Em uma, não muito pequena, cidade interiorana, José Mauricio Cardoso era conhecido como Zezinho do
Cemitério, porque tinha a maior fissura¹ em pular o muro do local onde os
mortos descansam para arrombar jazigos e pichar túmulos. Seus amigos sempre o repreendiam por
perturbar os falecidos, mas nada adiantava. O fato é que ninguém conseguia
pegá-lo em flagrante, pois ele sempre conseguia um álibi e atacava sem o menor
padrão desnorteando² os controles da polícia e da segurança do cemitério. Foram
tantas as tentativas fracassadas que desistiram de pegá-lo.
Apesar do mau hábito ele era uma pessoa muito
simpática e bonachona. Os que sabiam do seu vício tanto gostavam dele que não o
entregavam para as autoridades.
Um dia as 3h00 da madrugada...
– Ei Zezinho aonde você
vai?
– Gildo! Que susto! Quer me matar do coração?
O que faz na rua a uma hora dessas?
– Eu venho do trabalho, tive que fazer serão
e você? Não vai me responder?
– Eu vou para o meu trabalho. Trabalho na
madruga, esqueceu?
– Tô sabendo. Você não toma jeito, né?
– Qual é Gildo? Tá tudo morto! Não vai fazer
falta, desencana.
– E o respeito? E o medo? Não tem medo?
– Ha ha ha, medo? Eu tenho medo de vivo e não
de morto.
E lá foi o Zezinho do Cemitério atacar as
suas vítimas indefesas.
Chegando ao local, deu uma boa conferida para
ver se havia segurança, escolheu o lado mais escuro e pulou. Caminhando entre
os túmulos para ver qual iria atacar, escolheu o que achou mais bonito e
começou o arrombamento, mas de repente aparece um homem bem vestido com terno e
gravata e diz:
– Olá!
O Zezinho pula assustado, quase gela, mas
responde:
– Olá! O que faz aqui?
– A pergunta é – responde o senhor – O QUE
VOCÊ FAZ AQUI?
– Bem, é que este é o túmulo do meu pai e ele
foi enterrado com um paletó que no bolso tem um documento muito importante e que eu
preciso muito – respondeu gaguejando.
– Ah! E por que não procura os meios legais?
Achando que a mentira estava colando, Zezinho
mais tranqüilo segue:
– É que a burocracia é muito grande, e o
tempo que tenho é muito pouco, aí resolvi agir.
– Mas isto não é legal.
– Eu sei, por isto vim a esta hora.
– Como você entrou aqui?
– Pulando o muro. Entrar é fácil, sair que é
difícil – Zezinho deu gargalhadas.
– E não tem medo dos mortos?
– Medo? – mais gargalhadas – Há pouco respondi esta pergunta. Eu tenho
medo de vivo e não de morto.
– Interessante! Então você não se importa se,
daqui a pouco, eu receber meus convidados?
– Como assim? – Perturbou-se Zezinho.
– É que, como eu sou um recém chegado, vou
dar uma festa para os mais antigos.
– Quer dizer que você? – volta a gaguejar
– Sim, você disse que não tinha medo, logo
pensei que poderia ficar para me ajudar a recebê-los. Depois que fiz a minha
passagem, nunca tive um ajudante vivo.
E lá se foi o Zezinho correndo desesperado.
Escalou o muro como se fosse um gato e desapareceu na noite. O senhor dá uma
gargalhada e percebe outra gargalhada que ecoa no cemitério e pergunta:
– Quem está ai?
– Não se assuste! Sou eu! Meu nome é Jonílson
e eu estava vendo você aplicar naquele cretino.
– Pois é, eu sou o novo zelador do cemitério.
Comecei ontem, e soube da fama deste safado. Eu me preparei para dar uma lição
no cachorro. Mas o que você faz aqui? E como entrou?
– Eu rezo. Entrar é fácil sair que é
difícil.
– Engraçado – risos – o canalha me disse a
mesma coisa, mas você não pulou o muro né?
– Não!
