É
incrível como a mente humana pode guardar coisas que aconteceram há muito
tempo.
Eu ainda me lembro dos meus seis anos quando quase coloquei fogo na casa
fazendo uma fogueirinha no porão. Lembro também, das molecagens de
pré-adolescente e do meu primeiro amor. Impossível esquecer o primeiro beijo,
da primeira vez que, bom deixa para lá, do primeiro carro e de outras primeiras
coisas que fiz em toda minha vida.
Percebo
hoje que o tempo é implacável e a vida passa rapidamente deixando suas marcas
sejam elas boas ou ruins.
Se
o tempo não fosse tão sacana deixaria a gente voltar para fazer as coisas que
nos arrependemos de não ter feito, porque este é o pior arrependimento que
podemos ter. Poderíamos, também, aproveitar mais os melhores momentos e
corrigir as falhas e injustiças que cometemos. Mas, infelizmente ele é cruel e
com o passar dele ficam as cicatrizes. Por isto, quero viver cada minuto que me
resta, e espero que me restem muitos, porque viver é muito bom e recordar
melhor ainda.
E
o que eu quero recordar agora é justamente algo que ocorreu antes de eu quase
ter colocado fogo na casa.
Esta
não é uma estória e sim uma história, mas acredito que não causará polêmica. É
um fato que aconteceu quando eu tinha mais ou menos quatro anos de idade.
Minha
falecida tia Adélia, a irmã mais velha de minha mãe morava em uma casa na Rua
Lusitana na Zona Norte de Porto Alegre.
Devido
ao cruel tempo é muito difícil relatar todos os detalhes, mas, lembro-me
perfeitamente de dois bonecos de louça. Estes eram muito usados para enfeites
naquela época. Eles ficavam sobre uma estante criada pelo marido da tia, o tio
Flávio, também falecido. Essa estante eu tenho claramente em minha mente porque
existiu durante boa parte da minha adolescência. Era muito simples, porém
prática e genial. Eram madeiras envernizadas apoiadas com tijolos de seis furos
também em verniz. Em cima da primeira prateleira havia mais tijolos para apoiar
a segunda e assim por diante. A altura do móvel dependia da quantidade de
madeiras e tijolos.
Meu
tio era desenhista publicitário, portanto, tinha muita criatividade.
Os
bonecos formavam um casal de Japoneses. Uma sombrinha fazia parte do figurino
da Japonesa. A peça ficava encaixada em uma das suas mãos.
Como
toda criança curiosa que adora coisinhas de montar e desmontar, eu peguei a
sombrinha algumas vezes.
Minha
tia chamou-me a atenção dizendo que na próxima eu iria apanhar. Foi, então, que
ela flagrou-me com a sombrinha nas mãos, mais uma vez. Quando ela me olhou,
antes que falasse ou fizesse qualquer coisa, eu disse:
–
Foi ela que me deu – apontando para a Japonesa.
Até
pouco tempo antes de nos deixar, a tia comentava esta história sempre
enfatizando que eu fui poupado das palmadas por causa de risadas que causei
devido à minha inocência em acreditar que uma mentira deslavada daquelas iria
colar.
As
lembranças são muito vagas, porém minha memória é excelente para um fato. Mesmo
tendo passado mais de 45 anos, lembro perfeitamente como se fosse hoje que a
Japonesa virou-se para mim com os braços esticados e a sombrinha sobre as mãos
e disse:
–
Pega, pode pegar!
Então
eu peguei.
Estou quase acreditando que a japonesa te ofereceu a sombrinha.
ResponderExcluirNilce.
Tento imaginar sua cara de pau dizendo que a japonesa te ofereceu a sombrinha. Vc é muito esperto! Rsss
ResponderExcluirFabi
Olhaí como comecou a treinar as falácias que hoje usa pra tentar aumentar a pequenez do seu colorado!
ResponderExcluirInocência uma ova!! Kkkkkk
Caro Anônimo do GFPA:
ExcluirObrigado pela visita.
Mas, seria interessante saber quem és?
Não gostaria de tornar o blog um debate futebolístico, mas, não é o meu clube que tem se agigantado com feitos pequenos - Risos.
Grande abraço colorado.
PS: Continue visitando
amigo Chamun, mas que japonesa encrenqueira hein????
ResponderExcluirabração, adoro o seu blog!
Lucimara.
Tu vê Luci? Esta japa abusando da inocência de uma criança.
ExcluirMinha mãe tem um quadro em crochê de uma japonesa. Mas, esta nunca falou comigo. Mas, também ela não tem sombrinha.
Você me fez lembrar de quando eu era criança e acordava de madrugada pra brincar com a Barbie da minha prima.
ResponderExcluirEu achava interessante a boneca porque ela tinha as articulações flexíveis, coisa que os meus bonecos não tinham. Mas sabia que talvez meus tios não gostassem que eu brincasse com a tal boneca.
Brinquei pouco, mas até hoje eu ainda tenho vontade de ter uma Barbie só para mim. rs
Vagner: Ainda podes ter uma só tua. Agora então que tem vários modelos, não apenas as loirinhas. Tem as morenas, a negra que finalmente deixaram o preconceito e criaram. Só falta a japonesa. Vamos fazer uma campanha para criarem a japonesa. Mas tem que ser com sombrinha - kkkk.
Excluiramei a história:) que japa sacana em.
ResponderExcluirmas falando em tempo, não acharia boa ideia voltar pra tentar consertar algo ou sei lá... sou humana, bem provavelmente deixaria tudo mais bagunçado ainda.
Obrigado Raquel.
ExcluirUm dia eu escrevi algo como "se o tempo não fosse tão sacana ele deixaria a gente voltar para corrigir algumas coisas". Mas, lendo teu comentário vejo que a gente poderia deixar mais bagunçado - rssss.
Bela lembrança....
ResponderExcluirhttp://www.arthur-claro.blogspot.com
Vc já era cara de pau desde pequeno kkkkkkkkkkkkkk
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