– Oi!
– Oi. Quem é a
exuberante gata?
– Pode me chamar de
Bela.
– Uh! O nome faz jus
a pessoa.
– Obrigada.
– Já vou dizendo que
não sou uma boa companhia.
– Por quê?
– Já faz tempo.
– Mas o que aconteceu?
– Deixa para lá. O
que você quer com um bêbado como eu?
– Já faz alguns dias
que te vejo sozinho neste bar e bebendo muito. Aí eu me pergunto: Por que um
homem tão bonito, jovem com saúde, está se estragando deste jeito?
– E o que tem mais
para se fazer nesta cidade de merda além da praia de água doce, terras para
cuidar e beber?
– Sempre ouvi falar
bem de Senópolis e deste lindo lago.
– Ouviu mal gata.
Aqui não tem nada. Só o lago mesmo.
– Têm você.
– Moça, você é muito
linda, uma gata, mas realmente não estou legal.
– Eu estou vendo,
então, resolvi me aproximar para ver se eu ajudo.
– Acho que não tem quem possa me ajudar.
– Quem sabe? Deixa eu tentar.
– Como?
– Comece dizendo o
teu nome.
– João Carlos. Mas
pode me chamar de JC.
– Certo JC! E o que
faz?
– Sou fazendeiro.
– E moras aqui nesta
cidade?
– Sim.
– Há quanto tempo
você está deprimido assim?
– O que você é? Jornalista ou psicóloga?
– Calma, eu só quero
ajudar.
– Tudo bem. É que
estou zonzo. Bebi muito e são tantas perguntas...
– Certo. Na verdade,
eu me formei em psicologia, mas não exerço a profissão.
– O que faz então?
– No momento nada de
mais, apenas quero me divertir. Como eu disse ouvi falar muito bem daqui,
muitas terras, hotéis fazenda, este lago bonito e homens lindos. Aí eu vim para
cá e te vi. Eu te achei o maior gato. Fiquei interessada.
– Puxa! Um mulherão
como você interessada em mim, um bêbado amargurado.
– Todo mundo tem seu
valor, você deve estar passando por momentos difíceis. Talvez esteja faltando
alguém como eu na tua vida – risos.
– Bela. Não posso me
envolver, na verdade não quero.
– JC, eu sou uma
mulher moderna. Não quero envolvimento. Não agora. Nem nos conhecemos. Apenas
eu te achei interessante e gostaria de saber da tua história e curtir um pouco
da vida com uma companhia agradável para o corpo e para os olhos se é que você me
entende.
– Gargalhadas – claro
que eu entendo. Agora estou gostando.
– Que bom. Quem sabe
assim você desabafa e eu acabo ajudando em alguma coisa.
– Não posso falar
aqui.
– Por que não me leva
para um lugar mais discreto, aconchegante?
– Bem, na minha casa
estão os meus pais. Tem o meu apartamento do outro lado do lago, mas faz tempo
que não vou lá. Na geladeira tem bebida e no bar idem, mas a casa deve estar um
pouco empoeirada.
– Não tem problema.
Desde que fiquemos sozinhos para uma noite agradável e jogarmos conversa fora e
quem sabe algo mais.
– Certo! Então vamos.
Aqui nesta cidade é tudo perto mesmo. Mas antes eu quero um beijo.
E eles se beijam e
vão para o apartamento. Chegando lá, mal JC abre a porta começa a agarrar Bela
que reage.
– Calma garoto! Só
porque gostei de você e te dei um beijo lá no bar não significa que tem que ser
assim.
– Mas o que você veio
fazer aqui então?
– Vamos conversar um
pouco. A noite é longa, teremos muito tempo. Você não está legal. Eu não
gostaria que nossa primeira vez, talvez única, fosse uma droga.
– É! Acho que você
tem razão.
E JC dá mais um longo beijo e Bela corresponde.
Ela senta no sofá e pede que JC deite em suas pernas.
– E porque mora com
os pais e não aqui.
– Eu ia me casar e
vir para cá, mas não rolou. Não tenho clima.
– Hummm. Interessante.
– Seu perfume me
deixa louco.
– Eu sei. Faço muito
sucesso com ele.
– Você é assim mesmo?
Entra num bar, beija um estranho e vai para o ap dele?
– Você acreditaria
que foi só com você?
– Como estou bêbado,
vou acreditar – e JC solta uma gargalhada.
– Mas me conta, foi
briga com a namorada é?
– Antes fosse. Ela
morreu.
– Oh! Sinto muito. É
com quem ia se casar? Quer falar como?
– Sim, com ela, foi um
acidente.
– Que tipo?
– Você quer mesmo
saber, e quem garante que você não é da polícia?
