O jantar

Tudo começou em um jantar. Foi algo simples, dois casais, um Strogonoff caseiro acompanhado com muito vinho branco e sorvete de sobremesa.

Pedro e Bianca, os donos da casa, formam um casal tranquilo, já Martin e Glória nem tanto.

Depois da comida e da sobremesa, mais vinho. Todos estão altos quando o celular de Martin toca. Ele não atende deixando Glória desconfiada...

– Quem era? – pergunta ela. 

– Ninguém, amor.

– Não atendeu por quê?

– Que isto amor? Vai ter uma crise de ciúmes aqui na casa dos amigos?

Glória, muito ciumenta, pega a sua bolsa e vai embora. Bianca, apesar de tentar impedir, a acompanha até a porta. Surpresos, todos os outros três ficam sem reação, até que...

           – Não vai atrás dela? – Pergunta Bianca.

– Não! Ela é mimada demais. Se não se importam ficarei mais um pouco.

– Claro que não! – responde Pedro.

Após algumas horas e muitas outras garrafas de vinho...

– Bem tenho que ir embora.

– A pressa é tua – diz Pedro.

– Merda! – fala Martin

– O que foi? – indaga Bianca.

– Ela levou a chave do carro na bolsa.

– Agora ferrou – disse Pedro – dorme aí. Tá caindo o maior toró lá fora e você não está em condições de dirigir. Tá muito bêbado – e todos riram.

– Não. Vou de táxi. Não quero incomodar.

– Não incomoda, né amor? – diz Bianca – fique aqui sim, o outro quarto já está em condições de receber visita. Eu ligo para a Glória e aviso.

Então, ele fica.

Martin não consegue dormir e de madrugada quando vai a cozinha buscar água se surpreende encontrando Bianca usando uma camisola transparente e sem sutiã.

– O que foi? – parece assustado.

– Bianca. Você está quase sem roupa.

– E daí. Somos amigos.

Ela ri, pega um copo de água e volta para o quarto.

No outro dia, Pedro acorda mais cedo, deixa um bilhete para a Bianca dizendo que foi levar o carro na revisão e sai em silêncio.

Ao levantar, Bianca do jeito que dormiu vai até o quarto onde está Martin e fica parada em frente dele. Ele abre os olhos e se assunta.

– Bianca, você vestida assim de novo?

– Vim ver se precisa de alguma coisa.

– Cadê o Pedro?

– Saiu.

– Eu não estou entendendo, você tá me dando mole?

– Estou!

– Que loucura! E o que fazemos com o Pedro?

– A mesma coisa que com a Glória. Cada um por si.

Ela se senta na cama e percebe a excitação dele. Então, puxa o lençol e deita-se com ele. Os beijos começam e param... bem, quer dizer, não param. E algum tempo depois...

– Esta eu não entendi – disse Martin.

– É simples. Eu te acho bonito, tenho atração por ti e pronto.

– Nossa! Mas tudo bem, para mim valeu a pena. Agora preciso ir. Terei que procurar a maluca da Glória ou um chaveiro.

– Não precisa.

– Como assim.

– Quando ela foi embora, deixou a chave em cima da mesinha ao lado da porta. Eu não te avisei, para te manter aqui. Quando liguei para avisar, falei apenas que você não estava em condição de dirigir. Temos mais algum tempo...

– Safadinha, mas e o Pedro não vai chegar.

– Recém saiu, vai demorar.

– Certo, mas tenho que ligar para a Gloria para a situação ainda não ficar pior.

– Não demora – risos

Não muito longe dali o telefone toca...

– Alô... Sim... claro amor. Eu que peço desculpas Martin querido... sim, eu sei que sou ciumenta...  tudo bem, beijo.

– Quem era?

– O Martin.

– Ele já está vindo?

– Não! Pode voltar para cama meu gostoso. Ele disse que está tomando café com a Bianca e contigo e que vai demorar.