Desculpem-me os
amantes dos animais, mas não acho que cachorro seja uma pessoa. No entanto,
tenho o maior carinho pelos cães e aceito dizer que são mais fiéis do que muita
gente. Por isso, quero relatar aqui, uma passagem em relação a um cão muito
especial.
Em 2002, após o
segundo arrombamento na minha casa de praia, eu decidi arrumar um cão para
proteger a propriedade. Eu nunca tinha sido “cachorreiro”. Porém, sempre fui
apaixonado por Pastor Alemão. Além
desta bela raça, a outra que me atrai é a Vira-latas.
Após algumas procuras
e desistência, pois cachorro de raça custa caro, eu decidi ir ao canil
municipal e pegar um filhote “dogstreet”¹ para que se acostumasse com o local.
Porém, antes, resolvi perguntar para o zelador da minha casa, o Adão, se ele
cuidaria do animal na minha ausência, porque casa de veraneio, como o nome está
dizendo, vai-se apenas no verão. Como eu era fanático, antes de ser transferido
para São Paulo, ia muito durante o ano, mas nos finais de semana. Portanto, eu
precisava de alguém para cuidar do animal nos demais dias.
Ao encontrar o Adão
no centro de Pinhal, minha praia, comercializando o seu delicioso “churrasquinho
de gato”², com o qual, eu, meu filho Rodrigo e seu amigo Gabriel saciamos nossa
vontade, eu expliquei a ele a minha necessidade e ele topou. Afinal, o bichinho o ajudaria na missão de
cuidar da casa.
Após uma volta no
centro da pequena cidade, ao passar novamente pelo churrasquinho cheiroso, lá
estava ela, uma fêmea de Pastor Alemão sem coleira, aparentemente sem dono, por
ali atraída pelo aroma. Realmente nada na vida é por acaso. Na mesma hora
perguntei se tinha dono, ninguém sabia.
Passamos, então, a
pensar como pegar a bichinha que já estava virando latas de lixo para poder
comer. Foi uma luta, pois, por mais corajoso que eu seja, era um animal de
respeito. Eu não queira forçar nada para não ser mordido. Até que consegui
atraí-la para perto do carro e colocar as patas no estribo. O resto ela fez
sozinha, pulou para dentro. O nome já estava escolhido antes mesmo de eu
encontrá-la, Fiona.
No primeiro ano foi
difícil, ela sempre queria fugir, mas no segundo já havia se acostumado. E
ninguém até hoje reclamou a falta.
Realmente, o Pastor é
um cão muito inteligente e a Fiona era um animal manso e muito disciplinado e
adotou o nome com facilidade.
Minha filha Renata
foi crescendo, e com a convivência nos veraneios, ela e a Fiona se tornaram
grandes amigas.
Entretanto, a Fiona
aprontou algumas. Ela, grávida, caiu na piscina duas vezes. Matou alguns gambás
que entraram no pátio, mas não parou por ai. Certa vez, recebemos meu amigo
Rubão e sua maravilhosa esposa Fátima para um churrasco. Sobrou um espeto
inteiro de carne que eu tirei e coloquei em um prato de inox sob a mesinha da
churrasqueira. Misteriosamente a carne sumiu e a Fiona ficou afastada no canto
do pátio com cara de culpa, mas satisfeita. Isto foi motivo de muitas risadas.
Porém, também teve o lado materno e proteção.
Um dia achei uns filhotes na rua e trouxe para casa porque a Renata tinha
pedido. A Fiona deixou que os bichos tentassem mamar sem resultado, pois não
tinha leite, mas cuidou dos bichinhos com se fossem seus.
Em 2005, chegou o
Sultão. Um filhote que meu cunhado e padrinho da Renata deu a ela de presente.
Na chegada, a Fiona ficou desesperada para cuidar do Sultão, rodou, rodou,
pulou e até que a deixamos cheirar, examinar e adotar o cãozinho.
Não preciso dizer que
a Renata adorou o presente. Ela brincou, abraçou, pegou no colo.