– Policia? Deus me livre. Quero distância.
E Bela dá mais um
beijo em JC e pede:
– Prepara uma
bebidinha para a gente. Pode ser vodka
com gelo.
Ele busca as bebidas e senta ao lado dela. Enquanto Bela acaricia os seus cabelos, vai usando o forte poder de sedução
insistindo nas perguntas.
– Está mais calmo? Quer
falar agora?
– Por que devo
confiar em você? Eu nem te conheço.
– Sei lá. É apenas
curiosidade. Vontade de saber mais de você. Pelo jeito a amava muito.
– Sim, eu era louco
por ela.
– E a morte separou
vocês, que pena.
– Sim e não.
– Não entendi!
– Nós estávamos
separados antes dela morrer. Eu ainda tinha esperanças de reconquistá-la, mas
deu tudo errado.
– O que deu errado?
– Chega de perguntas,
agora eu quero você.
– Calma JC, preciso
de outro drink, vamos devagar, temos a noite toda.
Ele não percebe que
Bela não está bebendo e sim derrubando a bebida no vaso que está muito próximo
do sofá. E depois de alguns drinks...
– De certa forma você
me lembra ela.
– É mesmo? Em quê?
– Cabelo, boca,
estatura, jeito de falar e o perfume é o mesmo – e JC começa a chorar.
– Calma querido – ela
o acalma com beijos e carinhos – estou contigo. Deu saudade?
– Não, remorso.
– Por que não me
conta o que aconteceu? Desabafa, vai ser
bom para você.
– Não posso! Foi um
crime.
– Você a matou?
– Não! Já falei que
foi um acidente.
– Mas você falou que
foi um crime e estava preocupado com a polícia.
– É, de certa forma a
culpa é minha, mas eu não queria. Acho melhor você ir embora. Eu já falei demais.
– Não vou deixar você
nesta estado, e depois não está sendo bom? Você não está desabafando? Chorar lava a alma e como já disse sou moderna,
acho um charme homem chorar. Desabafa vai.
– Não sei. Não te
conheço. E você só está me enrolando.
– E Bela dá mais um
longo beijo em JC e diz:
– Ok, se você não
quer mais falar, chore apenas então. Eu vou embora.
– Não! Fique! Acho
que a minha vida não vale mais nada mesmo. Vou contar o que aconteceu... Nós
estávamos namorando há quatro anos. Começamos um ano depois que ela e o Felipe terminaram. Ele foi estudar na capital. Namoraram por mais um tempo, mas a distância complicou. Eu sabia que ela ainda não o tinha esquecido totalmente. Porém, nos dávamos bem. Éramos
felizes.
– E o que mudou?
– Ele voltou e a Mariana ficou diferente. Então eu percebi que ela ainda o amava. E eu estava certo. Ela terminou comigo e começaram a namorar. Marcaram até
casamento.
– E o que este Felipe representa para cidade?
– Representava, ele morreu também. Era o doutorzinho de Senópolis.
– Doutorzinho?
– Sim, o médico dos pobres.
– E o que você fez?
– Você quer mesmo
saber?
– Sim, quero mesmo
saber, já chegamos até aqui. Não pare.
JC forma uma carreira
de cocaína – Servida?
– Não curto cocaína.
– Eu contratei um matador
de aluguel para acabar com ele.
– Como?
– Na internet. Tem
sites disfarçados. Alguns fazendeiros, como eu, têm algumas manhas.
– E as suspeitas?
Não caíram sobre você?
– Não. Nós terminamos
numa boa. Eu contive o meu ódio. Não ameacei ninguém. E o doutorzinho estava
fazendo muito barulho na cidade.
– Como assim?
– Ele desafiou os
poderosos da única grande empresa do lugar.
A empresa teve muito prejuízo com a greve que ele organizou. Seriam os
suspeitos perfeitos.
– E o que deu errado?
– No dia que ele foi
morto, a Mariana estava com ele. Não sei o que aconteceu. Acho que o matador
não queria testemunhas. Sei lá, só sei que aconteceu.
– Há quanto tempo
ocorreu isto?
– Sete meses. De lá
para cá comecei a beber e consumir drogas. Minha vida acabou.
– E o matador?
– Nunca mais ouvi
falar.
– Entendo, e não pode
ir à polícia né? Óbvio.
– É. Fiquei sem a
minha Mariana para sempre.
– E porque não se
vinga dele? Não tem como achá-lo?
– Este tipo de gente
é escorregadio. Ele já deve ter trocado de site umas três vezes a estas
alturas. E é muito perigoso.
– E não tem perigo
dele vir atrás de você?
– Não. Ele também não
sabe quem eu sou e sabe que fez bobagem.
