No início dos anos 70 uma carta chegou erroneamente à casa de
Fernando. Procurou o destinatário, mas em vão, pois nas redondezas em que
residia, ninguém conhecia a pessoa que deveria receber a correspondência.
Achando que era obra do destino, abriu o envelope e verificou que
havia uma foto de uma linda jovem. O texto continha palavras amáveis que o
comoveram.
Após ler a carta várias vezes, ele não hesitou em responder
explicando a situação e comentando que tinha achado tais palavras muito
bonitas. Então, pediu para se corresponder com a autora, Lívia que,
prontamente, achando interessante, passou a comunicar-se com ele.
As cartas eram freqüentes e, por elas, a troca de carinho foi
aumentando. Um era o ombro do outro devido aos problemas individuais que
enfrentavam.
A vontade de se conhecerem era enorme e aumentava a cada dia. A
possibilidade de telefonemas era remota, pois ambos não tinham telefones.
Naquela época a telefonia não dispunha de muitos recursos e tecnologia.
Lívia era casada e Fernando noivo, mas eles tinham algo em comum,
a infelicidade. O casamento de Lívia estava em decadência já há algum tempo.
Não tão menos decadente estava o noivado de Fernando cujos princípios não o
permitiam que desse fim ao compromisso devido à relação dos familiares.
Apesar do controle de ligações telefônicas que tinha na empresa,
onde Fernando trabalhava, surgiu a primeira ligação. Ele conseguiu ligar para
um comércio onde Lívia tinha relações de amizade. Ela havia enviado uma carta
com uma semana de antecedência avisando que lá estaria na hora marcada. Com
muito carinho eles se trataram, mas não fizeram promessas. O compromisso de
cada um parecia um empecilho para sonhar mais alto.
As cartas já não eram mais suficientes. Eles precisavam ouvir um
ao outro, então os telefonemas aumentaram.
Um dia chegou a oportunidade de se verem. Em uma das conexões
aéreas que Fernando fora obrigado a fazer na cidade em que Lívia morava, marcaram
um encontro. Ele aguardava no restaurante do aeroporto, enquanto ela para lá se
dirigia. Seus passos eram rápidos em meio a tanta gente naquele lugar. A
ansiedade era evidente e as pessoas entrecruzavam seu caminho impedindo-a de
chegar mais rápido. Tanto tempo ela esperou por aquele encontro. Enquanto
andava, seus pensamentos levavam-lhe a lembrança das cartas trocadas. Eles se
conheciam há tanto tempo, foram tantas confidências compartilhadas, tantos
beijos sonhados.
Enquanto se aproximava do local de encontro seu coração batia
muito depressa e ela pensava em seu íntimo:
– Será que terei coragem?
Fernando olhava o relógio a cada instante se perguntando:
– Por que ela não aparece? Onde andará? Dará tempo?
Ela subia as escadas às pressas. Passou por um corredor que nem
era tão grande, mas que parecia interminável até que, ao longe, o viu sentado a
uma mesa. Os passos aceleraram ainda mais, até estarem frente a frente.
Abraçaram-se como amigos que querem ser amantes e uma tímida conversa iniciou.
A música era suave e Lívia meio à distância podia sentir o perfume
dele. Ele não teve dúvidas de que ela era a mais linda e interessante mulher
que já viu na vida.
Em vários momentos ensaiaram um beijo, mas estavam presos às
convenções. Compromissos assumidos anteriormente os impediram de liberar tanto
desejo.
Olhos curiosos não os deixaram à vontade. Parecia que todos os
presentes percebiam que seus sentimentos estavam para explodir e eles só tinham
olhos um para o outro.
Deram-se as mãos, conversaram, olharam-se com muito carinho, mas a
lembrança do que os esperava em casa, impediu de terem maiores intimidades.
Não se sabe quanto tempo passou. Não deve ter sido muito mais do que
uma hora até ouvirem aquela voz feminina no autofalante anunciando o voo de
Fernando.
Mal se conheceram pessoalmente e a despedida era inevitável.
Porém, bastaram alguns instantes para saber da importância de um na vida do
outro.
Caminharam até o local de embarque. Os corações pulsavam fortemente
enquanto pensavam nos beijos que gostariam trocar e promessas que gostariam de
ter recebido. Entretanto, apenas um abraço muito forte aconteceu. Abraçaram-se
como quem não vai mais se ver. Eles não queriam mais sair dali, mas a voz
insistia para que se apressassem.
Ela ficou parada, acenando, vendo seu amor partir. Não teve
coragem de fugir das regras e convenções ainda que por um único beijo. A
distância aumentava e ele levava consigo o gosto de um beijo que nunca foi
trocado. E ela ficou ali com as lágrimas
correndo. Seus lábios carentes com o gosto de uma despedida doída. Seu amor partia
e ela o via ir embora, como quem olha a vida através de uma janela.
