Sugiro ler primeiro:
Após a confusão ser
desfeita e o lindo casal ter uma bela noite romântica com tudo que tem direito,
amanhece o dia. E, em pleno café da manhã...
– Fofito. Quando vamos nos casar?
– O quê? – engasgo.
– Casar Fofito. Está todo
mundo se arrumando e nós não saímos deste namorico já faz quatro anos.
– Mozão! Não tá bom
assim?
– Não? Olha que a
fila anda, hein?
– Calma Mozão! Posso
pensar?
– Não.
– Pô Mozão.
– Não tem pô Mozão!
Ou tu casas ou cai fora. Já estou cansada.
– Bah! Não rola nem
um noivadinho.
– Siiiiim, tu compras
as alianças até sábado, eu organizo uma jantinha para a tua irmã, teus dois
amigos mais chegados, minhas amigas e respectivos e a gente fica noivo.
– Ai ai ai, foi-se a
minha liberdade.
– O quê?
– Nada não Mozão.
Apenas pensei alto que isto é a mais pura verdade.
– Ah bom. Outra coisa,
Fofito.
– O que mais Mozão?
– Não apronta!
Casamento daqui a seis meses sem despedida de solteiro.
– Seis meses? – novo
engasgo – e sem despedida? Mozão, despedida é tradição!
– É? Pois sabia que a
tradição da mulher tá mudando? E minhas amigas conhecem cada gogo boy...
– Tá bom Mozão. Sem
despedida de solteiro.
– Que lindo! E mais
uma coisinha.
– Ai ai ai...
– Quero casar na
chácara dos meus pais.
– Mozão. É longe.
Casamos aqui mesmo. E os convidados?
– Não Fófis.
Casamento é uma coisa única. Lá tem um hotelzinho bem legal e baratinho. A
gente faz reservas. Dá todo mundo. Quero uma coisa bem simples, mas lá. Eu
sempre sonhei em casar na chácara dos meus pais e chegar de charrete ao altar no campo.
– Simples? De
charrete? Qual é Mozão? Tu nunca entraste em um CTG¹!
– Não entrei porque
tu nunca quiseste. Tu não gostas. Eu adoro.
– Tá bom, Mozão. Como
tu quiseres.
Na pequena festa de
noivado tudo ocorreu na mais perfeita paz e harmonia. Para alegria de Matilde e
desespero de Alberto, após muitas provas do vestido, os seis meses passam
rapidinho. E um dia antes da festa, tudo que Matilde não esperava era uma chuva
torrencial.
– Esperei tanto tempo
por este dia e agora esta chuva – Matilde chorando.
– Calma minha filha,
as costas do teu pai não estão doendo mais. Então, vai parar de chover.
– Ah mãe. Tu achas
que vou acreditar nisto com estas nuvens carregadas. Eu sempre sonhei em casar
na rua, ser levada na charrete e vou ter que casar no galpão.
– Dorme filha, porque
amanhã será outro dia.
O dia seguinte
amanhece com o sol brilhante no alto e nenhuma nuvem no céu. E Matilde
debruçada na mesa do café da manhã.
– Ô minha filha –
falou dona Inês – acordaste cedo para ver este dia lindo?
– Que nada, nem
dormi.
– Mas como? Precisa
descansar para ficar bonita.
– Como se eu
conseguisse.
– Vou te dar um
chazinho que vai te derrubar.
– Olha lá mãe!
Preciso estar acordada para a maquiagem, as unhas e o cabelo.
– Filha, do jeito que
tu estás é que não vai sair casamento.
E Matilde toma o
chazinho caseiro e cai em sono profundo.
Mais tarde é acordada
por Teka e Roberta, recém-chegadas de Porto Alegre e desesperadas...
– Matilde – as duas
gritando juntas – bla bla bla bla bla...
– Calma gente! –
reponde Matilde – uma de cada vez. Não entendi nada.
– O cabelereiro não
vem, pegou meningite – disse Roberta.
– Ai meu Deus –
Matilde em prantos – e agora?
– E o que é pior
amiga, a maquiadora e a manicure que vinham com ele também não, Não sabem o
caminho e nem dirigir – falou Teka.
– E o choro aumenta quando
a dona Inês se manifesta.
– Minha filha, calma.
Vou chamar a Licinha.
– Licinha mãe? Quem é
Licinha?
– Filha, na Licinha
dá para confiar, pelo que vejo, neste pessoal da cidade não, ô gente fresca. A
Licinha é quem faz a maquiagem, as unhas e o cabelo de todas as noivas da
região. É melhor que muita estrelinha da cidade. Pode confiar.
