domingo, 27 de outubro de 2013

Onde estou?

Que dor de cabeça.
Não sei o que faço aqui.
Não lembro de nada.
Nossa! Que porre.
Não devia ter bebido tanto.
Que lugar apertado. Não consigo me mexer.
Que teto é este?
Nunca vi esta luminária.
Por que será que não consigo levantar?
Que barulho.
Que choradeira.
Quanta gente! E gente que nunca vi na vida.
Minha mulher? Por que me olha deste jeito? Por que chora desesperada?
E este palhaço, por que a abraça?
Eu sei quem ele é. É o ex-namorado dela. Que canalha!
Quantas pessoas me espiando.
Curiosos idiotas!
Que graça tem vir até aqui e dar uma olhadinha? Agora virei atração?
Já sei! Estou no hospital. Devo ter entrado em coma alcoólica.
Pessoal! Estou bem, já passou foi só um porrinho.
Droga! Não me ouvem. Será que estou em coma?
Que sensação ruim.
Que cheiro de flores. Odeio cheiro de flores.
Que saco será que não vão embora e me deixar descansar?
Eu quero uma aspirina!
Minha mulher não para de chorar. E este cara não sai do lado dela.
O pior é esta gravata apertada. Gravata? Nunca usei gravata.
O que está acontecendo? Estou ficando maluco?
Por que este padre apareceu agora?  Por que estão rezando?
E esta tampa? Por que a tampa? Por que vão me fechar? Não, Não!
Que escuro ficou. Para aonde estão me levando?
Agora me lembro de tudo.
Será que o seguro cobre o estrago do carro?
Bem, acho que agora não importa mais.
Como é frio aqui.

domingo, 20 de outubro de 2013

Moral da História

Durante muito tempo Júlio cercava uma moça, que lhe dava mole, mas não deixava oportunidade. Toda vez que ele a convidava para sair, ela dava uma desculpa.
Até que começaram a sair. No início foi como amigos e depois rolou uns beijinhos, mas não passou disto.
Sempre que a coisa estava esquentando ela dizia:
– Está tarde, preciso ir para casa.
Júlio ficava louco. Entretanto, logo pensava no ditado “a paciência é uma virtude”.
Eles saíram muitas vezes, mas a relação não foi para frente por motivos que não conheço. Ele sempre a deixava na porta do prédio e não subia porque ela não permitia. Por Júlio, todas as oportunidades seriam aproveitadas. Cada encontro, minuto, oportunidade de um beijo, um abraço, e claro, fazer amor, o que com ela o coitado não sabia o que era.
Certo dia, tiveram uma conversa romântica e muito carinhosa ao telefone. Desta vez foi ela quem demonstrou todo o seu carinho, lamentando o fato não ter dado muito certo por não estar preparada.
Depois de muita conversa ela pediu licença porque ainda tinha que preparar um doce para o chá de panela de uma amiga no dia seguinte. Alguns minutos depois ele recebeu uma mensagem no celular perguntando:
– Você tem uma lata de creme de leite?
Imediatamente ele ligou para ela dizendo que não tinha, mas que poderia buscar no supermercado, e estaria em 30 minutos na sua casa. Ela agradeceu muito, mas não quis dar trabalho e também porque já era muito tarde, logo deixaria o doce para o outro dia. Ele perdeu uma grande oportunidade de vê-la ou, quem sabe, algo mais.
Moral da história: Sempre tenha uma lata de creme de leite em casa.

Rogério, recém-mudado de moradia, foi no churrasco da turma do trabalho.
Participou das brincadeiras, jogou sinuca, cantou no videokê, entre outras coisas se divertiu demais.
Ele é dotado de um charme todo especial. Tinha um dom com as mulheres e é muito bom de paquera.  Porém, naquele dia o que ele queria mais era beber e comer muito.
Na verdade, foi o que ele mais fez.
Tomou um sorvetinho para injetar uma glicose e começou a ter reações esquisitas no estômago. Logo, viu a necessidade de ir para casa. Como foi de carona com um amigo que já tinha ido embora, chamou um táxi e se mandou a francesa.  
Ao entrar no prédio, percebeu na porta do elevador uma mulher segurando uma pizza. Ela era linda, maravilhosa, de outro mundo. Ele a cumprimentou e foi correspondido. Subiram juntos e por coincidência saíram no mesmo andar. Coincidência maior ainda, eles foram para o mesmo lado até as respectivas portas e se deram conta que eram vizinhos lado a lado.
Sorriram e ele falou:
– Vizinha! Prazer, Rogério.
– Prazer, Natália. Vai ter pizza, está a fim?
Ele pensou em tudo aquilo que ingeriu e no efeito que já estava fazendo, então, com medo de passar vergonha, respondeu:
– Desculpa. Estou vindo de um churrasco.
Eles se despediram e ele correu para o banheiro.
Naquela noite ele nem dormiu direito. Ficou a noite toda pensando naquela gata. Resolveu que iria convidá-la para sair. No entanto, descobriu, no dia seguinte, que ela tinha se mudado e ninguém sabia para onde ela tinha ido.
Moral da história: Não te empanturres em um churrasco, poderá ter uma pizza esperando por ti.