– exclamou Jonilson – eu moro aqui, e a propósito queríamos agradecê-lo
por nos livrar daquele peste. E se aquela festinha rolar mesmo, poderemos
comemorar.
Soube-se que o Zezinho mudou de cidade,
arrumou emprego e pediu para ser cremado quando morresse.
No jornal da cidade, no dia seguinte ao
acontecimento, foi publicado nos classificados:
PRECISA-SE DE ZELADOR DE
CEMITÉRIO.
1 – Fissura – Gíria para excitação
2 – Desnorteando
– Confundir, desorientar, tirar o norte.
O que foi isso?
ResponderExcluirClaudio eu estava lendo o texto e fiquei impressionado como você consegue fazer um texto de terror rs. Para tudo que eu quero acordar desse pesadelo rs. Para você ter uma ideia fiquei tão impressionado que estou olhando até para janela kkkkk.
Abraço amigão
rodrigobandasoficial.blogspot.com.br
Amiga um domingo de pascoa maravilhoso
ResponderExcluirpara você e família, coitado do Zezinho eu tenho
certeza que nunca mais ele vai entra no cemitério.
Venha participar do sorteio de um ano do blog
Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
amigo,
ResponderExcluiradorei esse texto!!!!Muito engraçado , divertido mesmo!!!!
Quem não temeria uma festa só com os que vivem do outro lado?????
Zezinho entrou numa furada!!!!!!
bjus
http://www.elianedelacerda.com
Alguém se candidatou a ser zelador?
Hahahhaha, sabia que teria algum habitante do local mostrando pra eles que nem tudo é ficção ;D As nossas fantasias as vezes podem ser mais reais, do que imaginamos.
ResponderExcluirComo sempre, diverti-me muito lendo teu texto Claudio. Você sabe contar estórias de uma forma muito fácil e agradável.
ResponderExcluirO texto ficou muito engraçado, bem que o Zezinho precisava mesmo de uma lição pra parar de mexer no que está quieto. haha
Bjs
eraoutravezamor.blogspot.com
semprovas.blogspot.com
kkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirNão consegui conter risos Claudio, como sempre, você tem as melhores estórias para nos contar!
Isso tudo me lembrou uma velha piada de um bêbado no cemitério, que se depara com uma alma penada.
Beijos!
Adorei o texto, super engraçado! Seu jeito de contar história é muito bom!
ResponderExcluirTem post novo no blog!
http://sindromedaeradeouro.blogspot.com.br/2014/04/pelo-interfone.html
Vem cá nos fazer uma visitinha!
Estou seguindo seu blog, beijos!
Já era de esperar esse final, adorei o texto.
ResponderExcluirMe lembrei de Eva Furnari com uma mistura de Vérissimo.
Deu pra viajar bastante nesse seu texto, parabéns pela criatividade.
XOXO :D
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Muito divertido...parabéns pelo seu talento!
ResponderExcluirBeijo
Letícia
www.leticiapsicologa.blogspot.com.br
rsrsrsrsrs...
ResponderExcluirAdorei, Claudio. Muito criativo.
Remeteu-me às histórias de 'assombração' que meu pai contava na minha infância e que me faziam cobrir a cabeça na hora de ir para a cama-rsrsrs.
Ótima narrativa.
Abraço.
Nem preciso dizer que eu gostei muito, né?!
ResponderExcluirUm susto atrás do outro! Esse negócio de entrar em cemitério!!!!
Lembra piada e o final "daquele desenho do Pica-Pau na cidade fantasma"! Eu racho quando o fantasma faz "Boo" =D
"3 - Bonachona: pessoa dotada de bondade natural e que é simples, ingênua e paciente".
KKKKKKK, Você é D ++++++++.
ResponderExcluirE não é que a gente acaba ficando com pena do Zezinho?
Bjssssss amigo e obrigada pelo carinho
Adorei e ri muito,Claudio!Você se superou nesse conto!
ResponderExcluirAmo seu blog.Desculpe a demora na visita,mas meu marido foi operado,está tudo bem,mas somente hoje pude retornar.