E de fato. A Licinha
chega na hora e dá conta do recado. Matilde fica linda. Ela já está até
sorrindo e feliz fica até ser surpreendida com a entrada intempestiva do empregado
Juvêncio.
– Dona Martilda, Dona
Martilda a roda (ler com um ere, ups erre) da charete quebrou.
Antes de qualquer
coisa dona Inês grita.
– Calma minha filha!
Não chore, vai estragar a maquiagem. O teu pai dá um jeito.
– É, acho que nem
tenho mais lágrimas para derramar. Só falta o Fofito não aparecer.
– Ah! Este aparece, o
teu pai busca com a garrucha² – gargalhadas de todas.
Nisto, seu Diógenes,
o pai de Matilde, entra na sala.
– Teremos que adiar o
casamento!
– O quê? – coro
geral.
– Só meia horinha. É
que o ferreiro só vai poder chegar às 16h00. E ele leva 30 minutos para
concertar. Já avisei o padre e o juiz.
– Ufa! – coro geral
de novo.
– E o Alberto onde
está? – perguntou Teka.
– No hotel. Tu achas
que o pai o deixou dormir aqui? – risos.
– Ah! Esta é boa. –
gargalhadas novamente.
As horas passam e
chega o momento tão esperado. Matilde pronta, arrumada e linda aguardando a
hora de entrar. O tempo vai passando e nada de chamarem-na para a entrada
triunfal de charete, ups, de charrete cuja roda já está consertada. Novamente
Juvêncio invade a casa.
– Dona Martilda, Dona
Martilda, Oh! – Juvêncio vira-se de costa.
– Que foi Juvêncio?
– Não se pode ver a
noiva antes do casamento, dá azar.
– Fala logo Juvêncio,
mais azar que eu já tive um a mais um a menos não vai fazer diferença.
Desembucha.
– Mandaram a senhora
esperar mais um pouco.
– Por quê?
– Porque o seu pai
levou seu Arberto para um papo sério no pasto e o seu noivo pisou nas coisa.
– Papo sério? Só o pai mesmo, mas que coisas?
– Ah Dona Martilda, as
bosta dus bicho. Sujou todo u carçado, mas já chamaram um engraxate para resorver
u pobrema.
– Ih! O Alberto
embostado até que deve ser engraçado – falou a Matilde e todos caem em
gargalhadas mais uma vez.
Enfim, após todos os
contra tempos o casamento começa. Matilde toda de branco e linda em cima da
charrete é conduzida até o tapete vermelho de acesso ao altar montado no campo
onde Alberto a espera. Seu pai a conduz até entregá-la ao noivo como todo
ritual de casamento já conhecido. A cerimônia ocorre tranquilamente até quando
o padre diz a frase que pode causar polêmica em um casamento...
– Existe alguém
presente que tenha algo que pare este casamento se manifeste agora ou cale-se
para sempre.
– Eu tenho seu padre
– grita Juvêncio e aquele OH geral dos convidados.
Matilde ensaia um desmaio. Alberto indignado
querendo quebrar tudo e o Pai de Matilde grita:
– Que loucura é esta,
homem? Enlouqueceste de vez?
– Patrão, o Padre não
disse para falar se tivesse algo que parasse o casamento?
– E o que tu tens a
ver com isto ô caborteiro³? O que é que tu sabes?
– Bom. Eu sei que o Tibúrcio
o touro mais bravo do senhor fugiu, e com este monte de gente de vermeio ele
pode vir para cá. É para parar ou não o casamento?
Seu Diógenes
providencia a captura do Touro e o casamento continua até que o padre promulgue
a sentença, ups , desculpe, declara-os marido e mulher. A festa, sem o Juvêncio
para dar noticias ruins, é um sucesso. Ele se achou com uma camponesa da
fazenda vizinha. Como é de praxe os noivos fogem da festa e seguem para a lua
de mel. Mesmo com a saída à francesa foram notados por causa do automóvel todo
pintado e com as tradicionais latinhas amarradas ao para-choque. E à noite...
– Fofito, e nossa lua
de mel?
– Qual é Mozão? É um
dia normal, só o teu pai acha que neste tempo todo de namoro nós só jogamos
dominó.
– Mas Fofito, nós casamos
hoje.
– Pô Mozão! Enfrentei
um Sogro, bosta de vaca, touro bravo. Ainda quer que eu cumpra com as obrigações
de marido já de cara. To Maus.
– Ah, deixa comigo,
vai!
– Tá bom, eu vou
tentar, mas promete que vais ser paciente?
– Mais que um
monge... ah!! Tu sabes. Vem aqui...
E no dia seguinte...
– Fofito do céu?
– O que foi Mozão?
– Com o stress do
casamento e com tudo que aconteceu faz mais de uma semana que tenho esquecido
de tomar a pílula.
