sábado, 5 de janeiro de 2013

Amor sem limites


Everson é um cara tímido, mas muito observador. A empresa em que ele trabalha é repleta de garotas bonitas. Porém, ele se interessou realmente por Gabrielli, que conheceu no elevador. Várias meninas o acham simpático e se interessaram muito mais pelo seu perfil intelectual do que pela beleza, que realmente lhe falta.
Ele não tem coragem para abordar seu amor platônico, então fica olhando a distância. Todos os dias, na hora do almoço, ele procura sentar-se a mesma mesa ou muito próximo para poder ficar perto e escutar a voz de Gabrielli.
Quando ela não aparece, Everson fica desolado e se isola em um canto afastado do pátio da empresa.
Ele foi chamado a atenção várias vezes por seus colegas e seu chefe por deixar a desejar no trabalho, pois ele fica aéreo em pleno expediente quando fica sonhando com a mulher que deseja.
O que mais o atrai em Gabrielli é o seu jeito diferente de ser. Para ele, nenhuma mulher é como ela.
Como o horário da empresa é padrão ele aguarda na fila do elevador, passando a vez, até que ela chegue para que ele possa entrar junto e admirá-la.
Algumas vezes, por ser gentil ao segurar a porta, ele ganha sorrisos.
Em casa, ele se confina no quarto, desliga o telefone e fica admirando o retrato de Gabrielli que furtivamente fotografou, e viaja nas fantasias sexuais como se fosse um adolescente se descobrindo. Não adianta bater na porta porque os fones de ouvidos do seu MP4 reproduzindo músicas francesas isolam qualquer interferência ao seus sonhos.
Todo ritual acima descrito é uma rotina diária.
Everson nem se alimenta direito. Ele, com o prato cheio a frente, fica mexendo na comida com o grafo e olhando em direção daquela mulher que tanto ama. Nas refeições caseiras, ele faz a mesma coisa só que imaginando Gabrielli a sua frente. 
A única coisa que ingere é a Coca-Cola cuja latinha só larga para pegar outra.
A situação de Everson fica tão complicada que seus amigos resolvem agir. Eles apresentam várias meninas para ele, uma mais linda que a outra, mas Everson é fiel aos seus sentimentos. Por isso, nenhum dos relacionamentos arrumados dá certo. Portanto, o amigo mais fiel, mesmo contra vontade, resolveu ajudá-lo a encontrar a felicidade..
Seus ditos amigos não queiram que ele se relacionasse com Gabrielli por causa de seu jeito nada convencional, mas Pierre prefere ver o amigo feliz e sadio do que ficar atolado em um preconceito antigo e fora da razão.
Pierre conversa com Gabrielli e explica a situação. Ela se emociona em ainda existir alguém tão sensível e romântico e fica ansiosa para conhecer Everson mais intimamente.
Em uma combinação secreta, Pierre e Gabrielli armam um falso encontro entre os dois amigos.
No bar, enquanto Everson fica aguardando Pierre, que sabemos que não virá, Gabrielli aparece e diz que levou um bolo e que lembra de Everson, mais propriamente do elevador da empresa, e pergunta se pode sentar.
Gaguejando, mas felicíssimo, Everson permite e consegue então conversar com a sua musa.
Eles tomam alguns drinques, dão risadas e Gabrielli percebendo a timidez dele toma a iniciativa e o beija. Everson fica alucinado e quer mais.
Após este momento, ele se transforma em outra pessoa. Sua timidez vai embora e dá lugar a um homem que passa a tomar todas as iniciativas. Agora é a vez de Gabrielli ficar alucinada.
Ambos nunca tiveram uma experiência como esta. É tudo diferente de tudo que já tinham passado ou realizado.
Eles se sentem amados, desejados e estão muito felizes.
Parece que foram feitos um para outro.
São horas de beijos, abraços e outras carícias.
Quando a coisa está ficando quente eles resolvem ir para um lugar mais aconchegante, pois para seus propósitos, este bar já está pequeno demais e sem privacidade alguma.
Como eles não têm carro, embarcam em um táxi e pedem para irem a região de motéis.
A libido deles está tão forte que o taxista resolve ir para o motel mais próximo e pede para que eles desçam.
O casal apaixonado nem liga para o fato. O que realmente querem é um lugar só deles.
Quando chegam ao quarto, Gabrielli começa a despi-lo e dizer que ele é a melhor coisa que aconteceu em sua vida, então é a vez dele. Só que ao despi-la, Everson repara que Gabrielli não é uma mulher comum. Na verdade, ela é uma mulher em corpo de homem. Ele fica desesperado com vontade de bater nela, quebrar tudo, gritar, fazer escândalo, mas mais forte do que a raiva é a fidelidade ao seu sentimento.
Ao se lembrar dos sorrisos do elevador, das horas de almoço, de quando sonhava acordado aliviando a tensão no refúgio pessoal do seu quarto, ele canaliza toda violência sentida para o seu desejo reprimido de tanto tempo que aumentou exageradamente nas últimas horas. Então, ele a toma em seus braços, a coloca na cama e dá a eles uma noite de amor que jamais sentiram em suas vidas. 

Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança fica a critério da sua imaginação.

48 comentários:

  1. Estava inspirado ein? Post muito bom!

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  2. Bom texto! Acho que quando se ama de verdade, a gente aceita a pessoa como ela é.

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    1. Essa é uma grande verdade!
      O amor que muda conforme as situações mudam não deve ser chamado de amor. Talvez ambições pessoais que não deveriam ser partilhadas com outros seres pensantes, humanos.

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    2. Estamos todos de acordo. Amor está acima de preconceitos.
      Se não se vence esta barreira, não é amor.

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  3. bela postagem,me identifiquei em alguns trechos ,alias quem nunca amou de verdade alguem nao é mesmo!!
    feliz 2013 pra vc tbm =)

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    1. Valeu Roginho.
      Quem nunca amou de verdade não sabe o que perdeu.

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  4. Coisa linda, adorei isso mesmo... amor sem preconceitos
    afinal, ele se apaixonou pela pessoa dela e não pelo órgão sexual, seja homem ou seja, mulher, foda-se, eu gosto de pessoas.
    adorei teu blog, me tornarei seguidora, e virei sempre aqui
    e vc, visita o meu blog, me dá esse prazer :)

    http://www.diariodagarotadevariasfaces.blogspot.com.br/

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    1. Obrigado. Cada um é livre para amar. Isto não escolhemos.

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  5. Excelente texto.
    Inesperado o final, mas muito interessante.

    Parabéns!
    Curti sua escrita.

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  6. Excelente conto.
    Amor sem preconceitos.

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  7. Muito legal. Eu lendo percebi muitas cenas e situações clichês, mas como sou desconfiado, logo pensei "Ai tem coisa, e vai ser no final". Dito e feito. Parabéns!
    Abçs!
    http://blogpontotres.blogspot.com.br/

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    1. Valeu! Nem tudo é sempre o que parece, mas as vezes é apostar no óbvio surpreende - rss.

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  8. Excelente!

    http://inspiracaoentrelinhas.blogspot.com.br/

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  9. Sensacional.
    Adorei.
    Fim totalmente inesperado.
    Parabéns.

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  10. Gostei do texto apesar que não ter compreendido por completo ;)
    http://www.avidaemletras.com/

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  11. Acho tão bonito gente que passa da casa dos 20 anos ter uma cabeça tão aberta, é tão bom ver que as pessoas ainda podem ver o amor pela essência, e não por qualquer superficialidade!

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    1. Obrigado Letícia, eu já passei dos 20 faz tempo - rss.
      Mas, é isto ai. As pessoas tem que ser feliz.

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  12. Claudio você escreve lindamente!
    Parece que seus textos nos convida a entrar na historia ... :)
    Muito bom mesmo, parabéns Claudio.

