domingo, 29 de setembro de 2013

Fome de você



É difícil explicar um sentimento. A gente simplesmente sente.
A Fabrícia entrou na minha vida em um momento que eu mais precisava de uma pessoa como ela. A Fabí é uma pessoa carinhosa ao extremo e muito intensa. Não pega no pé, mas sabe prender.
É muito amável.
Dona de um charme pessoal foi me conquistando a cada dia.
Quando me dei conta, eu já estava envolvido pela sua simplicidade e alegria.
É uma pessoa de bem com a vida que cativa seu público e seus fãs. Porém, não tem para ninguém porque ela é minha. No mundo há mulheres e MULHER. Ela é a maior. Seu sorriso detona qualquer resistência e seu carinho me deixa a sua mercê. Não consigo me ver sem ela, e cada minuto longe me dá muita saudade, pois parece uma eternidade.



Nem sei bem como começou. Não falo do primeiro encontro nem do primeiro litígio, mas como as coisas começaram a evoluir e esta minha dependência de você que ficou muito clara nestes 5 anos de cumplicidade, que se completam. Basta um minuto longe para sentir uma saudade imensurável. A cada beijo, a cada ato de amor eu quero mais e mais. Quando você se aproxima de mim eu tenho reações incríveis e a vontade de te abraçar e te querer aumenta escandalosamente. Você tornou o sol em minha vida cada dia mais brilhante e a lua a cada aparição mais linda. Amar é um mistério, ser amado é magia. Logo sou misterioso e você uma fada. O segredo de amar é entender o inexplicável. Mas, como entender se é inexplicável. Eu só sei o que eu sinto, e o que sinto não é apenas paixão, é fome de você, Fabrícia meu amor.


domingo, 22 de setembro de 2013

Cotidianos - O ingresso

– Alô Marcelão.
– Fala Chico Gordo.
– Tem um cambista vendendo o último ingresso do show que tu queres.
– Compra cara. Tá esperando o quê?
– Marcelão, ele quer R$ 500,00.
– Caramba! Ele tá assaltando.
– Cara é o último. Não vi mais em lugar nenhum. Nem com cambista.
Paciência, pode comprar. É 200,00, mas quero levar minha mãe e ela só conseguiu um.
– Tem uma velha chata se atravessando.
– Pô Chico Gordo, dá um chega pra lá nesta velha e traz o ingresso.
Mais tarde...
– E ai Chico? Compraste?
– Seguinte: Enquanto eu brigava com a velha chata o cambista vendeu o ingresso.
– Puta que pariu!
– Calma!  Como a velha precisava de dois, acabou desistindo de ir e me vendeu o dela.
– Legal.
– Porém, custou R$ 550,00.
– Tudo bem. Minha mãezinha merece.
– Mais tarde ainda...
– Mãezinha! Tenho uma surpresa. Consegui o outro ingresso.
– Só agora lerdinho? Agora é tarde!
– Por quê?
– Ah! Tu demoraste demais, então fui procurar um cambista.
– Não vai me dizer que compraste.
– Claro que não!
– Ué? 
– Eu estava quase conseguindo, mas tinha um veado de um gordo corno se atravessando. Enquanto eu discutia com o palhaço o puto do cambista vendeu para outra pessoa. Como achei que não ia dar para ir, eu vendi para o otário gordo por R$ 100,00.