domingo, 13 de outubro de 2013

SUS e o Plano de Saúde


Não sei se em todo o Brasil, mas na cidade onde estou morando encontro, nos prontos atendimentos, cartazes dizendo que o cartão do SUS deve ser apresentado mesmo por quem esteja usando plano particular. Eu fiquei pensando e até cometi uma injustiça achando que o local estaria querendo cobrar de ambos, mas repito, fiz uma injustiça porque esta hipótese não procede. Isto porque questionei a administradora do meu plano sobre este assunto.
A explicação é simples: O governo quer fazer um batimento das pessoas que têm plano de saúde e usam o SUS.  
E para que o governo quer isto?
A resposta é mais simples ainda.  Querem repassar os custos para as administradoras no caso de atendimento pelo SUS das pessoas que tenham plano de saúde.
Agora vamos as especulações:
O SUS não é um direito de todo cidadão brasileiro?
O plano de saúde não é um benefício particular para quem quer ou pode pagar?
Podemos considerar sim nas duas respostas, pois não se trata de opinião pessoal e sim de lei e fato.
É claro que alguns serão a favor do governo nesta questão. Porém, cabe perguntar a OAB, isto é legal?
Alguém com plano de saúde usar o SUS onde o seu benefício tem cobertura é muito pouco provável.  Então, vou dar um exemplo mais plausível.  A praia que frequento por exemplo não tem unidades atendidas pelo meu plano de saúde, aliás, só tem o posto de saúde. Logo, quando necessito de algum atendimento de urgência é necessário usar o SUS.  O custo deste atendimento quem arca, todo mundo sabe, é o governo. Entretanto, com esta medida que estou relatando, o custo vai para a administradora do plano de saúde.  
Não estou preocupado com a administradora, tão pouco sendo pago para falar disto, mas podem acreditar que este fator vai ser uma boa e grande desculpa para aumentarem o valor das mensalidades e o governo nada vai fazer para impedir. Ou seja, além do sistema de saúde do Brasil ser uma merda, ups eu não queria dizer isto, deixa eu refazer, uma bosta, ainda pode prejudicar quem paga caro por um plano de saúde fazendo-o pagar mais caro ainda.
Está mais do que na hora do governo ter medidas que ajudem o povo e não ações enganosas que tapam a cabeça e descobrem os pés.  O SUS, o calcanhar de Aquiles de todos os governos, é uma grande oportunidade para qualquer um fazer a diferença. Ninguém está dizendo que será fácil, mas sim de alguém pelo menos tentar. No entanto, é mais fácil mascarar o problema com medidas que são aplicadas, desde que eu me conheço por gente, do que resolver.
A carga tributária deste país é um peso enorme no bolso do povo. E os tributos deveriam ser para termos hospitais, escolas, estradas ou seja desenvolvimento.
E o que temos?
Políticos corruptos, mordomias para parlamentares com salários altos, assessores diversos etc.
A corrupção corre solta e o que não é abafado tem oportunidade de um novo julgamento de quem foi condenado. O Brasil já não tem mais vergonha e há anos que vivemos em um circo de 8,5 milhões de Km².
O povo não quer mordomia e sim qualidade de vida com moradia descente, emprego, justiça, saúde e educação.
Queremos que um título de copa do mundo seja um complemento e não a solução.

domingo, 6 de outubro de 2013

Cotidianos - O parque

Em mais um dia no parque...
– Olha lá Cleusa!
– O que foi Cleotilde?
– Aquela mulher paquerando o bonitão na cara dura.
– É mesmo! Não respeita nem o filho que está com ela.
– Que desavergonhada. Fico pensando onde está o pai daquela criança?
– Vamos. Este mundo está perdido mesmo.

Próximo dali...
– Que gata meu! Saca lá Paulão!
– É uma loucura, um mulherão.
– Dever ser separada e carente.
– E o trouxa ali nem chega.
– É, todo malhadão fazendo ginástica, só deve pensar nele mesmo.
– Só pode ser veado.
– Ah se fosse comigo. Eu cairia matando.
– Ô lá em casa!

Na área de ginástica....
– Puxa! Que mulher linda.
Eu noto que ela sempre me cuida. 
Aparece aqui todo dia no meu horário de ginástica com aquela criança.
É a nora que minha mãe iria gostar. E eu procurando uma namorada assim. Com esta eu até pensaria em casar, mas uma mulher com filho deve ser casada. To fora. Não quero incomodação.
Que pena! É um mulherão.

Logo ali na frente...
– Este cara fazendo ginástica é um gato. Eu sinto que me olha. Porém, nunca fala comigo. Se não fosse meu irmãozinho, que eu trago para brincar no parque, eu falaria com ele.