada7 a encontrá-lo assim que ele retornasse. O que de fato aconteceu.   Eles conversaram, foram tomar um café em uma padaria próxima, onde se beijaram pela primeira vez, e depois ao cinema.  Eles não tinham se dado conta que naquele domingo era o dia da passeata gay e ela morava próximo da muvuca. Ele conseguiu persuadi-la a deixa-lo dar um tempo em sua casa. Meio temerosa ela o revistou. Foi muito engraçado.
           Como quartas era o dia do rodízio do carro dele, combinaram de se ver na terça, pois ele morava no outro lado da cidade e ela acordava muito cedo para trabalhar, o que tornou a quarta inviável para um encontro.  Porém, na terça tocou o telefone dele ...

            – Alô.
            – Oi. Vamos deixar para outro dia. Estou muito cansada.
            – Eu estava com a mão na maçaneta pra sair. Não quer reconsiderar?
            – Não! Estou muito cansada.
            – Tudo bem – com voz de desagrado.

            No outro dia, o telefone dele tocou novamente..

            – Alô.
            – Oi. Eu queria te pedir desculpas por ontem, mas estava realmente muito cansada.
            – Tudo bem. Quando nos veremos?
            – Pode ser amanhã.
            – Combinado. 

            Porém, a noite no MSN  (este mesmo, era o top da época) depois de um tempo  de  
conversa...

            Primo: Posso te dizer uma coisa?
            Fada: Claro
            Primo: Não estou sentindo aquela empolgação dos telefonemas.
            Fada: É verdade.
            Primo: O que aconteceu.
            Fada: Não sei, mas não sinto mais.
            Primo: OK. Vou voltar a ver meu jogo. Tchau.
           
            Não é necessário dizer que o encontro foi automaticamente  cancelado sem o árbitro 
de vídeo que também não existia naquela época.                                                                                       Depois de alguns dias, o telefone dele tocou novamente...

            – Alô! – Ele atende.
            – Oi tudo bem?
            – Tudo e você?
            – Estou bem.
            – Eu queira saber se posso ser tua amiga.
            – Pode, mas a amizade tu vais ter que conquistar.
            – Como assim? Ainda tenho que conquistar tua amizade.
            – Claro que tem. Amizade não é assim, mal se conhece e já é amiga?  Vai ter que
               conquistar sim.
            – Tá bom. Então, tchau.
 
            Esta cena também foi engraçada.
 
              As tentativas de relacionamento no “Metade da Laranja” continuaram para ambos, 
mas sem êxito. 
           Certo domingo, voltando de uma de suas frustrações românticas ele resolveu ligar do caminho.
 
           – Oi. Tua casa fica entre a minha e onde eu estou. Se quiseres eu passo aí para 
               irmos ai cinema.
           – Tá bom, eu te espero.
 
         Eles foram ao cinema, andaram de mãos dadas. Sentaram na praça de alimentação para fazerem um lanche e se beijaram.
 
            – O que está acontecendo? – ela perguntou – eu não sou de ficar.
            – Nem eu! Acho que podemos namorar.
 
       Porém, ela não se agradava muito com a palavra namoro então ele criou o termo “relacionamento sério com compromisso”, mas não era namoro. O que foi outra coisa engraçada desta relação. Combinaram de se verem na quinta que coincidentemente era dia dos namorados. Ele mandou entregar flores com um boneco de sapo no trabalho dela sem saber que ela adora sapos, bonecos é claro. O que ele quis representar é que ela era uma princesa e ele o sapo.  Ele conseguiu dois ingressos para uma peça de teatro que ficava perto de sua casa. Atravessou a cidade para buscá-la, mas o trânsito neste dia estava infernal e eles viram que não chegariam a tempo, então, resolveram entrar em um barzinho que ficava no meio do caminho. Porém, estava lotado e com um longo tempo de espera, então foram para casa dela e chamaram uma pizza. Foi uma noite agradável. Combinaram de se ver no dia seguinte, na sexta. Porém, neste dia ela não estava bem e não foi uma boa experiência. Ela ficou prestando a atenção em uma novela que nem assistia. Sem conversar muito, ele percebeu que ela não estava a fim e achou que ela era uma surtada e ...
 
            – Vou embora!
            – Por quê?
            – Tu só queres ver novela.
            – Podia ser pior. Eu querer ler um livro.
 
         Ele  foi  embora  e  resolveu  excluir  todos  os  contatos  dela  para  não  cair  em  tentação de procurá-la.
         Certo  dia  enquanto  Primo-2008  esperava  para ser atendido para  um tratamento  de canal, ele recebe um SMS que dizia: 

           “Uma borboletinha muito linda vai posar no teu jardim”. 

