João e Maria se conheceram quando eram
crianças.
A paixão foi à primeira vista. Eles
mantiveram o sentimento inocente até a adolescência quando juntos começaram a
descobrir o verdadeiro amor.
A família de Maria era de posses enquanto a
de João, humilde.
Os pais dela não queriam o namoro, e João, órfão
de pai, tinha em sua mãe uma opositora ao relacionamento por causa do orgulho.
Adelaide era funcionária na casa dos pais de Maria.
A única aliada que tinham era Juliet, prima
de Maria, que acobertava os encontros escondidos. Eles foram levando este amor clandestino
até entrarem para universidade. Maria foi estudar no exterior enquanto João
entrou na federal.
Nunca perderam o contato e o sentimento só
aumentou.
O tempo passou...
Maria retornou e eles se encontraram.
Já eram adultos e mais experientes, mas a família
de Maria ainda não aceitava o relacionamento mesmo com o título de Doutor
adquirido por João.
A mãe dele, a Adelaide, ainda mantinha o
orgulho, devido a rejeição sofrida por seu filho, mesmo não trabalhando mais
para os pais de Maria.
O relacionamento foi se deteriorando e eles
se separaram.
Os pais de Maria eram muito tradicionais e
arranjaram um casamento com Lauro, que pertencia a uma família da alta sociedade.
Eles não a obrigaram, mas induziram-na.
Lauro era um homem digno, bonito e muito
atencioso, que encantou Maria embora ela não o amasse. Porém, a carência e a
desistência de amar novamente fez com que ela aceitasse o casamento.
Quando João soube do matrimônio, procurou por
Maria, mas foi impedido pelos seguranças.
No dia do casamento, Adelaide, o vendo muito
triste, entendeu que orgulho não vale a pena. Afinal, Maria sempre foi boa moça
e o carinho por seu filho, verdadeiro.
Então ela foi até o seu amado filho e disse:
- Escreva uma carta.
- Como entregar? – questionou ele.
- Procure a prima.
Então, João procurou por Juliet e pediu-lhe o
favor. E ela atendeu, mas só conseguiu quando Maria estava, vestida de noiva,
na porta da igreja. Foi então quando Juliet entregou a seguinte carta...
Maria,
Não sei ao certo onde
nos perdemos ou porque separamos.
Não sei o que sentes, o
que sentiu o que sentirás.
Porém, eu tenho a
obrigação comigo mesmo de te dizer algo.
Eu quis falar pessoalmente,
mas teus seguranças não permitiram.
Então segue estas
linhas...
A simples sensação de te
ver, desperta meus medos mais íntimos e mexe com minhas convicções. Chego a me
perder em pensamentos a cada instante que recordo dos teus abraços.
A vida passa muito rápido e se não pegarmos o
trem da felicidade que está passando, podemos não ter outra oportunidade.
Quando estou longe, não
consigo dormir sem pensar no meu desejo ardente de te sentir ao meu lado.
Quando estou perto, não consigo dormir porque não quero perder um minuto de
estar contigo.
Esta emoção que toma
conta de meu ser me torna pleno e me faz saber como é viver uma vida intensa junto
a ti.
Ficar longe é frustrante
e desesperador.
O amor é esta coisa
louca que nos torna desvairados por instantes, insanos por outro e que
arrebenta com a razão nos deixando irresponsáveis e sem consciência.
O que é o despertar
desta paixão avassaladora que faz de mim uma criança desprotegida e insegura?
Não quero perder um só
instante do resto de minha vida longe de ti. Não consigo mais suportar a falta
dos teus beijos, do aroma do teu perfume e da suavidade da tua pele.
A vida me ensinou que,
mesmo sem ti, mesmo sem poder te ter, eu consigo sobreviver, mas se eu pudesse
mudar o curso da história, eu certamente saberia a escolha a fazer.
Não quero lamentar, um
dia, por te perder, mas vou me lamentar o resto da minha vida por não saber te
manter.
Tu deves te perguntar:
“Será? Será que ele não
consegue viver longe de mim?”
Eu te digo em alto e bom
tom: “SIM! Eu consigo viver sem ti, mas me pergunte novamente o que eu escolho
e eu direi que minha decisão sempre foi, e será estar ao teu lado com esta louca
sensação de amor intenso”.
Após ler a carta, Maria chorou
compulsivamente sem que seu pai tenha entendido absolutamente nada.
Sua prima a abraçou, lhe deu discretamente
dinheiro para um táxi e sussurrou em seu ouvido:
- Lugar de sempre. Eu dei a ele suas roupas.
Então, Maria saiu correndo, embarcou em um
táxi e desapareceu na avenida.
Anos passaram...
Ainda há quem diz que os pais de Maria nunca
aceitaram o casamento, mas mudam de ideia quando os veem na pracinha babando
com os três netos.