Ilustração: Arthur Claro do blogue Igual porém diferente

domingo, 15 de setembro de 2013

Quinze segundos

Na minha pós-adolescência, minha turma tinha uns 16 integrantes e todos faziam umas brincadeiras um tanto infantis.
Quando jogávamos tênis na SOGIPA, a Sociedade de Ginástica Porto Alegre, nossas roupas ficavam penduradas em cabides expostos. Naquela época, em um clube como este não ocorriam problemas com furtos, logo não havia necessidade de ter armários com chave. Era seguro, no entanto, entre nós, a sacanagem corria solta. Era costume esconder as roupas uns dos outros e se divertir com as vítimas procurando, enquanto os “criminosos” faziam a maior a cara de santo.
Certa vez, eu escondi muito bem as calças do argentino Roberto, mas naquele dia, o meu jogo terminou muito antes do dele. Fui para o vestiário, me arrumei e voltei para a casa esquecendo-me da molecagem. Após o término do seu jogo, ele procurou, procurou e evidentemente não encontrou. Eu não era o mais praticante de sacanagem, mas quando fazia, eu caprichava. Ele me ligou perguntando se eu sabia de alguma coisa. É claro que neguei, caso contrário, não haveria a menor graça. Como eu percebi que ele teria que ir para a casa com o uniforme do jogo de tênis e o que é pior sua roupa poderia ser encontrada por outra pessoa e, mesmo com a segurança do clube, sei lá o que poderia acontecer, resolvi explicar onde estava. O fato é que ele não entendeu, e olha que falava muito bem o Português. Assim com a consciência de que toda brincadeira tem limites, tive que voltar à SOGIPA para devolver seus pertences. Ainda bem que eu morava perto.
Toda a história acima é apenas para a introdução do que quero contar.
Na turma, nem todos jogavam tênis, o alemão de origem chamado Half praticava arremesso de martelo. Para quem não sabe, o martelo é uma pesada bola de ferro presa por uma corrente e o objetivo do atleta é arremessá-lo o mais longe possível. Dá para imaginar, então, que o cara não era nenhum fracote. Como em qualquer época o perigo faz parte da emoção, fica óbvio saber quem era nossa principal vítima nas traquinagens.
Para aumentarmos sua ira, nós o chamávamos de “Aralf” tentando imitar um sotaque alemão.  Não é preciso dizer que ele detestava.
O clube tinha uma sala de cinema onde passou muitos filmes bons. Porém, teve um Domingo que o filme era horrível. Aos poucos, todos foram saindo do cinema. Quando chegou ao meu limite de paciência, levantei e me dirigi à saída. Porém, uma cena inesperada. Half estava sentado em uma poltrona junto ao corredor e sua mochila estava no chão. Naturalmente que a tentação foi muito grande e eu não resisti. Não satisfeito com a sacanagem que estava prestes a fazer também “zoei”.
– Vou pegar “o mochila da Aralf” – eu disse.
– Vai levar porrada – disse ele.
Abaixei-me suavemente, peguei a dita e sai caminhando calmamente até a saída do cinema. Half parecia estar gostando do filme, pois não veio atrás de mim. Quando encontrei a turma no local de sempre olharam para aquilo na minha mão e se espantaram.
– O que é isto? – perguntaram mesmo sabendo a resposta – Ficou maluco?
Entretanto, o espanto terminou muito rápido, arrancaram a mochila da minha mão e antes que eu fizesse qualquer coisa iniciou a sacanagem. Um dos mais sacanas, apelidado de Elefante Branco, sem dó nem piedade, virou uma garrafa de 300 ml de refrigerante dentro da mochila. Este não era o meu estilo, eu não praticava vandalismo, mas a caca já estava feita, pois alguns não tinham limites. Ainda por cima, o que eu não sabia é que dias antes, os mais sacanas já tinham pego as roupas do Half e dado nós terríveis de desatar. Como seu senso de humor era inversamente proporcional a seu tamanho já dá para imaginar como ele estava.
Quando terminou o filme, ele veio até nós, ou melhor, até mim, lógico que imaginando onde iria me jogar, pois naquele momento, que eu era um martelo ele já tinha certeza. A fúria era tão grande que a pessoa que estava com a mochila não se apresentou e obedecendo ao código de honra eu não dedurei mesmo que isto custasse minha vida. Foi formado um círculo e para minha sorte o Aloísio, conhecido como Gordo, ficou entre eu e o Half.
– Onde está? – perguntou ele.
– Não sei – respondi.
Então veio o primeiro soco. Só que naquela época eu era muito ágil e como o torpedo veio em curva contornando o Gordo, eu consegui saltar para trás diminuindo o impacto.
– Onde está? – perguntou novamente.
– Não sei – repeti a resposta.
E veio o segundo soco. Novamente foi um míssil curvilíneo, mas foi tão forte, que mesmo de raspão quase derrubou o Gordo e a minha agilidade de pular outra vez não foi o suficiente para não sentir o golpe. Meu sangue ferveu, e sabemos que com a cabeça quente fazemos atos de verdadeira burrice. Esqueci o tamanho dele e parti para cima. Minha reação foi tão surpreendente que Half não soube o que fazer, apenas tentou se defender, pois nunca apareceu um louco capaz de enfrentá-lo. Foram quinze segundos de golpes repetitivos para cima dele. Ele usava óculos, os mesmos que voaram para longe. Sua camiseta também rasgou. Não se bate em homem de óculos, mas aquilo não era homem e sim um animal, uma fera ferida. Quando ele se deu por conta do que estava acontecendo e viu seus óculos quebrados no chão, ele acordou e pareceu o incrível Hulk. Foi ai que os demais também saíram do estado de choque e entraram na parada para apartar. Sete dos meus amigos se agarraram nele e ele os arrastava pela ruazinha do clube enquanto o Pacheco, infelizmente já falecido, me puxava pelo braço gritando:
– Vem seu louco, vem.
Eu não sei até hoje porque eu queria mais briga, mas acredito, que se não fosse pelo Pacheco e outros sete amigos, eu não estaria aqui contando esta história. Não me orgulho do que fiz, mas foi questão de honra e sobrevivência e claro, burrice, pois naquela época, eu corria mais do que qualquer um da turma em estado natural, imagina apavorado.
Dias depois, Half que já tinha me jurado de morte, voltou a ser meu amigo. Afinal, minhas porradas não mexeram com a estrutura dele, e é melhor óculos quebrados do que ossos, os meus é claro.
Quanto as roupas, ficou tudo explicado pelos outros integrantes e o Elefante Branco, por motivos óbvios, sumiu do clube.
Por causa dos meus quinze segundos de glória fui lembrando por um bom tempo como o cara, ou o maluco, que enfrentou o “Aralf”.

