Felipe
Lima, após se formar em Medicina, retorna à sua cidade natal, Senópolis, com o
objetivo de melhorar a saúde da população. Encontra a namorada de infância, Mariana,
que recentemente rompera seu compromisso com o noivo e reiniciam o antigo relacionamento.
Inteirando-se
da situação da única empresa de grande porte da cidade percebe que a Mega S.A. lucra
muito, mas oferece poucos benefícios. Tenta em vão conversar com os
proprietários. Então, se dispõe a ajudar o sindicato na luta por melhores condições
de trabalho. No início foi difícil, mas ele foi ganhando a confiança da
população.
De
família de posses, Felipe pode se dar ao luxo de atender gratuitamente as
pessoas de baixo poder aquisitivo.
Até
esta data, a empresa era dominadora e o sindicato, embora atuante, não tinha
forças devido ao medo dos funcionários.
O quadro funcional da Mega era de 100% dos moradores de Senópolis. O
receio de todos era de que a poderosa fechasse as portas e a maior fonte de
empregos da cidade secasse. Em Senópolis, ou eram fazendeiros, caso da família
de Felipe, donos de pequenos negócios ou funcionários da grande fábrica.
O
doutorzinho, assim tratado carinhosamente, foi conquistando a todos e com isto,
chamando também a atenção da imprensa das cidades maiores.
Em
uma reunião no Sindicato:
–
E se eles fecharem as portas e forem para outra cidade? – Perguntou um
participante.
–
Amigos! – Falou Felipe – Eles precisam de vocês tanto quanto vocês precisam
deles. É muito custoso para uma empresa deste porte mudar para outra cidade. Eles
terão de qualificar a mão-de-obra, e isto temos aqui em abundância. E
depois, em outro lugar, as pessoas também poderão fazer reivindicações.
–
Vamos fazer greve já? – Perguntou outro participante.
–
Infelizmente sim. Eles nem querem conversar. Acham que estão acima de tudo e de
todos. Precisamos mostrar a eles nossa força, e somos fortes, acreditem!
–
Então amanhã começaremos!
–
Isto! Vamos para frente da fábrica. Faremos muito barulho. Mas lembrem-se, tudo
pacificamente. Sem violência e sem quebra-quebra. Precisamos dar exemplo e não motivo
para nos acusarem.
A
greve durou uma semana e a empresa prometeu atender as reivindicações. O
movimento foi suspenso. Passou o fim do mês e o prometido não foi cumprido. Nova
greve começou, mas desta vez não durou dois dias, pois o sindicato foi chamado
na empresa para representar os funcionários. O sindicato delegou esta tarefa a
Felipe.
–
Sr. Lobato – chamou a secretária – O Dr. Felipe está na recepção.
–
Mande-o entrar e chame o Alan e a Denise.
–
Com licença – Felipe entrando na sala do diretor de RH e um dos donos da Mega
S.A.
–
Pois não. Pode entrar.
–
Prazer, Felipe Lima.
–
(Risos) Eu sei, cidade pequena, acabamos sabendo quem são as pessoas.
–
Mas eu não conhecia o senhor, nunca foi no meu consultório.
–
Quando preciso vou a Capital. Ah! Os advogados chegaram. Estes são Denise e
Alan, advogados da empresa.
Após,
as devidas apresentações realizadas...
–
Então é o representante do Sindicado – Falou Alan.
–
Sim! Fui nomeado e aclamado pelos sindicalizados.
–
Estamos de posse das reivindicações – falou Denise – 30% de aumento, plano de
saúde, ambulatório na empresa, creche, participação nos lucros. É uma bela reivindicação.
–
Mas nada que vá quebrar a empresa – falou Felipe.
–
E o que você entende das finanças da nossa empresa? – Falou Lobato rindo.
–
Uma empresa deste porte, sem concorrência na região. É exportadora. E o balanço
anual tem que ser publicado. É de fácil acesso.
–
É! Este é esperto – Alan cochicha no ouvido de Denise.
–
Você está me dando muita dor de cabeça – falou o diretor.
–
Não precisava nada disto – retruca Felipe – os funcionários pedem muito pouco
perto do que produzem.
–
Mas 30% é muita coisa para dar assim.
Felipe
respira fundo e continua:
– Sabemos disto. Estamos cientes. A nossa
idéia é de 15% agora e 15% no fechamento do semestre.
–
E se nós não toparmos – retruca o diretor.
–
Será ruim para todos.
