Durante
o intervalo da final do campeonato estadual, na cidade de Capinzinho, um
molequinho que trabalha de gandula é observado pelos dirigentes do time
visitante, o Capital FC, que disputa a final contra o time local.
Toninho
brinca com seus colegas no campo enquanto as equipes descansam. A torcida acha
graça naquele menino que humilha os demais com seus dribles desconcertantes.
Após
o jogo, mesmo com a derrota e com isto a perda do título, um dirigente do
Capital permanece na cidade para localizar o garoto.
No
dia seguinte, Osvaldo Luz, diretor e olheiro do Capital FC consegue localizar a
mãe do menino, a dona Maria Rosa, e conversa com ela. Ele a faz entender que é
uma oportunidade para o Toninho iniciar uma carreira nas categorias de base de
um grande clube. Ela hesita, mas vê uma excelente chance de mudar o futuro do
filho. Agora, só falta ele querer.
Ao
chegar do colégio, Toninho se surpreende com a visita ilustre e atentamente
recebe as explicações. Ele não pensa duas vezes, pulando de alegria, aceita a
proposta. Mesmo tendo apenas 12 anos, sabe que a oportunidade é de ouro e não
pode perdê-la. Bem informado sobre o mundo futebolístico pelas leituras de
jornais na barbearia da cidade, ele sabe que o Capital FC é um clube que está
quase sempre nas decisões enquanto que seu time do coração em toda história,
apesar de ter sido campeão, chegou apenas uma vez. E ainda, este clube é de
primeira divisão nacional.
Osvaldo
consegue um emprego na capital para a dona Maria Rosa fazendo com que o menino
fique mais amparado, mas ele passa a morar no clube pela facilidade de estudo e
treinamento.
Toninho
é sempre o primeiro a se apresentar e cai nas graças do treinador não só pela
habilidade, mas também, pela dedicação.
O
tempo vai passando e Toninho subindo de categoria.
Ver
um jogo da arquibancada não era mais novidade para ele. Assiste inclusive com
tristeza uma goleada histórica de 5x0 aplicada no seu time do coração, o
Atlético de Capinzinho, no ano em que foi rebaixado. É claro que Toninho mais
esperto, mais vivido, sabia que o time da sua cidade natal era um clube pequeno
e que aquele ano de glória foi um ano especial.
Ciente
que sua realidade é o Capital FC assina seu primeiro contrato profissional aos
17 anos e fica a disposição do treinador, recém-chegado ao clube, Euclécio
Danúbio.
Toninho
não é aproveitado entre os profissionais, mas um dia o treinador o chama para
jogar na ala direita. Toninho era meia-atacante, mas não rejeitou a
oportunidade. Ele faz sua estreia em um jogo do campeonato estadual marcando um
gol, mas não teve muitas chances de atuar nos jogos seguintes. Neste ano,
embora fosse sempre um dos favoritos, o Capital não chegou as finais do
estadual. A última vez que tinha perdido o campeonato foi justamente em
Capinzinho. No nacional a campanha da equipe foi mediana.
Com
os maus resultados, Euclécio é demitido e o novo treinador assume. É Janílson
de Freitas, mais conhecido como Janjão, o ex-ídolo de Toninho.
Na
temporada seguinte, Toninho passa a ser mais aproveitado na equipe entrando em
quase todos os jogos.
O
Capital volta a ser campeão estadual. Toninho fica feliz com seu primeiro
título profissional, mas a alegria não é tão grande como na vez que foi
gandula, pois ele foi reserva o tempo todo.
O
Capital contrata jogadores experientes e juntando-se a eles Toninho assume a
titularidade na sua posição de origem e passa a ser o melhor jogador do time.
O
que falta para o clube é um título nacional.
Com
os reforços e o talento de Toninho o Capital tem grandes chances de realizar
este sonho.
O
campeonato é acirrado, mas o Capital chega à final.
Toninho
cada vez mais titular enche os olhos da torcida e é o terror das defesas
adversárias, mas sua inexperiência lhe prega uma peça. Ele é envolvido pelos
seus companheiros e sai à noite fugindo da concentração. Toninho não era disso,
mas era uma novidade e ele foi mais levado na onda dos outros mais experientes
do que pela própria vontade de ir. Na
boate onde estavam, Toninho se perde aos encantos da dançarina Wanda e deseja
ficar mais um pouco enquanto seus colegas voltam para o clube. Toninho não
bebe, mas a sua mesa está repleta de garrafas vazias. É o suficiente para um
paparazzi o crivar de flashes. Com o fato injustamente noticiado, o Presidente
Saulo Schneizzer, sem piedade, pressiona Janjão para tirá-lo do time. Apesar do
protesto dos outros jogadores e da comissão técnica, Toninho não fica nem no
banco de reservas.