– Ai meu Deus! E
agora?
– Sei lá, espero que
não dê em nada. Acho
que eu não estava no meu período fértil.
– Até que um
bacurizinho¹¹ ia ser legal.
– Pois é né? Já
pensaste?
De fato, alguns meses
depois no consultório médico.
– Matilde e Alberto,
tudo bem com os nenês – falou o médico examinado a eco.
– Os nenês? – Espanto
de ambos.
– Sim – continuou o
médico – todos os três.
Alberto desmaia na
sala.
1 – CTG: Centro de Tradição Gaúcha
2 – Garrucha: Espingarda antiga sem mira.
Espalha um monte de objetos usado como munição.
3 – Caborteiro: Indivíduo velhaco, caloteiro,
vagabundo, tonto, tratante.
11 – Bacurizinho: Filho, nenê.
hahaha essa história ta mais pra "desventuras em série". Dois já seria demais, agora três?! Do jeito que viver ta caro, fiquei com pena dos dois haha.
ResponderExcluirÓtima história. Você com seu bom humor de sempre.
coracaoaflordapele.blogspot.com
MEU AMIGO COMO SEMPRE ADOREI CADA DIA ESTÁS MELHOR PARABÉNS BEIJOS LÊDA
ResponderExcluirkkkkkk Realmente esse casamento tem que durar, diante de tanta contrariedade, adorei o desenrolar do enlace e também a obstinação da Matilde para casar.
ResponderExcluirVocê consegue colocar em palavras toda a alegria da criação.
abração é ótimo 2016
Oi amigo, vim lhe desejar uma excelente semana, beijos e fique com Deus!!
ResponderExcluirNão li as histórias anteriores (coisa que vou fazer daqui a pouco) mas só com essa ri muito. Você realmente tem talento para o humor!
ResponderExcluirE o meu blog voltou à ativa (depois de 3 meses de hiatus) já tem dois posts novos, se quiser conferir: aguardandoocamaleao.blogspot.com
Matilde não corresponde às mulheres atuais, pelo que percebo , hoje só querem "ficar"....
ResponderExcluirUm ano de muita paz e Amor em seu coração,amigo!
Gosto muito de seus textos,são sempre ótimos!
http://www.elianedelacerda.com
Não é só a Matilde que tem desejo de se casar, todas nós queremos, e agora o que o fofito vai fazer com 3? Cláudio abraços.
ResponderExcluir
ResponderExcluirTrês de uma vez, é só felicidade mesmo p/o "FOFITO" kkkk
Como sempre, amei o seu conto! kkk
Amigo, estou me liberando um pouquinho (pouquinho só) da situação que te falei, por isso estou aparecendo mais.
Quanto as redondinhas na minha receita, eu retiro todas p/vc ok? kkk
Bjssss
Acompanhando a história e esperando por mais uma parte. Sinto cheiro de mais treta, kkkkk.
ResponderExcluirAbraços!
Rappazzz, esse Fofito... kkkkkkkk Belo texto, ri a bessa e para fechar com chave de ouro Fofito virou pai de trigêmeos! kkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirPorreta.
O Sibarita
Um é bom, dois é bom, três é demais!
ResponderExcluirBjs da Su!
www.rosachiclets.com.br
Oie Claudio =)
ResponderExcluirAh!! Fiquei imaginando a cena rs... Três bebês de uma vez só é um susto em tanto heim rs...
Adorei!
Beijos;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Começar o dia com uma história desta é garantia para um dia feliz! :)))))))))))))
ResponderExcluirADOREI! Aliás, adoro sempre seus escritos.
Bom final de semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Começar o dia com uma história desta é garantia para um dia feliz! :)))))))))))))
ResponderExcluirADOREI! Aliás, adoro sempre seus escritos.
Bom final de semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Oi amigo, vim lhe desejar um excelente final de semana, abraços e fique com Deus!!!
ResponderExcluirBoa tarde Claudio.
ResponderExcluirCom tantos imprevisto , se eles aguentaram firme é porque existe amor, onde existe amor cabe três rsrs. Já imagino o susto, na minha família a minha sobrinha teve primeiro um, depois de apenas 10 meses , soubemos que seria mais dois rsrs [ gemeos] foi uma barra, o casamento acabou, mas temos três lindos anjos iluminando a vida de todos nós. Lindos dias meu amigo. Abraços.
Oi amigo, vim lhe desejar uma excelente semana, abraços e fique com Deus!!
ResponderExcluirTrês?!
ResponderExcluirPor essa não esperava rs!
Estô muito feliz pelo casamento da Matilde.
Adorei a história, Claudio. Super divertida. O casal terá muito trabalho daqui para frente.
ResponderExcluirBeijo.