– Como pode ter
certeza disto?
– Eu não paguei a
segunda parte e ele nem se manifestou.
– É! Uma história e
tanto. Daria um livro.
– Não seja nem louca.
– Relaxa. Não posso
me expor a tanto. Lembra que eu disse que quero distância da polícia?
– Sim, quer dizer,
mais ou menos, não estou legal.
– Pois é, eu sou
representante de um traficante.
– Quem diria. Uma
gata gostosa desta, envolvida com traficante? O mundo vai acabar.
– Risos – Por isto
não posso me drogar. É ruim para os negócios.
– E o que você vende?
Tem aí?
– Tenho amostra, é
claro. Não posso ser pega com a mercadoria assim. Caso me peguem com a amostra
eu digo que sou usuária.
– Espertinha. E o que
é?
– Coca, da boa.
– Deixa eu
experimentar.
– Eu te dou. Mas
antes deixa eu ver o site do matador, isto me excita, quem sabe a gente volta
para o clima?
– Você é louca mesmo,
hein?
– Só um pouquinho.
Vamos meu amor, mostra para mim, já estou ficando louquinha.
– Tá bom, eu vou
ligar o PC. Mas acho que o site deve estar desativado. Vai fazendo a
carreirinha para mim.
JC conecta e para sua
surpresa o site está ainda no ar. Ele a chama para ver. Enquanto Bela examina e
faz algumas anotações, ele cheira a carreira que ela preparou. JC não percebeu
que a droga tinha alguma coisa a mais. Imediatamente ele começa a sentir-se mal.
Enquanto ele agoniza sobre a mesinha de centro, Bela vai anotando o que precisa
e pensa em voz alta:
– É, meu querido, bem
que você falou que sua vida não valia mais nada.
Bela junta suas
coisas, contorna a mesa onde está o corpo de JC, usa o seu celular para fazer uma
ligação e diz:
– Podem mandar a
operação limpeza. Estou saindo.
Essa Bela, hein...
ResponderExcluirMeu amigo Claudio, realmente eu amei esse conto!
ResponderExcluirmuito bem bolado, você está de parabéns!!!!
Bravo!!!!!!!!!!!
Merecido o final dele!!!!!!
Bjus
http://www.elianedelacerda.com
Boa noite amigo Cláudio!
ResponderExcluirEita. ..e não é que deu uma reviravolta daquelas... ( risos ).
Esta apto a escrever capítulos para programas criminais. ..rsrsrs
Feliz Semana!
Abraços da Bia!
Pai nosso que história.............
ResponderExcluirSem palavras
Bela........que mulher é essa.............
Abraços de boa noite com bons sonhos
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ Rita!!
"Põe na tela, põe na tela..."
ResponderExcluirQue mente pródiga amigo rs. Acerto de contas, muito bom!
Beijos!!!
Essa é a Bela ou a FERA? kkkkk
ResponderExcluirSensacional ele cair nessa cilada.
Amigo, estou tentando me acertar depois da fase "computador, tablet e internet"
Oh vida!
Bjsssssss e uma semana bem linda p/vcs
Não imaginava que aquele outro conto teria essa continuação, mas gostei, foi bem bolada.
ResponderExcluirthoughts-little-princess.blogspot.com
Dever é complicado dentro da criminalidade. Você é muito criativo. Lendo a postagem anterior não imaginava esse caminho. Abraço.
ResponderExcluirA droga faz tudo de mal para a pessoa, que confissão que final que teve esse homem, Cláudio passando pra desejar uma ótima semana beijos.
ResponderExcluirBlog /Fan Page / Twitter /
caraca e eu achando q a culpa era da empresa rsrsrs
ResponderExcluirbjs
** https://www.youtube.com/crisartigosfemininos **
** http://crisartigosfemininos.blogspot.com.br/ **
Cláudio você realmente você conhece essa bela amei o texto
ResponderExcluirda para ser um redator de teatro,tenha uma semana abençoada.
Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
Canal de youtube: http://www.youtube.com/NekitaReis
Arrasou amei o texto tenha uma semana abençoada.
ResponderExcluirBlog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
Canal de youtube: http://www.youtube.com/NekitaReis
Olá Claudio!
ResponderExcluirAcho que nem preciso falar o quanto seus textos são maravilhosos, né?
Adoro ler cada um deles!
Você está de parabéns.
Beijos
http://estantedafer.blogspot.com.br
Muito bom! parabéns!
ResponderExcluirBjs, Lu
http://resenhasdalu.blogspot.com.br/
Uhh, estou vendo o início de um conto seriado? Está ficando bem legal, Chamun. Atiçou minha curiosidade.