    Abração

    Lyu somah
    http://lyusomah.blogspot.com.br/

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  13. Adorei, curti o fim fora do clichê de que tudo ocorre como o esperado... Parabéns!

    http://sweetpearcolor.blogspot.com.br/

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  14. Eu também comecei a ler achando "que clichê hein". Até o final é meio clichê, mas não deixa de ser surpreendente.
    Abraços, querido!

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  15. Texto muito inspirador e cara que atitude foda do Everson, que redescobriu o amor que sentia pela Gabrielli, mesmo com a raiva e fúria que estava sentindo!

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    1. Oi Tham, ainda bem que ele canalizou a raiva para o amor, né? Imagina o desastre que seria.

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  16. Final surpreendente. O conto ficou muito resumido, mas talvez seja o propósito. Adorei a expressão "Fidelidade ao sentimento". Estou seguindo teu blog.

    http://lua-lobo-candeia.blogspot.com.br/

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  17. Empolgadamente Interessante... Parabéns! Ótimo texto.

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  18. Ficou muito lindo seu texto. Uma estória bacana, escrita de forma simples, que nos conduz até o fim da leitura.

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  19. Pocha vida meu querido, meus parabéns pelo texto, certamente uma estória ou história muito interessante. Mesmo não sabendo o que falar sobre a situação, gostarai de comentar que se fosse eu, sinceramente não saberia se teria a mesma reação dele. Talvez eu tenha um pouco de ´PRE-conceito, mesmo sabendo que isto é ruim, pois a opção sexual da pessoal não diz nada sobre seu caráter e muito menos tira suas qualidades individuais, porém a sensação de não estar dentro dos padrões é um tanto, como posso dizer, constrangedora. Não sou homofóbico, não mesmo. Até tenho amigos (no plural porque é mais de um!!) que são, e gosto muito deles mesmo, mas não me passa a idéia de "ficar" com outro homem.

    Então é o seguinte, estou começando meu blog e se quiser retribuir a visita, sinta-se a vontade, mas até o momento não tem nada de interessante, no entanto, como tudo na vida, é um começo.

    Grande abraço e espero que ninguém entenda de forma errada o que eu disse.

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    1. Obrigado. É uma estória mesmo, mas qualquer semelhança ... rss
      Bom. Eu também não fico com um Gay homem, e isto não me faz homofóbico por um simples motivo: Eu não sinto atrações por gays homens porque apesar da orientação sexual deles ser diferente, eles são originalmente do mesmo sexo do que eu e eu sinto atração por murelhes, opa, quer dizer, pela minha mulher (não quero apanhar). Se fosse uma Gay mulher, eu ficaria se ela me quisesse, hipoteticamente falando é claro (continuo não querendo apanhar - rss). Os Gays podem e muitas vezes são excelentes e fiéis amigos como qualquer pessoa, porque a orientação sexual nada tem a ver com o caráter das pessoas.

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  20. Deixei de visitar seu blog e perdi um texto incrível!!!
    Assim como Everton teve diversas chances em duas de perder o amor de sua vida.
    Me fiz uma pergunta ao terminar o texto:
    Qual a força do amor que sinto por minha mulher? E se eu descobrisse algo surpreendente nela agora, algo que fosse capaz de me deixar confuso e irado? Eu deixaria o amor se perder, como se nunca tivesse acontecido? O texto me mostra escandalosamente que todos devem repensar quantas vezes forem necessárias no sentimento que chamamos de amor. O que mais vale, um novo fato que podemos não gostar ou o amor que emanou nosos sorrisos e suspiros durante todo o tempo?
    Sem falar que esse post mostra que o amor é mais forte que o preconceito ou qualquer mau conceito. O mundo precisa de mais Evertons, mais Pierres, menos falsos amigos e menos Gabrielli's reprimidas por medos em forma de preconceitos.

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    1. Caro Lesstack

      Seu texto dá base para um bom conto ou crônica.
      Valeu pela visita.

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  21. Bahhh!! Adorei o texto, mto bom, tu esta de parabéns!!
    Mas da uma dózinha de Everson no final :\

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  22. Esse aí foi diferente. Não imaginei nem por um momento que o final seria como foi. Não sei se eu faria o mesmo que o everson.

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