–
Pois é – falou o diretor – Nós já estávamos mais ou menos preparados para isto
temos a seguinte proposta: 11% no fim do mês e 11% no final do ano. O plano de
saúde está em estudo, resolveremos até a metade deste ano. Quanto a
participação nos lucros já está decidido, ficará para o ano que vem com base no
resultado deste ano. Só ficaremos devendo a creche e o ambulatório. Não
dispomos de espaço físico. Há muito tempo estamos querendo comprar o terreno
aqui ao lado da Mega. Temos preferência no negócio. Porém, há um problema com o
inventário, coisa de herdeiros desunidos. Haverá espaço para ampliarmos a
fábrica e construirmos um ambulatório e uma creche. Você sabe o que significa a
ampliação da fábrica, né?
–
Sim senhor! Aumento de emprego – falou Felipe.
–
Isto ai! É um garoto esperto. Você não quer trabalhar para nós? Podemos
arrendar o seu consultório enquanto não fechamos o negócio. Depois poderá trabalhar no ambulatório.
Gostamos de pessoas inteligentes ao nosso lado.
–
É uma proposta tentadora, mas se o senhor não se ofender, prefiro esperar o
acordo ser assinado antes de dar a resposta. Preciso passar a nova posição aos
funcionários. Não posso decidir sozinho, é a vida deles.
–
Você é quem sabe. Meus advogados procurarão o sindicato para fecharmos o
acordo. Mais uma coisa, se eles aceitarem, e espero que aceitem, voltarão ao
trabalho já. OK?
–
Combinado.
Felipe
sai e comunica a todos. Para quem estava acostumado a não receber nada, a
notícia foi comemorada.
Ainda
na sala do diretor:
–
Garoto esperto este doutorzinho – falou Denise.
–
É, está nos dando muita dor de cabeça mesmo – falou Alan.
–
Alan, resolveremos isto hoje, correto? – indagou Lobato.
–
Sim senhor, de hoje não passa.
Felipe
retorna para o consultório. No final do dia, Mariana vai ao encontro dele.
–
Oi amor, como foi a negociação com a Mega?
–
Tudo perfeito, a contraproposta ficou um pouco abaixo, mas o pessoal aceitou.
De resto temos ótimas perspectivas.
–
E se eles não cumprirem?
–
Acho que cumprirão. Se não, por que teriam me chamado? Eles perderam muito com
a paralisação. O povo daqui nunca teve coragem de reagir. Agora sabem que são
fortes.
–
Que bom! Amor, posso dormir na sua casa hoje?
–
Claro que pode. Mas por que hoje? – risos – Não é as terças de manhã que ficas
com o teu sobrinho?
–
Amanhã minha irmã não vai trabalhar, está de folga.
–
Que bom, então vamos. Estou cansado e um pouco atrasado para ver o programa
médico que passa as segundas.
Quando
o carro está para dobrar a esquina da casa de Felipe, ele pede para Mariana
pegar o controle da garagem que está no porta luvas. Ela deixa cair e deita no
seu colo para procurar.
–
O que é isto querida?
–
Caiu em baixo do banco, estou procurando.
–
Risos – Mas se alguém vir, o que vão pensar?
–
Ah, nada a ver.
–
Mas é minha rua, levanta.
–
To quase pegando, cheguei a tocá-lo, mas escorregou.
–
Já estamos na frente de casa. Deixa que eu saio do carro e procuro.
–
Não precisa. Eu consegui.
E
Mariana levanta e repentinamente cai novamente no colo de Felipe que percebe
sua cabeça ensangüentada. Mas nem teve tempo para pensar no que houve porque
sua cabeça também é atingida. A luta de Felipe acabou ali. Infelizmente, nada
ficou provado. Apesar de sua morte, a população continuou mobilizada. A empresa
cumpriu o prometido. Outros líderes se
formaram, mas a imagem de Felipe ficou para sempre na lembrança do povo.
e assim infelizmente é a vida
ResponderExcluirmais um Felipe que se foi
por uma causa
*´¨)*Linda Noite!
¸.•*¸.• ?´¨).• ?¨) Beijokas da Nanda
(¸.•´*(¸.•´*(.¸. •*
Mamãe de Duas
Que dor, que tristeza que tragédia
ResponderExcluirmas é assim, vc morre sem saber o pq
Com tantos planos e tudo se ruiu o que
foi uma pena......Claudio vc continua arrasando
nos seus contos!!
Abraços de sempre
└──●► *Rita!!
Cláudio tu sempre me impressiona, fiquei com os olhos grudadinhos até o ponto final... Bom dia meu amigo. Te convido a participar da festa de encerramento da 1ª fase do 9º Pena de Ouro... Vamos respirar poesia... Um doce beijo no coração.
ResponderExcluirah! cadê o selo participação e o trofeu Trovador lírico? :-( kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Triste o conto,mas tem um lado muito positivo, pois precisamos de pessoas assim como Felipe, que ajudem aos menos favorecidos e que não vivam por dinheiro!