            Mesmo não tendo mais o telefone salvo, ele sabia quem era e respondeu: 

           “Eu prefiro que seja uma Fada. 
            Estou no dentista louco de medo. 
           Queres vir segurar na minha mão?”

           Ele nunca teve medo de dentista, claro que era golpe, mas o que não sabia que quem morre de medo é ela, que respondeu: 

            “Imagina que estou aí segurando tua mão”.

        A partir daí eles passaram a se comunicar com frequência. E todo sábado que ela trabalhava ligava para ele que a convidava para jantar no apartamento dele, mas ela não caia na cantada.
            Um dia, no seu trabalho, ele foi transferido para perto do endereço do trabalho dela e em outro dia recebeu um SMS:

            Fada: Uma borboletinha está te convidando para almoçar.
            Primo: Está falando sério?
            Fada: Sim.

 
           Combinaram um local e almoçaram. Ela o acompanhou até a esquina da Pedroso com a Vergueiro onde tem um Mac Donalds e se aproximou para dar um abraço carinhoso e um beijo de canto de boca. Ele correspondeu com um beijo de verdade que ela aceitou. Porém, ele foi marrento e ela envaretou e não o deixou beijar mais. E se despediram.


          Poucos dias depois ele estava no supermercado e resolveu ligar para ela. Para ser preciso foi no dia 29/09/2008, uma segunda-feira por volta de umas 19h00.
           
            – Oi tudo bem?
            – Tudo e você?
            – Estou precisando de um colinho. Se tu me deres vou para ai agora.
            – Ok! Pode vir.
 
         Ele largou o carrinho de supermercado com as compras dentro no meio do corredor, correu para casa, tomou um banho se mandou para a casa dela.
 
            – Oi.
            – Oi, entre.
            – Não vais ver novela né?
            – Não – risos – mas vou deixar a TV ligada ok?
            – Tudo bem.
            – Deita aqui – ela o chama para deitar perto dela – este sofá ninguém merece.

          Só para explicar que o apto era um JK. Logo, não tinha sala. Ele meio sem jeito deita. Eles ficam com seus rostos muito próximos e ele começa a se aproximar até sair o beijo e mais beijos e sorrisos.

            – Pena que eu não trouxe o meu notebook, já que trabalho aqui perto.
            – Mas, você não ia ficar aqui.
            – Por que não?
            – Porque não!
            – E agora o que a gente faz? – Falou ele.
            – Fazer o quê?
            – Nós. Estes beijos. Como ficamos?
            – Vamos deixar rolar.
            – Como das outras vezes? – risos.
            – Risos – Não! Vai ser diferente.
 
            No outro dia eles se encontram para almoçar...
 
            – Ele deve estar pensando agora quando que eu vou surtar de novo – falou Fada7.
            – Não! Mas já que falou – risos.
            – Não vou não.  O que vais fazer amanhã à noite?
            – Nada.
            – Queres ir lá em casa?
            – É quarta. Tem rodízio chegarei mais tarde. Logo, vou ter que levar meu note – risos.
            – Tudo bem – risos.
 
           E ele foi e levou o notebook. O que aconteceu não vamos contar, mas podemos dizer estão juntos desde então e isto aconteceu há exatos 13 anos, e quanto mais o tempo passa, mais eles se amam. E apesar de todas as dificuldades e problemas que enfrentaram se mantiveram apaixonados.
           E quem disse que relacionamento iniciado na internet não dura vai mudar de opinião quando conhecer a história, sim história com H, de Fada7 (Fabrícia) e Primo-2008 (Claudio). 


quarta-feira, 26 de maio de 2021

A Professora

 

A professorinha Julieta do ensino médio, 30 anos, usava vestidos comportados estilo senhora de meados do século XIX, óculos pesados e cabelo amarrado. Também andava sem maquiagem e sorria muito pouco.

Ela dava aula de matemática e diz a lenda que fora noiva aos 20 anos. Noivado que terminou porque Joaquim, seu noivo, queria forçá-la a perder a virgindade. Como ela não cedeu, fez com que o larápio, em vez de ir a locais masculinos, se engraçasse com outra moça, a Carlota, que era menos tradicional.

Esta história se passou na época que o sexo estava deixando de ser um tabu. Logo, os pais ainda eram arraigados com as tradições familiares e como os da Carlota não eram diferentes, forçaram o seu casamento com Joaquim porque ele a engravidou.

Desde então, Julieta se manteve casta e intocável. Por isto, se escondia por baixo dos tecidos démodé.