No ano seguinte, o
Sultão estava muito maior e quando chegamos à praia, antes mesmo dele pular
nela, a Fiona entrou no meio evitando que ele a derrubasse. Para onde ele ia, a
fiel companheira o cercava. A atitude era mansa e controlada, fácil de
identificar que se tratava de proteção à menina e não ciúmes.
Não sei explicar, mas
em 2008 ao encerrar o último veraneio, eu olhei para a Fiona com a mesma
tristeza que percebi nos olhos dela.
Achei que fosse porque neste ano, por estar morando longe e pela falta
de feriado, seria difícil voltar à praia antes do verão. Hoje, acho que entendo, pois infelizmente, nada é para sempre, e eu estava a vendo pela
última vez.
Em uma manhã do
inverno deste mesmo ano, o Adão me ligou para avisar que minha amiga canina
estava muito mal. Foi feito contato com o veterinário, aplicada injeção, mas ela
não resistiu.
Neste mês fez sete
anos que ela nos deixou.
Se existe céu para
cachorros, certamente ela foi para lá.
Foi o meu primeiro
cão e muito especial. Minha filhinha é quem mais sofreu, e eu sou testemunha
pelo amor que ela tem pelos bichinhos.
Foram cinco anos de convivência e de alegria
que a Fiona nos proporcionou. Ela se foi, mas as lembranças ficarão para
sempre.
Só resta dizer:
Obrigado Fiona.
1 – Dogstreet - Gíria para cachorro
vira-latas, traduzindo do inglês : Cão de rua.
2 – Churrasquinho de gato – Gíria para
churrasco de rua, mas isto acho que todos já sabem.
Esses bichinhos chegam em nossas vidas e nos cativam, conquistam e as lembranças ficam pra sempre e podemos colocar outros em casa, mas o lugar no coração está sempre reservado! Adorei te ler! abraços,chica
ResponderExcluirAmo meus animais, eles são maravilhosos, nos encantam mesmo!
ResponderExcluirGosto de ver vc aqui,amigo querido!
Muito bom seu texto!
Bjus e bom domingo!
http://www.elianedelacerda.com
Lindo! São cativantes mesmo, e o melhor... nos amam, nos agradam, sem esperar nada em troca. Um simples afago, e lá estão eles saltitantes. BjusLuz amigo.
ResponderExcluirwww.blogdakassinhagomes.blogspot.com
Lindo e sentido texto.
ResponderExcluirQuando eu era criança tinha um vira-lata que meu pai arrumou e eu nunca soube como e nem de onde ele veio, o nome dele era "tim-tim", era meu parceiro! A gente corria pelo quinta, assistia tv juntos, comíamos juntos, e até quando eu chorava o danado tava lá, me olhando com aquela cara de "por favor, não fique triste", aahh, que saudades daquele monstrinho! Aconteceu que um dia, uma cachorra que a gente tinha entrou no cio (assim mesmo que escreve?) e o cachorro da vizinha brigou com o tim-tim, justamente no dia em que eu acordei mais cedo para ver meu pai pra sair pra trabalhar. A cena nunca saiu da minha memória.
ResponderExcluirEsses cães são formidáveis. Hoje tenho um outro cachorro, com uma história bem diferente, mas isso é papo pra outro comentário.
Sinto muito pela sua perda, tenho certeza que nossos amigos estão no céu sim, e que eles se lembram da gente tanto quanto a gente se lembra deles!
Um grande abraço Claudio!
Identidade Aleatória
O Identidade Aleatória está no facebook!
Concordo com você Claudio.
ResponderExcluirCachorrinhos são cachorrinhos, gente é gente e ratinho é ratinho...e por ai vai...
Cada ser com suas características próprias, com seu jeito especial de ser ...presente do Criador.
Infelizmente o que falta aos humanos é respeito pelas demais espécies....
Que gesto maravilhoso foi a adoção de sua amiguinha.
E, que fotos lindas de momentos únicos de amor.
Sim, Fiona sempre soube do amor que você e família tinham por ela.
Os animaizinhos entendem de energia de amor...e como entendem!!!