Caro Half, se tu leres isto e um dia nos encontrarmos, lembre-se que ficamos amigos, OK?

domingo, 8 de setembro de 2013

Dúvida dos trens


Ao visitar o Cantinho Virtual da Rita  eu li o texto:
.
Ao chegar atrasado na estação, viu o trem partindo
correu mas não alcançou aquela que seria o grande
amor de sua vida!
.
Distraída e triste por não rever seu amado nem
olhou para trás, e perdeu para sempre o homem
que seria seu eternamente!”

Então pensei: Não sejamos tão pessimistas.
Ele pode pegar outro trem e ir atrás dela.
E ela pode descer na próxima estação e pegar o trem de volta.
Porém, se eles tiverem a ideia ao mesmo tempo? Irão se desencontrar!
Ah! Eles se verão pela janela. Acho que não, pois o trem é muito rápido, e depois eles poderão sentar em janelas opostas.                                            
Ixi! Agora ferrou, acho que vou consultar o Dr. Amauri.
– Alô. Dr. Amauri, é o Claudio.
– Oi Claudio! Há quanto tempo? O que mandas?
– Bom Doutor! É o seguinte: Um casal de namorados se desencontrou. Ela foi embora de trem, mas se arrependeu. Ele foi atrás dela chegou tarde. Ele deve pegar outro trem e ir atrás dela ou ela deve descer na próxima estação e voltar.
– Claudio, tu estás te sentindo bem?
– É Doutor! Já vi que o senhor não entendeu nada. Faz o seguinte: Abre meu blogue e veja a postagem de hoje.
– Ok. Espere um pouco. Hum, hum ...
Sete huns depois...
– Por que eles não usam o celular?
– Ô Gênio! Se eles tivessem a Rita teria escrito, né?
– Agora eu também fiquei na dúvida.
– Xii, e agora?
– Acho que vou ter que consultar o Freud. Pode esperar na linha?
– Mas ele já não morreu?
– Não é isto menino. Vou consultar sua bibliografia. Aguarde um pouquinho. Hum. Hum. Isto não, hum, hum...
Três mil quatrocentos e cinquenta e sete huns depois.
– É Claudio. Desta vez não posso te ajudar.
– Putz e agora o que vou fazer?
– Espera aí, é outro celular... Oi amor... Como? Sua mãe está doente? ... Ah! E vai para lá. Entendi, mas não vai de trem né? ... Depois te explico, Ok? Beijo... Claudio, seguinte: Acho que vais ter que perguntar para a Rita. E dê meu cartão a ela pois pode estar precisando por causa deste trem.
– Bah Doutor! Eu nem sei se ela é mineira.
– Não! Estou falando do meio de transporte da estória.
– Ah tá. Passou tanto tempo que eu cochilei aqui igual ao senhor quando cochilava nas consultas enquanto eu contava minhas neuras.
– Eu nunca cochilei em consulta alguma, menino.
– Queres que eu coloque a gravação no Facebook?
– Para com isto e vai resolver o problema do trem, pois até eu fiquei curioso. Até mais.
Vixi.. Ele envaretou, mas que dormia ah dormia sim. O ruim é que fiquei na mesma. Vou ter que apelar para a Rita.
Se a Adriana Esteves ler meu blogue vai dizer: “Só podia ser culpa da Rita”. E eu tenho que concordar com ela. Ah Rita tu me pagas. Vou largar o pepino para ti, mas antes preciso fazer uma coisa.
– Alô amor.
– Agora é amor, né Sr. Claudio.
– Querida, foi uma briguinha boba.
– Boba é? Mas tudo bem, o que você quer?
– Pedir desculpar
– Tá desculpado.
– E mais uma coisinha.
– Que mais?
– Tu não vais embora, né?
– Claro que não. Fizemos as pazes, né?
– É! Mas caso resolva ir embora, não vá de trem tá bom?
– Tá maluco, amor? Que história é esta?
– Amor, nem Freud explicou. Só não vá de trem. Beijo.
Agora vou tentar resolver este dilema. Vou deixar um recado para a Rita aqui no Blogue.