ResponderExcluirSobre que assunto eu escreveria para o Boteco de Blogueiros?
O espaço para comentários está abaixo de cada matéria. Procura de novo lá que você acha.
Abraço!
Como sempre vc arrasa nos textos.
ResponderExcluirbjcas
http://estou-crescendo.blogspot.com.br
seus textos dariam ótimas novelas, tem um grande futuro como escritor, adorei a continuação..bjs
ResponderExcluirwww.blogpinkmakeup.com
Olá Claudio,
ResponderExcluirImaginei que ele fosse se dar mal no final. Só que, de início, pensei que a Bela fosse policial disfarçada.
Bem bolada o complemento do conto anterior. Parabéns!
Abraço.
Oie Claudio =)
ResponderExcluirQue história! Fiquei surpresa com a forma como você desenvolveu os fatos!
Parabéns!
Beijos;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
fatos surpreendentes, e com uma história bastante real e fácil de se encontrar no cotidiano.
ResponderExcluirAté mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/
Claudiamigo (trato assim todas as Amigas e todos os Amigos. Se não gostares diz-me. Com os meus 72 aninhos sou muito obediente ...)
ResponderExcluirComo jornalista portuga e dizem que escritor acho a tua estória muito bem contada com o acento brasileiro, o que é evidente. Isto é, os termos alguns são diferentes, o ritmo é fabuloso, o desenrolar do caso é fascinante. Vou voltar cá para apreciar o que escreves, juro.
Entretanto na minha Travessa estou a contar estórias da minha vida em redor do Mundo. NA PRIMEIRA PESSOA agora é a China com já foram outras; pode ser que gostes - ou não rrrsss
Abç
Adorei este conto em duas partes.
ResponderExcluirMuito bem construído, com cabeça, tronco e membros :), muito ritmo, sem falhas!
Parabéns.
Continuação de boa semana.
Beijinhos
Que reviravolta! Vale sequência, vai ter?!
ResponderExcluirHum... amigo, esse conto ta merecendo continuação!! rs..
ResponderExcluirbjoooo.
Adorei a história! Tenho muito vontade de um dia conseguir escrever bons contos policiais!
ResponderExcluirbeijos!
Hei Claudio, vai haver continuação, não vai? Eu adoraria que houvesse!
ResponderExcluirA principio achei que fosse o fantasma da Mariana, depois uma prostituta barata,depois achei que ela fosse roubar os órgãos dele... báh!
Você consegue jogar a gente de cá pra lá e de lá pra cá!
Identidade Aleatória
Oi, Claudio!
ResponderExcluirGostei da reviravolta na história. Vou aguardar o próximo capítulo! :)
Somente muito bebado para não reconhecer a ex-noiva!
Beijus,
Olá, Cláudio
ResponderExcluirsim,li a primeira parte e li a perfeita conclusão...mas,é isso mesmo...a BELA garota ( é verdade, que bêbado,não reconheceu a ex) que , ENTRE ASPAS, aceitou o amor ganha paulatinamente novos e inquestionáveis traços, traços que o homem tolo não é capaz de perceber pois seus olhos são cegos para o que há de mais belo na mulher...a inteligência...essa,nesse conto, usada num mirabolante plano de vingança...
Obrigado pelo carinho,belos dias,abraços!
BOA TARDE AMIGO! ! INDIQUEI VOCÊ PARA RECEBER O SELO DE PREMIAÇÃO DO BLOG ESPERO QUE ACEITE , DE UMA PASSADINHA EM MEU BLOG E RETIRE O SEU SELO.
ResponderExcluirtocadasarts.blogspot.com.br/2014/07/selo-de-premiacao-do-blog-galera-eu.html
Adorei o desenrolar do conto!
ResponderExcluirVocês está de parabéns, já disse para escrever um livro? Rs
detudoumpouco28.blogspot.com
Olá!!
ResponderExcluirSou amiga da Agenda dos Blogs!!
Abraços.
Euzinha.
http:janalaceiras.blogspot.com.br
Hoje estou passando para agradecer
ResponderExcluirsua amizade, desejar sempre o melhor
pra vc, e fazer um convite para
participar do sorteio que vou fazer
pelo niver do meu Blog, são 3 anos
de muita alegria, venha festejar comigo....
Abraços de bom final de semana
Bjusss
(¯`´¯)
`*.¸.*´
¸.•´Rita
Olá, Claudio.
ResponderExcluirMuito bem bolado; pode-se dizer que em tudo aquilo que fizermos na vida, haverão consequências, saibamos nós disso ou não.
É por isso que sempre se deve tentar agir corretamente, mesmo que isso, na hora, seja o mais difícil de ser feito.
Abraço, Claudio.