A princesa guerreira

Numa época distante, quando a terra e a honra eram defendidas com arcos, flechas, lanças, escudos e espadas, em Genki, um reino da antiga Ásia oriental, governava o rei Kaketsu. Ele tinha apenas duas filhas, Tiemi, a mais velha, e Imoto. 

O rei Kaketsu reinava com justiça e protegia os seus domínios e seu povo. Sua maior preocupação era o inimigo Akuma o rei de Hidoi, reino vizinho. Akuma queira apoderar-se das terras de Genki que eram e férteis e ricas em ouro. 

           Conta-se a lenda que ambos os reis tinham o mesmo ancestral, o rei Seigi que seria o tataravô que dividiu as terras de seu reino Kanpeki entre seus dois filhos Akita que desenvolveu as terras de Genki e Bakemono que explorou e desperdiçou as riquezas de Hidoi.

Com as suspeitas de que Akuma preparava-se para invadir Genki, o rei Kaketsu organizou seu exército para a guerra. Deixou o trono para Tiemi sob a tutela de Sempai, seu melhor amigo e conselheiro. Então, seguiu junto a seus soldados para o campo de batalha.

A guerra foi longa e sangrenta. O exército de Genki venceu e expulsou os inimigos. Porém, este reino outrora feliz e pacífico teve uma perda inestimável. Na última batalha, Kaketsu foi mortalmente ferido. 

Foi uma época de muita tristeza. Entretanto, a Princesa Tiemi, como o pai, governava o reino com justiça e sabedoria, mas pela tradição, para se tornar rainha, ela precisaria casar-se com um herdeiro de linhagem nobre em dois anos. Porém, Tiemi tinha um segredo, era totalmente apaixonada pelo capitão da guarda Tsuyoi, filho de Sempai. O romance era proibido. Com ele, Tiemi jamais poderia casar-se, e pelas leis, Tsuyoi poderia ser condenado à morte.

Devido ao seu amor, Tiemi rejeitava todos os pretendentes. Mesmo sem a aprovação do pai, Tsuyoi mantinha encontros furtivos com a princesa. Sempai temia pela vida do filho e também pelo reino que ao lado de seu amigo Kaketsu ajudou a manter sólido. Ele achava que se o romance fosse descoberto, a estrutura da família real poderia ser abalada.

Após, recuperar-se da derrota, Akuma, novamente, preparou uma invasão as terras de Genki. Com isso, Tsuyoi, representante da princesa, teve que ir para a guerra comandando o exército de Genki.

Esta guerra foi mais longa, e chegou ao reino a notícia que Tsuyoi fora aprisionado pelo inimigo. Tiemi não se conformou, não só pela perda do amado, que muitos acreditavam que estaria morto, como também pela perda de seu líder. Já era de seu conhecimento que o inimigo, se aproveitando da fragilidade do exército de Genki, devido a ausência de liderança, avançava seus soldados em direção a cidade.

Tiemi precisava de uma decisão rápida. Então, chamou Sempai e deixou no trono sua irmã Imoto sob a tutela do conselheiro. Mesmo, este sábio senhor, orientando-a não ir, explicando a ela os perigos e hostilidade de uma guerra para uma princesa, ela não desistiu e disse:   

– Para que manter os pés no chão se todo mundo quer voar.

Organizou um novo exército e partiu para os campos de batalha liderando os seus soldados e juntou-se aqueles, que já sem fé, tentavam resistir a invasão.

A guerra foi dura, meses passaram. Ela liderou com coragem muitas batalhas a frente do exército tendo que várias vezes duelar com o inimigo. Era muito habilidosa com a espada devido a treinamento imposto pelo seu pai e depois também pelo tutor. Graças a ela uma guerra que parecia perdida, voltou a ficar sob controle.

Os soldados vendo o exemplo da princesa guerreira criaram forças, outrora perdidas, e se multiplicaram fazendo com que a vantagem do inimigo sucumbisse diante desta nova energia. Com as vitórias sucessivas e recuo do exército de Hidoi, Tiemi não se conteve como seu pai no passado. Pensando no futuro, avançou suas tropas com o objetivo de dizimar o poder de Akuma.  Conforme ela avançava, os soldados inimigos recuavam com medo e muitos abandonavam a guerra. Corria o boato que a princesa era uma feiticeira que dava poder sobrenatural para seus seguidores. No entanto, na verdade foi pelo amor a terra que ela conseguiu recuperar nos seus soldados, a fé da vitória.

O avanço efetivo dos guerreiros de Genki fez com que Akuma se refugiasse atrás das muralhas de sua cidade. Mesmo com o exército inimigo dizimado, Tiemi manteve o cerco exigindo que Akuma se entregasse. Ele não se entregou. Então, com certa dificuldade, as tropas da princesa conseguiram derrubar os portões e invadir a cidade. Os soldados inimigos, ao ver a ver a princesa, se entregaram. Ela os poupou, assim como, as mulheres a as crianças.

Ao encontrar Akuma, eles duelaram. Ele era forte e muito ágil com a espada, mas movida pela vingança ela o venceu. Em um golpe mortal liquidou a luta.

Sabendo da existência de prisioneiros ela ordenou a libertação dos mesmos. Para sua surpresa, entre eles estava Tsuyoi.

Eles não resistiram e se beijaram na frente dos demais soldados sem a preocupação com as leis e a tradição.

Para não abrir mão de seu amor, a princesa tomou uma decisão. Abdicou do trono em favor de Imoto e devolveu as terras conquistadas para os herdeiros de Akuma exigindo a troca do nome do reino para Kibô e com a condição de serem orientados por Sempai, devido a pouca idade dos mesmos.

De tão justa e generosa que Tiemi foi, recebeu de presente de sua irmã e dos novos amigos parte das terras de Genki e Kibô. Assim ela fundou o reino de Mirai e casou-se com Tsuyoi. E, ninguém jamais, ousou invadir as terras dos três reinos com o medo de enfrentar a princesa guerreira.