Como já era costume, juntaram seus próprios pedaços porque a vida
os esperava. O tempo não para, e eles tendo que continuar sem ao menos parar
pra chorar sua dor, voltaram a suas rotinas.
Fernando teve coragem e audácia de abrir a correspondência que não era dele, violou uma lei, mas não teve a coragem de beijar a Lívia que cabra frouxo. Parabéns prof. o texto bem criativo como sempre.
ResponderExcluirNoooooooossa, que linda!!Emocionante e ao mesmo tempo tão triste Pena ambos terem a infelicidade como parceira. Pena que não tiveram coragem pra dar uma mexida nas suas vidas e procurar a felicidade que talvez nem fosso naquilo que pensavam.Talvez aquele primeiro contaro nem fosse o mais importante, mas ... Adorei! Fiquei aqui pensando, imaginando a cena !abração,chica
ResponderExcluirQue lindo e triste ..mas que pena que nada aconteceu
ResponderExcluircom eles, um amor intenso ,mas não tiveram forças para
continuar com ele........Obra do destino não era pra ser...
Lembrei do meu post......O trem partindo e eles se separando
Achei bem interessante.....
Bjusss
. (.") .
. /█\..└──●► *Rita!!
A história é comovente e triste ao mesmo tempo, pois eles formavam um casal perfeito, Cláudio passando pra desejar um ótimo domingo beijo.
ResponderExcluirhttp://www.lucimarestreladamanha.blogspot.com.br
Eita que história complicada! Os dois compromissados já...
ResponderExcluirMas no geral e lembrou muito um filme, que acabo de esquecer o nome, onde eles se comunicavam por cartas, mas nunca se viram. ♥ Tão bonitinho!!
beijoooos
http://oicarolina.wordpress.com
Olá vim te visitar e já estou te seguindo ;)
ResponderExcluirFaço parte da Agenda dos Blogs e quero aproveitar para te convidar para participar do Blogs+ no blog Prioridade de Mãe.
Venha divulgar seu Blog ou Rede nesse espaço.
Não fique de fora!
Dá uma passadinha lá pra conferir.
Beijoooooos*
http://prioridadedemae.blogspot.com.br/p/blogs.html
As melhores pessoas que aparecem na nossa vida, surgem repentinamente de forma inesperada e surpreendente.
ResponderExcluirConfesso que esse texto me levou a refletir. Talvez se eu tivesse no lugar de um dos dois, também não fizesse nada e me seguraria, mesmo com a vontade incessante. É uma ambiguidade entre razão e emoção muito complicada.
Waw ! que texto lindo amei ♥ bjs
ResponderExcluiraeroportos são sempre cheios de emoções né!
ResponderExcluirbeijos!
www.fashionfrisson.com
Quer saber o que eu acho?
ResponderExcluirAcho que não terminou no aeroporto e que em mais algumas visitinhas por aqui, vou ter a notícia de que eles se encontraram novamente e foram felizes para sempre...
Será? kkkk
Adorei teu comentário no meu blog e já ri muito com ele kkk
Bjsssss e muito obrigada pelo carinho
Ah!
Desejo uma noite muito linda p/vcs
Poxa, Claudio... eu esperava que eles tivessem a coragem de arriscar e assumir esse amor... mas a vida real é mais parecida com teu texto mesmo. Bem que dizem que só nos arrependemos do que NÃO fazemos...
ResponderExcluirViu, tira uma foto dos teus gibis aí e me manda, hehehe!! Um abraço!!
que pena não terem ficados juntos
ResponderExcluiramei seu espaço
estou vindo do Prioridade de mãe
seguindo com carinho
até mais
Ser Mamãe Pela Segunda Vez
Google+Nanda
Fiquei chocado que no final eles não ficaram junto e se separaram desse amor que eles tinham. Esse amor podia se juntar (mesmo tendo cada um um compromisso) mas se separaram das outras pessoas que eles estavam. Mas é uma história linda mesmo. Fiquei alegre por um momento e trsite por um outro rs.
ResponderExcluirAbraço!
Oi Cláudio,
ResponderExcluirUm conto envolvente e muito bem escrito.
Ambos estavam presos às convenções e compromissos e preferiram continuar sua rotina de vida, ainda que infelizes, a ousar a mudança de suas histórias e, quiçá, encontrar a verdadeira felicidade.
Abraço.
Claudio, se tiveram coragem de chegar até o aeroporto, certamente continuarão, desde que reorganizem suas vidas, procurando não magoar muito outras pessoas.
ResponderExcluirTemos que ser felizes!!