De
nada adianta os jogadores envolvidos esclarecerem o ocorrido.
Na
verdade, isto tudo é pretexto para Schneizzer abrir caminho para Júlio Rosa que
jogava na mesma posição. O passe deste jogador é 45% de Schneizzer.
Toninho
continua treinando, mas fica fora do primeiro jogo da final que é contra o
atual campeão, o Campeiros.
O
primeiro jogo foi 2x2, em casa, cheio de confusões e duas expulsões para cada
lado.
Sabendo
que o segundo jogo seria ainda mais difícil e com a perda do atacante Júlio
Rosa devido à suspensão automática por ter sido um dos expulsos, Janjão escala
Toninho para a reserva mesmo contra a vontade de Schneizzer. Este não queria
dar o braço a torcer alegando que a punição de Toninho deveria servir de
exemplo.
E o
jogo começa...
Já
no início, a pequena torcida do Capital, clama pelo nome de Toninho. No banco,
ele se lembra daquela final que assistiu do lado de fora do gramado buscando as
bolas e revive o sofrimento de ver o jogo em vez de atuar.
O
Adversário é difícil e a maioria da torcida é contrária.
Marcão,
atacante do Campeiros, entra na área dribla o goleiro Manuel e é derrubado. O
juiz marca o pênalti. Toninho já viveu isto, a história estaria se repetindo?
Não, desta vez a falta é incontestável e para piorar Manuel é expulso por ser
uma situação clara de gol. O Capital fica com um jogador a menos aos 17 do
primeiro tempo. O atacante Souzinha é
substituído pelo goleiro reserva Bentinho. O próprio Marcão bate o pênalti e
converte. O estádio explode e a pequena torcida do Capital se cala.
Na
reserva, Toninho impaciente sabe que poderia estar ajudando o seu time. Mais
agoniado está Janjão que vê seu melhor jogador no banco por uma atitude
lamentável do presidente do clube.
Ainda
no primeiro tempo, o Campeiros perde dois gols feitos e no finalzinho Gilson
Marau de cabeça amplia o placar. Era o pesadelo se formando para o time do
Capital.
No
intervalo, Janjão manda Toninho aquecer. Imediatamente o telefone toca. É
Schneizzer ameaçando demiti-lo antes do fim do jogo, caso ele coloque Toninho
para jogar, mas Janjão muito conhecido pelos seus atos de valentia e defensor
dos seus atletas troca o zagueiro Elton Batista por Toninho. Ele não poderia
concordar em perder o título pelo ato irresponsável de um Presidente que não
sabe o que é treinar no sol e na chuva. E ainda, logo o Toninho que, além de
ser o melhor do time, é um exemplo de atleta. Agora é tudo ou nada.
E o
segundo tempo começa...
Toninho
pela direita deixa seu marcador para trás e cruza para Juca Belo cabecear para
fora. Era o Capital reagindo. Não foi preciso mais de duas jogadas de Toninho
para que o técnico adversário gritasse: ─ Gruda no 20.
Toninho
está infernal. Ele dribla dois adversários e na saída do goleiro coloca com
categoria para as redes. Eram apenas dez minutos do segundo tempo. As
esperanças do Capital se renovam. Porém, em virtude do um homem a menos, o
domínio territorial era do Campeiros. No entanto, o craque do jogo já
despontava. Toninho tabelando com seus colegas invade a área adversária, fuzila
o goleiro Diógenes e empata o jogo aos 35. Embora, a partir daí, a moral estar
com o Capital, o domínio ainda era do Campeiros, principalmente após a
substituição de Juca Belo pelo zagueiro Ferreira. A ideia de Janjão era poupar
o time para a prorrogação, pois achava que a equipe poderia não aguentar todo o
tempo devido expulsão na primeira etapa.
E de
fato veio a prorrogação. E quando tudo parecia que a decisão iria para os
pênaltis, em uma jogada simples, mas rápida, Toninho lança para o volante Zito
na cara do gol para este marcar para o título.
O
juiz dá o apito final. Acaba o sofrimento. O Capital FC é campeão nacional
graças a Toninho que mudou totalmente o rumo da partida.
A
pequena torcida aplaude de pé chamando o Presidente Saulo Schneizzer de todos
os tipos de palavrões possíveis.
Os
jogadores do banco de reservas e a comissão técnica invadem o campo para
comemorar e carregar Toninho no alto.
O
gol da vitória não foi de Toninho, mas, foi dele a reação da partida, os gols
de empate e o passe preciso para o gol do título. Era mais um sonho realizado.
Este
jogo ficará na história do clube e na lembrança eterna de Toninho.