Obrigada pela visita
Beijos e uma semana de alegrias
Donetzka
Face Book:
https://www.facebook.com/donetzka.cercck
Blog Magia de Donetzka
Muito legal!!!
ResponderExcluirBjs – Su
www.rosachiclets.com.br
Adorei essa história, pobre Zezinho rsrsrsrs
ResponderExcluirNossa vc é muito criativo hein!
bjcas
http://estou-crescendo.blogspot.com.br/
amei seu post muito legal mesmo parabéns
ResponderExcluirhttp://crisartigosfemininos.blogspot.com.br
Amigo passando para ti deseja uma boa noite
ResponderExcluirBlog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
Gostei do texto, não só por ser de um gênero que gosto. Mas por ser também bem escrito e desenvolvido. Muito bom!
ResponderExcluirhttp://realidadecaotica.blogspot.com.br/
Caramba...
ResponderExcluirGostei muito desse blog, do texto e, sem brincadeira, acabei de escrever uma resenha no meu blog sobre o livro 1984 e... quando entrei aqui e vi o "2+2=5" fiquei impressionada com a coincidência!!
Estou seguindo!!
Até mais!
http://resenhasdalu.blogspot.com.br/
Eita! Segui um caminho, ri do seu conto, e me surpreendi, pois parece que o zelador já era morador de lá, eis que a cidade ainda está à procura de um (hehehehehehe). Abraço.
ResponderExcluirkkkkkkkkk.
ResponderExcluirBela anedota.
texto muito divertido.
Quando eu crescer quero ser igual a você
Eu pensei que seria "Desnorteando"
brendovieira.blogspot.com
uma nova historia diferente
ResponderExcluirgostei
Nanda
beijokas
Linda Noite
Sendo a mãe da Isa e da Gabi
Google+Nanda
AHHAHAHAHAH
ResponderExcluiradorei
gosto desse tipo de humor. Esse cemitério tá mais movimentado que tudo :P
Um beijo
www.naotenhopressa.com
Oi Claudio
ResponderExcluirAdorei seu blog.
Beijos
Ani
Nossa Claudio ,adorei o texto ,quando comecei a ler ,achava que o moço que apareceu de terno era uma sombração mesmo ,ri muitoooooo,é pressionante como vc tem imaginação para uma historia ,parabéns ...☺
ResponderExcluirRapaz, bom demais esse seu texto!!! Divertido, interessante, meio assustador; amei!!! Parabéns!
ResponderExcluirpetalasdeliberdade.blogspot.com
Uma história de arrepiar, mesmo.
ResponderExcluirBeijinhos
Muito bom, Cláudio! E o desfecho inimaginável para mim! Não é bom brincar com os mortos!! (rs*)
ResponderExcluirBeijus,
Oie Claudio =)
ResponderExcluirQue texto divertido! Estou rindo aqui sozinha na redação da revista que trabalho rs...
Parabéns!!
Beijos e um ótimo final de semana;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Amigo tenha um final de semana abençoado.
ResponderExcluirBlog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
Amiga boa noite eu estou passando para avisar que amanhã
ResponderExcluiro seu blog esta na lista da divulgação não esqueça de da uma
espiadinha, bom final de semana
Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
kkkkkkkkkkkkkkkk... muito bom mesmo!! adorei!! parabéns! :)
ResponderExcluirAté mais!
http://resenhasdalu.blogspot.com.br/
Você fez um texto de terror, mas obviamente iria ter que ter um pouco de humor no meio né? Rs gostei.
ResponderExcluirThoughts-little-princess.blogspot.com
Gelei aqui...eu morro de medo de historias assim de terror, mas a lição que o zezinho deu foi bem aplicada, mas poxa tadinho do zezinho tinha que se ferrar depois? kkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirVc escreve bem pra caramba! Parabéns.
detudoumpouco28.blogspot.com
Sabia que mesmo sendo terror, teria um final humorístico. Um excelente texto como sempre Chamun. Beijo.
ResponderExcluirhttp://utopianongrata.blogspot.com.br/