Ousem e arrisquem! Apenas lágrimas, não abre caminho para a continuidade...
Tenha um ótimo dia,
abraços, Lígia e =ˆ.ˆ=
Nossa! Amei o texto! E eu na torcida para aquele maravilhoso beijo! Rsrsrs
ResponderExcluiroi que texto interessante, também sou do agenda de blogs vim conhecer seu cantinho ´gostei e ja estou te seguindo. venha conhecer meu cantinho também http://pontocruzdapri.blogspot.com
ResponderExcluirNossa amigão, que conto maravilhoso! Vc está a cada dia melhor. Por favor depois nos fale se eles se encontraram novamente e foram felizes. Estou na torcida!!!
ResponderExcluirBeijinhos...
Que triste essa história =/
ResponderExcluirAchei que iam ficar juntos, fiquei com esperança até a última linha... podia ter tido uma passagem de tempo, sei lá...
Muito triste.
Abraço
Poxa, que triste historia.. hein? Mas envolve intensidade e isso a torna bonita.
ResponderExcluirBeijos.
Saudades daqui.
Nossa! achei legal mas triste, pois teve audácia numa coisa e na outra não..
ResponderExcluirE deixou a vida se encarregar do resto rsrs
Gostei, sempre humano e humorado ^^
Abraços.
http://rob-umarosaazul.blogspot.com.br/
Lindo, triste e real.
ResponderExcluirClaro que hoje em dias poucas pessoas mantem relacionamentos estando infelizes, mas antigamente sim.
Esses dois tiveram mais da vida do que muitos casais que ficam anos, mesmo sem nunca se tocarem.
Ansiosa para ver no que vai dar!!! Rsrsrsrsr bjs
ResponderExcluirOI CLAUDIO!
ResponderExcluirMUITO BONITO TEU CONTO.
MAS, PODE-SE TORCER POR UM FUTURO PARA OS DOIS, QUEM SABE...
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Oiee é como muita alegria que venho te convidar para participar do 1º Sorteio do Blog.
ResponderExcluirSerão 11 ganhadores, vai lá conferir.
Participe!!!
Beijooos*
http://prioridadedemae.blogspot.com/2013/11/sorteio-meta-100-seguidores.html
Olá!Boa noite, Cláudio!
ResponderExcluirBelo e real...
..."eles tinham algo em comum, a infelicidade."
Confesso que pensei que o "destino" iria aprontar mais uma e os juntar... há uma amálgama de explicações irreais que dificultam a compreensão da realidade.
Mas , Lívia e Fernando, além de audaciosos, deveriam ser mais egoístas. Ser egoísta quando o assunto for amor e felicidade. Cuidar do que falava mais alto dentro de si, mesmo que fosse só uma tentativa. Às vezes a saída é deixar vir pra ver o que acontece...
…é horrível o poder que algumas pessoas tem de destruir até coisas que não viram ou não souberam...e conseguiram tirar isso, de Lívia e Fernando , mesmo em falta na vida delas…
Agradeço pelo carinho ,belos dias, abraços!
A falta de coragem inibiu o amor...que pena!
ResponderExcluirBelo texto!
Abçs
É como dizem a vida não para pra remendar os pedaços ou pelas oportunidades perdidas, mas bem que a história poderia ter um final alternativo mais feliz haha. Beijo.
ResponderExcluirhttp://utopianongrata.blogspot.com.br/
Grata pelas palavras em minha página professor.
ResponderExcluirMuito bom o seu texto.
Tenha uma excelente semana.
um grande abraço!
Ola!!! Deus seja contigo boa noite amigo amei o seu texto obrigado
ResponderExcluirpela visita amei, sucesso amiga.
Por que não mudar os caminhos? ter uma oportunidade e voltar para a mesmice, a tristeza, foi uma opção deles. Uma escolha equivocada, pois somos responsáveis por nossos atos e devemos assumir aqueles que nos chamam. Compromissos podem ser rompidos, com lealdade e dignidade. Abraços.
ResponderExcluirCláudio, que maldade foi essa? Você poderia ter deixado acontecer um beijo, né?rs...Um abraço !!!
ResponderExcluirComo sempre seus textos mt inspirador, gosto das histórias contadas...
ResponderExcluirwww.bybeiju.blogspot.com.br
Cláudio, boa noite!
ResponderExcluirUm lindo texto. Amei, especialmente, o último parágrafo. Mto tocante!
É preciso coragem para não se perder momentos importantes em nossas vidas!
Eles podem não se repetir!
Bjs e ótimo final de semana!
