Certa vez eu dirigia o meu carro na Av. Santana em
Porto Alegre quando avistei um senhor parado no meio da rua, em cima da faixa
de segurança, incentivando uma senhora, mais idosa ainda, a atravessar. Eu
parei, porque não tive opção e não por obrigação, por um simples detalhe: Ali
há uma sinaleira(*). E onde há sinaleira ela é soberana e a faixa de
segurança passa a ser apenas informativa.
Este senhor, porque olhei feio para ele, me xingou
e apontou para a sinaleira sem se dar conta, que além de eu ter razão, pois a
luz verde estava para mim, era um cruzamento com semáforo de três tempos. O que
exatamente naquele momento significava é que eu poderia ir em frente, mas os
veículos que vinham no contra fluxo não. Isto porque a sinaleira também estava
aberta para conversão a direita dos carros que vinham a minha esquerda pela rua
que cruzava a avenida que eu trafegava. Ou seja, este senhor, um perfeito
ignorante, não corria riscos porque estava visível, mas a senhora poderia ter
sido atropelada, inclusive por um ônibus que faz aquele trajeto.
Sempre foi lei ter que parar na faixa de segurança.
Evidentemente, como falei acima, quando não há sinaleiras. Porém, é uma lei que
não era respeitada. De uns tempos para cá, em algumas cidades, passaram a
controlar os locais onde tem a faixa, e os veículos que não pararem, quando
tiver pedestre a atravessar, serão multados.
Muito bem! É o correto. Mas estamos preparados para
isto? Não! Não estamos.
É claro que eu acho justo esta providência e
demorou para acontecer. Mas, as autoridades competentes tinham que estudar
todas as possibilidades de mudanças antes de aplicar tais punições.
Será que há, em todas as ruas que têm escolas,
sinalizações prévias da faixa de segurança ou apenas quando chega em cima? Eu
digo isto porque eu posso parar na faixa, mas o cara de trás não e foi-se minha
traseira. Tá certo, isto que falei pode ser um pouco de exagero, uma vez que em
locais escolares o trânsito já é mais lento por natureza e tem mais
sinalização. Mas, é bom averiguar não é mesmo? Há louco para tudo.
Uma coisa que sempre me preocupou, e agora que é
obrigado me preocupa mais ainda, são as faixas que ficam em esquinas de ruas
transversais. Principalmente com avenidas. Como parar nestas faixas? Primeiro
porque não há nem espaço. Tem que parar embicado deixando a parte do carro
disponível para um ônibus que vem tocado e foi-se minha traseira novamente. Até
hoje, em todas minhas andanças só vi duas faixas de esquina inteligente. Elas
são recuadas na rua transversal justamente para que os carros entrem e possam
parar sem oferecer riscos tanto para os motoristas quanto para os pedestres.
Sim, porque um automóvel ao ser abalroado por trás, pode escapar do controle e
causar um estrago maior. Estas esquinas inteligentes são na Felipe Camarão com
a Oswaldo Aranha em Porto Alegre, e na Rua dos Ingleses com a Brigadeiro Luis
Antônio em São Paulo. Inclusive, as esquinas são bloqueadas por armação de
ferro para que pedestres imprudentes tenham que ir até a faixa que é reforçada
pela sinaleira. É claro que deve ter alguns casos como estes espalhados no
Brasil, mas são exceções. A grande maioria das faixas está entre as divisas das
ruas mesmo e não tem sinaleira.
Outras faixas de pedestres com alto poder de
periculosidade são as que ficam em avenidas e estradas. Nas avenidas, onde a
velocidade é 60km/h e a maioria desrespeita e anda acima do permitido, talvez a
solução fosse colocar sinaleiras. “Vai travar o trânsito”, alguns
irão dizer. Mas, se a faixa, que lá está, é uma parada obrigatória, vai travar
igual, e ainda, com muito mais perigo, pois o carro que lá parar pode ser
achatado pelo que vem atrás, e foi-se uma traseira. Ufa! Desta vez não foi a
minha. Passarelas? Sim. Dá mais fluência ao tráfego, mas dentro de
uma cidade, além do espaço, que muitas vezes não tem, deixará a cidade muito
poluída. Mas, antes uma poluição visual do que vítima fatal. A rima foi de
propósito.
Já no caso das estradas, é inadmissível que, em uma
via onde a velocidade deveria ser no mínimo 80km/h, respeitado curvas e posto
policial é claro, muitas vezes temos que reduzir a 40km/h por causa de uma
faixa. Os ativistas que lerem este relato pularão da cadeira e falarão: “Que
absurdo! As pessoas precisam atravessar a rua, principalmente os escolares.” É
fato! Eles precisam sim. Por isto, vejo sob a minha óptica, se isto não for um
pleonasmo, que as passarelas são a melhor opção. Há espaço, não poluem tanto
desde que sejam bem construídas e são muito mais seguras. Assim o fluxo
seguiria normalmente e as pessoas poderiam usufruir do direito de ir e vir sem
correr riscos. “Mas, sempre há pessoas que não caminharão 100m
para usar a passarela”, alguém dirá. A minha resposta para este
questionamento é muito simples: Quem não caminha 100m para usar uma passarela,
também não caminha 100m para usar a faixa de segurança.
É claro que se houver possibilidade de fazer túneis
em vez de passarela o beneficio final é o mesmo. Mas, o custo é maior.
Mas, não são apenas os motoristas que precisam se
adaptar. Os pedestres também necessitam, e muito. Já cansei de parar na faixa
ao ver candidatos a travessia e a pessoa continuou parada feito uma estátua. E
não foi medo de atravessar e sim porque não tinha a menor intenção de fazê-lo. Será
que esta pessoa estava vendo se nascia grama no asfalto?
Dá vontade de descer do carro, pegar pelo braço e
fazer atravessar na marra.
Se não tem intenção de atravessar não fique na
faixa. Vá para outro lugar. Não fique esperando carona, taxi, “Tuc Tuc”,
clientes (ups – retiro esta), até mesmo porque os carros não podem parar em
cima da faixa. Menos ainda fique falando no celular, ou com outra pessoa,
gesticulando como se fosse um sinal para os automóveis.
Se for atravessar de fato, mostre a sua real
intenção do que quer fazer. Estique o braço, se for preciso, fazendo sinal para
pararem.
Em um mundo perfeito, como os países desenvolvidos,
naturalmente que falando de trânsito, o ideal e desejado seria que todos
respeitassem as faixas. Mas, enquanto isto não acontece providências têm que
serem tomadas por nós e pelas autoridades.
(*) Semáforo, farol, sinal de luminoso de rua.
MUITO BOM CLAUDIO...
ResponderExcluirInfelizmente aqui no Brasil as pessoas só Começam algo útil ou tomam partido quando atingem diretamente a elas. Uma pena!
ResponderExcluirÉ um problemão mesmo lidar com pessoas que são arrogantes, grosseiras e mais um monte de adjetivos que cabem na palavra ignorante. As leis servem pra isso, né, tentar unificar o que se deve fazer e o que não deve fazer, pra todos, porém, em um mundo perfeito existirão apenas pessoas perfeitas...
ResponderExcluirMuito bom!
Disse tudo. Muito bom mesmo, parabéns.
ResponderExcluirAs pessoas não te noção do que é certo e errado.
ResponderExcluirE há pouca campanha de esclarecimento.
Texto preciso. Muito bom.
Parabéns.
Muito bom esse texto.
ResponderExcluirhttp://www.arthur-claro.blogspot.com
Perfeito meu amigo! Se houvesse esclarecimento Eu acho que tudo seria melhor!
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