ResponderExcluirA vida seria mais interessante, se todos se comprometessem com todos, se fosse uma humanidade comprometida e dividir , gosto de pessoas solidárias como esse médico, só foi muito trágico o que aconteceu com Mariana!
A vida nos apronta mesmo!!!!
http://www.elianedelacerda.com
Um ótimo texto, mas com um final triste. Lamentavelmente, algumas vezes é assim.
ResponderExcluirpetalasdeliberdade.blogspot.com
Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência... Forte, mas é isso que estamos habituados a ouvir, infelizmente.
ResponderExcluirComo sempre, um ótimo texto, Claudio.
abração.
eraoutravezamor.blogspot.com
semprovas.blogspot.com
Infelizmente é isso que acontece. É o Brasil da impunidade.
ResponderExcluirBelo texto.
Testahy
Curta: Testahy
Nossa, Claudio, fiquei emocionada com esse conto!!!
ResponderExcluirPrecisamos de muitos Felipes em nossas vidas!!!
Infelizmente, muitos que tentam mudar o "sistema" acaba assim!!!
Feliz domingo para vc!!!! Bjsss!!
http://www.agendadosblogs.blogspot.com.br
Uma história forte... ele era um exemplo, pois foi bom e fez coisas boas, pena que se foi. abraços
ResponderExcluirQue historia mais linda e ao mesmo tempo triste. Pelo menos depois da morte do Felipe eles continuaram o combinado e ainda penso que pode ter sido um dos que ficavam com inveja dele.
ResponderExcluirAbraço
rodrigobandasoficial.blogspot.com
Ai me pergunto qual o valor de uma vida?
ResponderExcluirHj em dia saímos de casa e nem sabemos se vamos voltar.
O importante mesmo e viver cada dia intensamente, praticando o bem.
Afinal todos seremos lembrados pelos bens que praticamos.
Adorei sua visita no meu blog =)
Bom dia Poeta. A 2ª Fase do 9º Pena de Ouro já começou. Tu fazes parte da brincadeira, então vamos agitar a blogosfera! Beijos no coração.
ResponderExcluirlindo, um final triste, semelhança com a realidade que nos rodeia....bjs
ResponderExcluirwww.blogpinkmakeup.com
Grande tragédia...
ResponderExcluirObrigada por sua visita e comentário.
Como não comentou no último post quase passava despercebido :)
Volte sempre.
Beijinhos
A realidade é dura e triste.... infelizmente vivemos em um mundo onde o dinheiro é quem manda :/
ResponderExcluirhttp://vivasincera.blogspot.com.br/
amei o texto e infelizmente isso acontece
ResponderExcluirbjs
http://crisartigosfemininos.blogspot.com.br/
Olá Claudio
ResponderExcluirVocê, como sempre, escrevendo maravilhosos textos.
Parabéns!
Beijos
http://estantedafer.blogspot.com.br
Boa tarde Claudio.
ResponderExcluirNossa que final trágico. Fiquei como sempre tão ligada na leitura que jamais imaginava esse fim...Muitos que entram em lutas com a pura intenção de fazer o bem em prol de muitos e mexem com os Grandes Poderosos acabam dessa maneira, essa é a mais pura verdade.Lamentável.
Abraços com carinho e tenha um ótima semana.
Marilene
Oi Claudio, muito forte tudo isso. E infelizmente acontece mesmo...
ResponderExcluirAbraços, excelente semana.
E assim devem ter morrido diversos Felipes por aí. Infelizmente essa é a realidade do capitalismo.
ResponderExcluirBJssssssss
Que história triste meu amigo, mas infelizmente é a nossa realidade... :(
ResponderExcluirMuitos "Felipes" morrem e nada é feito por eles.
Beijos. ♥
Diário da Lady
Bom dia, Claudio, seu texto é bom demais, me fez sentir muitas emoções.
ResponderExcluirÉ triste saber que ainda acontecem fatos como este. Você pintou com palavras um acontecimento muito triste. Nota dez para seu texto. Grande abraço1
Infelizmente essas coisas acontece, até quando isso vai continuar a acontecendo, Cláudio beijos.
ResponderExcluirBlog /Fan Page / Twitter /
Ah! Cláudio, estava tão lindo, caminhando inteligentemente tão bem, eu preferia um final feliz... Chi! Amanhã essa matéria vai estar no Cidade Alerta.
ResponderExcluirParabéns e beijo!
Outro ótimo texto, não esperava por esse final. Mas gostei, por ser diferente do que você usualmente escreve.
ResponderExcluirThoughts-little-princess.blogspot.com
Triste e tantas vezes tão real! Lindo,mais uma vez! abração praiano,chica
ResponderExcluirótimo texto!