Com tudo, nada deste modelito ultrapassado impedia os pensamentos eróticos de seu aluno Zé Luiz, de 17 anos, que sonhava acordado em vê-la por baixo daqueles panos.

Conforme as aulas iam passando, Zé Luiz ia ficando mais apaixonado e excitado. Ele ia à noite para frente da casa dela na esperança de vê-la sem roupas por uma janela, mas só via a sombra de Julieta. Assim mesmo, ele não se continha e fazia o seu ritual se saciando apenas com a silhueta da professorinha.

Zé Luiz, apesar de menino, tinha corpo de homem e jogava no time de basquete da escola. Entretanto, por mais que se esforçasse, não conseguia chamar a atenção da sua professora que enxergava todos os alunos como crianças.

Na final do campeonato estudantil, ela estava presente como todos os professores, mas era a única presença com que ele realmente se importava. Por ele o ginásio poderia estar vazio com apenas com ela no meio da arquibancada de biquíni e pompons como se fosse uma animadora de torcida.

Para sorte de Zé Luiz, excitação não é pega no antidoping, pois movido pela testosterona natural ele foi o destaque do jogo. Após a vitória surpreendente, a professorinha se retira para sua casa onde pretendia corrigir as provas.

Zé Luiz ficou acompanhando a saída de Julieta, mas logo foi cercado pelas fãs. Elas queriam algo a mais do que autógrafos.

Ele poderia escolher a menina mais linda do colégio e ter uma noite inimaginável, mas parecia estar cego. Ignorava totalmente as torcedoras que o cercavam e se desesperou ao ver a musa de sua fantasia se afastando enquanto ele era agarrado pelas garotas que o impediam de correr atrás. Como ele nada poderia fazer porque a professora nem tomava conhecimento de sua existência, resolveu se liberar destes pensamentos libidinosos e curtir a festa programada.

Após a festa no barzinho, ele foi para a casa de seus amigos com várias garotas, onde estava planejada a maior orgia já realizada pelos estudantes do colégio. Porém, a sua atuação, que no jogo foi memorável, no campo comemorativo foi desastrosa. E não adiantou as meninas tentarem animá-lo. Ele estava realmente anestesiado. Assim, ele abandonou a festa e correu para a casa da professora para ficar imaginando como seria se ela olhasse para ele uma única vez.

Quando chegou, percebeu que a luz da sala ainda estava acessa e resolveu tocar a campainha.

– José Luiz! O que fazes aqui esta hora?

– Professora, preciso lhe falar.

– Menino, já é tarde. Deveria estar em casa, mas entre – ele entrou – O que tens para me dizer de tão urgente?

– Na verdade, nada. Não tenho nada para dizer apenas para fazer.

Ele a tomou nos braços e a beijou ardorosamente. Ela tentou empurrá-lo, mas ele muito forte a segurou firmemente sem deixá-la escapar. Ignorando que poderia ser expulso do colégio, ou talvez preso em uma instituição para menores, ele continuou com a intenção realizar a sua fantasia.

Os braços da professora tentavam se libertar, mas seus lábios carnudos e vermelhos começaram ir ao encontro dos desejos de Zé Luiz, que de beijador passou a ser beijado. A surpresa dele foi grande ao perceber que Julieta tinha relaxado e passara a abraçá-lo com força.

No entanto, enquanto ela o beijava, a culpa lhe vinha à mente...

– Meu Deus! Ele é meu aluno e é menor de idade, mas o que fazer? Isto está sendo mais forte do que eu. Ele tem corpo de homem, desejo de homem e me faz sentir desejada como eu nunca fui. Danem-se os conceitos hipócritas da sociedade. Dane-se eu mesma com esta tradição idiota.

Então, Julieta se esqueceu de tudo e apenas liberou seus desejos mais ardentes que estavam contidos há 10 anos.

Ao vê-la arrancando suas próprias roupas, Zé Luiz enlouqueceu agarrando-a e a fez sentar-se sobre a mesa onde estavam as provas que ela estava corrigindo. E foi ali mesmo que eles iniciaram a satisfação dos seus desejos para depois terminarem a longa noite de amor no quarto.

A professorinha realmente ainda era virgem. As marcas ficaram sob as provas dos seus alunos.

No dia seguinte, Zé Luiz chegou mais cedo como nunca tinha feito. Já Julieta, com os cabelos soltos, maquiada, sem óculos e roupinhas mais ousadas entrou na sala de aula atrasada pela primeira vez...

– Bom dia – sorridente – queridos alunos. Quero avisá-los que as provas sofreram um pequeno acidente, então dei 10 para todo mundo.