Gostei do conto, professor Claudio, pela época era mesmo assim, paixão mal resolvida, se dizia, mas uma coisa é certa, esse amor é um tipo de amor que dura eternamente, jamais sai das mentes, ilusão que não teve tempo de haver a desilusão, pois é, hoje o amor dura horas e acaba logo depois de consumar um ato completo de entrega por se confundir com amor e na verdade é apenas paixão!
ResponderExcluirAbraços e obrigada pelo carinho de sua visita, gostei muito de ler aqui!
Vou repetir o comentário que você fez no meu blog há alguns dias:
ResponderExcluir"Silêncio", "suspiro", "outro suspiro"...
Fiquei querendo juntar os dois sem me importar se o final soaria clichê ou não.
Esse meu lado de "última romântica" faz meu coração ficar apertado mesmo que tenho sido apenas uma história. Confesso que sofri um pouco com os dois, pelo
beijo que não foi dado, por tudo que não pode ser e que ficou em sentimento, em pensamento... Lindo, lindo lindo!
Quem sabe num dia desses eles não acabam se reencontrando? Deixe-nos ao menos uma promessa, senho escritor, por favor. rsrsrs
Abraços, Claudio.
eraoutravezamor.blogspot.com
semprovas.blogspot.com
Queridos e queridas,
ResponderExcluirObrigado pelos comentários e envolvimento com o Fernando e a Lívia.
Surpresas virão no próximo post, que será neste domingo.
Está prometido.
Beijos e abraços, cada um pegue os seus.
Excelente texto, Cláudio. Fico pensando: quão diferente seria a nossa vida se tivéssemos coragem de arriscar o que as convenções nos impedem de fazer! Mais feliz? Talvez. Acho que nunca saberemos.
ResponderExcluirO Silêncio não Existe
Que texto emocionante."Encontro no Aeroporto" me fez ficar emocionada e torcendo pelo casal. Pena que a opção deles foi a separação.Fizeram tanto para chegar ao encontro e o descartaram.Adoro ler, e gostaria de ler mais..... beijo!
ResponderExcluirBom dia meu anjo, me perdoa por ter desaparecido. pode me puxar a orelha ok.
ResponderExcluirSobre o texto é uma historia preciosa, me emocione muito no final. Vc tem um grande talento para escreve. Um forte abraço e que tenha um otimo fim de semana.
Boa tarde de sábado!!!!
ResponderExcluirAgradeço sua visita tão carinhosa
e desejo sempre o melhor pra vc
tenha um final de semana cheio de alegria com esse post divino, que
sempre enche nossos olhos de muita
alegria bjussss
Abraços com carinho!
└──●► *Rita!!
Olá meu querido,
ResponderExcluirAs vezes Deus manda a resposta mas as pessoas não conseguem ser livres o suficiente para ver e entender...acomodados é mais simples seguir um risco no chão do que uma nuvem no céu
Estarei aguardando o post de domingo
Beijos
Joelma
Boa tarde meu amigo, que história linda porém triste, gostaria de saber o final... Grata por sua visita, que seu domingo seja lindo, abraços com carinho
ResponderExcluirRoseli
Passando para deixar um abraço fraternal.
ResponderExcluirNicinha
Essa carta teria sido o destino tentando dar um empurrãozinho?!
ResponderExcluirComo, supostamente, deveria responder a isso? Bem, sabe, eu acredito que as pessoas só devem permanecer juntas se houver amor. Quando não houver, mesmo que uma das partes ainda o sinta, é hora de dizer adeus. Então, ler, ou falar sobre o assunto - quando ele é tratado de forma complicada como no seu conto - é difícil pra mim.
ResponderExcluir●••●Emilie Escreve●••●
Oi, Claudio!
ResponderExcluirGostei muito! Gosto muito, como já comentei, dos enredos que você cria.
Cartas e encontros em aeroportos ou rodoviárias também acho que caem muito bem nos romances! xD
As cartas teem aquele caráter de documento, aquele coisa de ser lida e re-lida várias vezes, a ansiedade pelo correio... ^^
Acho que “daria filme”... e certamente o público iria querer que eles se beijassem... Mas acho que isso estragaria “a moral da história”... Pessoalmente acho que o que deveriam não seria exatamente se beijarem no aeroporto, acho que deveriam romper, independente do que há entre eles, com seus atuais relacionamentos – que se eles não perceberam estão falidos! Fernando ao invés de escrever cartinhas deveria rever seus princípios (ou resgatar a paixão, se for possível, com a esposa... O mesmo da outra parte... ) Então estariam livres para beijarem quem quisessem no aeroporto ou qualquer outro lugar...
Mas já vi que tem continuação! Vou ler a continuação.
Que lindo, li primeiro a continuação pra depois ler esse, as vezes a vida prega peças na gente, porque ele nos coloca em caminhos de pessoas que nunca pensamos em conhecer.
ResponderExcluirbeijos