ResponderExcluirBem reflexivo, bom para pensar!!
Bjs, Lu - http://resenhasdalu.blogspot.com.br/
Oie Claudio =)
ResponderExcluirImpossível ler esse texto e não ficar com aquela pontinha de tristeza no final. Ele traz uma ótima reflexão, mas as vezes é difícil acreditar que a vida pode ser tão complicada e por que não, - trágica.
Beijos;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Que do mal, você, Chamun! Sempre com essas histórias realistas e finais imprevisíveis. E esse foi triste e injusto demais, mas a mensagem foi boa.
ResponderExcluirFoi mal a demora em passar aqui. Estive meio fora do ar, mas agora estou de volta em novo lugar. Dá uma olhada lá e se puder divulga para os seus contatos. Abraço.
http://portalquasetudo.com.br
Um texto carregado de realidade. Triste, real e reflexivo.
ResponderExcluirAté mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/
Olha eu aqui novamente amigo Claudio!
ResponderExcluirComo sempre com textos incríveis. A triste realidade no mundo néh?!
Um texto super reflexivo!
Um super abraço do Lyu Somah
http://lyusomah.tumblr.com
Ótimo texto, só não gostei da parte que o Felipe morre, mas é a realidade né?
ResponderExcluirdetudoumpouco28.blogspot.com
Muitos mártires precisam sacrificar a vida pra alcançarem os objetivos, o que é uma lástima. Mas se não houver pessoas como Felipe, infelizmente, a possibilidade dos trabalhadores serem valorizados, é mínima.
ResponderExcluirQueria te indicar um filme, caso não tenho assistido ainda Claudio. Trata um pouco sobre esse assunto, chama-se: "Uma história de amor e fúria."
Olá, Claudio.
ResponderExcluirGrande texto; infelizmente, ele é mais atual e comum do que podemos imaginar.
Na teoria, a lei deveria socorrer a todos e punir s culpados, mas na prática ela existe para salvaguardar quem tem muito dinheiro e manda em quem não tem.
O mundo sempre será injusto por causa da ganância humana, o que devemos fazer é sempre tentarmos agir contra as injustiças e darmos o exemplo, para que outros o façam e desta forma possamos criar um mundo melhor.
Abraço, Claudio.
Olá!!!
ResponderExcluirPassando para visitar o seu blog e para falar que eu estou te indicando o SELO PREMIAÇÃO BLOG, chamado The Cracking Chrispmouse Bloggywog Award.Ficarei muito feliz se você aceitar o Selo.Passa na Agenda dos Blogs e leia a postagem completa e pegue o seu selo. Bjsssss!!!!
http://agendadosblogs.blogspot.com.br/2014/07/selo-premiacao-blog.html
http://www.agendadosblogs.blogspot.com.br
Que triste... infelizmente acontece isso. Bom texto!! beijinhos
ResponderExcluirOlá Claudio,
ResponderExcluirInfelizmente, o conto retrata uma cruel realidade. O egoísmo e a ganância transformam o ser humano, que se torna capaz de qualquer ato de violência para não perder privilégios e lucros. Mas Felipe fez sua parte e deixou um rastro de exemplo a ser seguido.
Muito bom!
Grata pela atenção. Desculpe-me a demora em retornar. É que as coisas se complicaram por aqui.
Grande abraço.
Ai que texto triste e verdadeiro :(
ResponderExcluirbjcas
http://estou-crescendo.blogspot.com.br/
Oi, Claudio!
ResponderExcluirUma pessoa honesta e de boa vontade sempre será alvo dos tubarões, ainda mais dos sindicatos que piores que as empresas.
Bom fim de semana!
Beijus,
Boa noite amigo Cláudio!
ResponderExcluirUm texto surpreendente. ..e é sempre assim na vida real. ..uma luta constante por mais e mais poder...
Muito triste. ..
Feliz Semana!
Abraços da Bia!
Tragédias do cotidiano da luta pelo poder. Abraço.
ResponderExcluirhistória forte com final triste, mas realista... Mais um ótimo conto, Claudio!
ResponderExcluirCaramba! Forte Claudio!
ResponderExcluirAdorei o final, fez um suspense muito legal e conseguiu mudar o final que eu esperava!
Identidade Aleatória
Gostei muito da história! Inclusive pelo questões sociais... Mas eu já li o próximo post antes de voltar aqui para comentar, então já sei quem foi o mandante do crime.... Mas antes também suspeitei da firma...
ResponderExcluirChampanhe pra todos comemorarem tanta sabedoria!!
ResponderExcluirPena que teve um final triste, mas é bem assim na vida real.
TIM! TIM!
Beijos,