“Querida Rita,
Por favor responda:
O Cara deve pegar outro trem ou a moça deve voltar?
Já não aguento mais esta indecisão.
Um beijo”.

Pronto! Agora só falta ela entrar no meu blogue e responder.

– Oi amor! Que surpresa vir aqui me buscar.
O que Dr. Amauri está fazendo aqui? E estes caras grandões?
Para que este casaco branco com estas mangas enormes? É muito grande.
Não! Injeção não.
Isto só pode ser coisa da Rita...ZZZZZZZ

PS:
Obrigado a Rita pela participação involuntária.
O Dr. Amauri é um personagem criado no conto O Vizinho no divã.
Eu recomendo. Claro né? Eu que escrevi.

domingo, 1 de setembro de 2013

Cotidianos - Preconceito punido

– E ai Gabriel?
– Fala Luiz.
– Vamos almoçar?
– Claro.
– Tem um restaurante novo a duas quadras daqui.
– Beleza! Vamos nesta Luiz.
Alguns passos depois...
– Xi Luiz...
– O que foi?
– Dois negrões na nossa direção.
– Negrões? Cara! São pessoas da raça negra. Qual o problema?
– Eu vou voltar.
– Por quê?
– Não quero ser assaltado.
– Nossa cara! Isto é além do preconceito, é racismo. Isto é crime.
– Crime por quê?  Por querer voltar?
– Pelo que está dizendo.
– Ahhh Luiz, fiques para ser assaltado. To fora. To voltando.
No dia seguinte...
– Pô Gabriel tu és preconceituoso mesmo. Aqueles caras são filhos do dono do restaurante. Eles estavam distribuindo folhetos de promoção. Fui muito bem tratado e a comida é ótima e barata.
– Que bom.
– Que descaso! Continua o preconceito hein?
– Nada disto, Luiz. É que to chateado.
– Por quê?
– Ontem quando retornei, acabei pegando o carro e indo almoçar no shopping.
– E aí?
– Aí que uma gata, a coisa mais linda, começou a me dar bola.
– É?
– Sim. Ela era loira de olhos azuis, seios fartos e que bunda. Cheirosa, gostosa, uma loucura.
– E isto é motivo para desânimo?
– Pois é. Ela me deu uma cantada e me convidou para ir a um motel.
– E?
– Era uma tremenda armadilha. Quando eu cheguei no estacionamento, três amigos dela me assaltaram.
– Mesmo?
– Sim! Levaram dinheiro, celular e o carro. Eles me deixaram só de cuecas. Eu só lembrava de ti e do que tinha me falado.
– Para com isto meu. Ficou de cuecas pensando em mim? Tá me estranhando.
– Não é isto Luiz, qual é?
– Então pensou em mim por quê?
– Porque eles eram todos brancos.