Era tempo dela partir...nada nem ninguém podiam segurá-la...e ela se foi...seu ciclo de vida se fechou
E, quando partem, deixam-nos assim...tristes e saudosos, porém felizes por ter tido o privilegio da companhia, do amor incondicional dessas criaturinhas.
abraços e...pense em nova adoção...vale a pena!!
Lígia e =^.^=
É verdade o que você diz, os animais as vezes se tornam mais fies que o próprio ser humano!
ResponderExcluirObrigada por compartilha essa linda história
Realmente é difícil esquecer o primeiro cachorro que temos, ainda lembro do meu primeiro cãozinho, que infelizmente também morreu já faz uns anos.
ResponderExcluiraguardandoocamaleao.blogspot.com
Boa noite Claudio.
ResponderExcluirCachorro não é gente, mas ama muito melhor que muitos. Hoje faz um ano que uma linda cachorrinha entrou na minha vida e na vida da minha família e mudou tudo rsrs, por ela sai os humanos e fica ela rsrs, pode parecer loucura mais a amo demais. Vendo o seu relado as lagrimas escorria pensando no seu sofrimento e da sua filha, nem penso como sera para a minha filha o dia que Lila nos deixar, enfim aprendi com ela como podemos amar os animais incondicionalmente. Uma linda noite. Beijos.
Os animais eles são uma ótima companhia, eu me lembro quando tive o meu primeiro cachorro o nome dele era lobo, eu tinha uns 13 anos mais ele morreu quando tinha 15 anos, sofri muito pois ele morreu envenenado. Até hoje nunca mais tive um cachorro, Eles fazem parte da família, quando eles vão só deixa saudade. Cláudio passando pra desejar um ótimo final de semana beijos.
ResponderExcluirque lindo o seu relato, eu tive uma poodle e sofri muito quando ela faleceu.
ResponderExcluirbeijos
Cris Artigos Femininos
Amigo,
ResponderExcluireu tenho uma poodle e a amo muito,
mas já está com 10 anos de idade!
Procure tratá-la como animal,
pois devemos entender que não é um ser humano mesmo!
Lindo seu post,
um ótimo final de semana!
http://www.elianedelacerda.com
OI CLAUDIO!
ResponderExcluirTE DIGO QUE CHOREI LENDO TEU POST, SOU CACHORREIRA SIM.
TEMOS UMA LHASA AQUI EM CASA, A CANDY E TE DIGO QUE É MUITO BOM, TAMBÉM ACHO QUE NÃO É UMA PESSOA, MAS, AMÁ-LAS FAZ PARTE PELO TANTO DE AMOR QUE NOS DÃO.
ABRÇS
-http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Exatamente! Ele é MUITO MAIS QUE UMA PESSOA! É alguém que JAMAIS VAI TE TRAIR, alguém que vai ficar triste junto com vc, alguém que daria a vida dele para te proteger (mesmo sendo pequeno), alguém que vai alegrar seu dia, alguém que não espera nada em troca! Um anjinho enviado por Deus para vc cuidar e te abençoar muito!
ResponderExcluirBjs – Su
www.rosachiclets.com.br
Não gosto mt de cães, mas seu texto me deixou sensibilizada, pelo modo que escreveu, deu pra ver que foram anos muitos especiais e lembranças maravilhosas, graças a Fiona...
ResponderExcluirOi, Claudio!
ResponderExcluirDesculpe-me a longa ausência!
Hoje estou colocando as visitas em dia!
Por acaso... (ou não?) visitando o blog do Samuel Balbinot encontrei um poema sobre cãozinhos... e uma história tocante sobre um cãozinho no blog da Eliane Lacerda!
Amei a história aqui também! Eu amo cães! Os pastores alemães e vira-latas que conheci me fazem concordar com você sobre essas raças! Ah, sei bem como é essa "cara de culpa"! Como acabei de comentar no blog da Eliane... Uma vez li alguém dizendo que o único defeito dos cães é viverem tão pouquinho... Mas acho que esse alguém estava enganado! Até nisso eles são especiais, e nos dão mais lições...
Muito bom o texto. História envolvente.
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