Flores jogadas

Certo dia do ano de 2008, cumprindo toda a rotina diária de ir ao trabalho, desci como sempre a rua onde morava para acessar a Av. Morumbi no confuso trânsito da capital paulista.

Em uma das leves paradas do trânsito, leves porque eu era um privilegiado devido ao engarrafamento no meu percurso geralmente ser menos traumatizante, eu vi uma coisa que fez com que o meu dia não começasse bem. Era um buquê de rosas atiradas no chão junto ao muro. Pelas características que o quadro mostrava não se tratava de uma oferenda e sim de um desafeto.

Inicialmente fiquei revoltado, mas depois me deu pena da pessoa que fez esta maldade com flores tão sensíveis e lindas. Não dá para dizer se o ser ínfimo que cometeu o crime foi um homem ou uma mulher.

          Normalmente, são mulheres que recebem flores, mas acho legal um homem ser presenteado desta forma. Eu mesmo já ganhei quatro vezes. Três foram rosas e gostei de todas, mesmo que algumas delas tenham me deixado em uma situação delicada.

O responsável pela atrocidade pode ter sido uma mulher que não aceitou as desculpas ou tenha achado que iria se comprometer com o presente, ou um homem revoltado por ter sido rejeitado.

Não importa a orientação sexual e nem os motivos da pessoa que acabou com meu dia. O fato é que ela não tinha este direito. Ela poderia, em vez de jogá-las contra o muro, dar as flores para alguém querido como amigo(a), mãe, pai, irmão ou irmã, vizinho(a) ou simplesmente para alguém que passasse na rua. 

Eu juro que me deu uma grande vontade de parar o carro e pegá-las, mas aí os outros motoristas iriam dizer alguns adjetivos depreciativos para a minha amada mãezinha que eu não iria gostar.

Eu sou um homem muito bem resolvido e não tenho vergonha de dizer que eu adoro flores, principalmente rosas sem distinção de cor, apesar de que devo confessar a minha preferência pelas vermelhas, justamente iguais as que estavam jogadas no chão.