– Oi! Pois não.
– É que o restaurante
está lotado e você está aqui sozinho. Você permitiria que eu sentasse?
– Ah sim. Fique à vontade.
– Obrigada. Meu nome
é Lúcia.
– Prazer, Clóvis.
– Este restaurante é
tudo de bom, né? Você gosta daqui?
– É a primeira vez
que venho.
– Na verdade eu vim resolver
uns problemas aqui em frente e o restaurante me chamou a atenção. Eu achei
legal sim. Conheço alguém que iria adorar.
– Hum! Quem seria?
– Uma amiga.
– Hummm! Amiga, sei.
– Risos.
– Clóvis. O que está
fazendo olhando para este guardanapo?
– Estou pensando. – Risos
– Pensando?
– No que escrever?
– Para alguém
especial de certo.
– Sim, muito.
– A amiga?
– Risos – sim.
– Desculpa. Estou
sendo enxerida.
– Tudo bem.
– Então, você é bom
de escrita ou é daqueles que copia? – Risos.
– As vezes sou bom,
as vezes copio, outras escrevo e não fica bom.
– Que legal. Pelo
menos escreve. Vou me servir. Você me acompanha?
– Sim. Ainda não sei
o que escrever.
Minutos depois...
– Nossa este
restaurante é demais – disse ela.
– É bom mesmo.
– E a inspiração
voltou?
– Ainda não.
– Achei que tinha
facilidade para escrever.
– Sim. Mas este está
difícil?
– Por quê? Xiiii! Lá
estou eu sendo enxerida novamente.
Ele ri.
– Você só ri.
– É que a situação é
complicada. Eu não conheço você.
– E to querendo saber
de mais né? Desculpa. É que você mexeu com a minha curiosidade.
– Curiosidade
feminina?
– É – risadas.
– Normal.
– Eu sinto tristeza
nos seus olhos.
– Deve ser porque
este é o último guardanapo.
– Como assim? Tem um
monte ai.
– Não é isto? –
risada – Este será o último que escrevo.
– Precisa ser o
último?
– Acho que precisa.
– Você não está bem
certo.
– É porque eu não
queria que fosse o último.
– Então? Por quê?
– Olha. Não quero ser
indelicado, mas não gostaria de falar sobre isto.
– Desculpa. É que
quero ajudar.
– Muita gente quis.
Todo mundo torceu pela gente, mas ela não quis e isto, neste momento, é o que
está importando.
– Mesmo assim vai
escrever o último guardanapo. Por quê?
– Porque daqui a três
dias ela fará aniversário. Aí, eu vi este guardanapo e resolvi
escrever, pela última vez, para fechar a coleção dela.
– Coleção? Nossa!
Você escreveu muitos?
– Não lembro, mas
foram alguns.
– Como você os
entrega?
– Este vai pelo
correio, como outros que mandei. Já dei pessoalmente, e entreguei na portaria
do prédio onde ela mora e assim vai.
– Como você é
romântico. Eu gostaria que meu marido tivesse a metade do seu romantismo.
– Engraçado. A prima
dela já me disse a mesma coisa.
– É que é difícil encontrar
homens assim.
– Será?
– Ô! Coisa rara, em
extinção.
– É! Eu sei.
– Não é para ficar
convencido – risos.
– Você que está
enchendo a minha bola.
– Esta amiga deve ser
uma boba para perder alguém como você, assim.
– Não é bem perder.
Ela não quer. Escolha de vida.
– Mais boba ainda.
– Acho que ela mesma
já me disse isto.
– Vocês tiveram algo
intenso?
– Lúcia!
– Risos – Desculpa.
Curiosidade feminina de novo.
– É, tivemos sim,
quer dizer, acho que sim. Pelo menos da minha parte.
– E você foi feliz?
– As vezes sim, as vezes não.
– Como assim?
– Você hein? Que
inquisição.
– Ah! Conta vai. Eu
não a conheço. Nem sei o nome dela.
– Risos – É Morgana. Na verdade
ela nunca quis assumir. Sempre foi na base do escondidinho sem envolver amigos,
parentes e colegas.
– Humm, isto é coisa
de mulher comprometida.
– Não sei. Acho que
não, se fosse o namorado ficaria sabendo. Não foi tão escondido assim. Acho que
ela não queria compromisso.
– Entendi. – Será
insegurança?
– Não sei. Nunca
consegui entender.
– Olha! Não quero ser
mais metida que já fui – risada de ambos – mas acho que ela não gosta de você.
– Já pensei nisto
muitas vezes, tentei aceitar isto, até falei para ela.
– E o que ela disse?
– Para eu não por
palavras em sua boca.
– Que menina
estranha. Ela já foi casada?
– Não! E que eu saiba
nunca teve namorado.
– É! Complicada a
mocinha.
– Putz! E como?
– Mas você a ama
muito.
– Dá para notar?
– Muito. Está no seu
jeito. Nos seus olhos. Isto que to te conhecendo hoje. E ela sabe disso?
– Sabe. Teve tempo
que duvidava, mas agora acredita. Pelo menos disse “eu sei” na última vez que
falei a ela.
– Ai que lindinho. Um
homem sensível e apaixonado.
– Vai me zoar agora?
– Não, não! To
apaixonada pela tua história. Você é uma pessoa linda, um poeta.
– Se eu sou por que
ela não me quer?
– Meu querido, porque
ela é uma tonta.
– Não fala assim. Ela
só deve estar em conflito com os seus problemas que eu não sei quais são. Pelo
jeito, eu seria mais um.
– Você é suspeito –
risos – está amando.
– Eu só queira
entender por quê.
– É meu amigo. Pelo
jeito você não vai entender nunquinha.
– Pior que sei disto.
– E no aniversário
dela. Como vai ser?
– Não vai ser.
– Mas você não vai
aparecer? De repente uma surpresa.
– Não. Não estamos
nos falando e eu ainda estou traumatizado com o último.
– Nossa! O que rolou?
– Isto eu não vou te
contar – risos.
– Tudo bem. Já te
enchi demais.
– Que nada. Foi
divertido. Eu me distraí. Você é muito legal.
– Você que é muito
fofo. Fiquei aqui tirando a tua atenção e você não escreveu ainda.
– É que este está
muito difícil mesmo.
– Imagino.
– Você é sempre
social assim?
– Quer dizer dada? –
gargalhada.
– É – risos.
– Sou sim, muito
extrovertida. Ainda bem que meu marido não é ciumento. Se não eu estaria
ferrada.
– É. Estaria mesmo.
– E aí, já sabe o que
escrever?
– Sim.
– E vai me contar?
– Uma coisinha a mais
não fará diferença para mim né? – risos.
– Eba! Então fala
logo homem de Deus.
– Vou desejar
felicidade e dizer que se eu tivesse um pedido, desejaria iniciar tudo de novo
para corrigir os erros, perdoar e ser perdoado.
– Que lindo!
– Tomara que ela
também ache.
– Vai achar. A não
ser que seja insensível.
– É! As vezes acho
que ela é durona demais, mas acho que é só por fora.
– Bom meu querido,
preciso ir. Olha, pegue o meu cartão. Adorei conhecer você.
– O prazer foi todo
meu.
– Boa sorte no seu
caso.
– Não é questão de
sorte.
– Você acredita em
destino?
– Sou meio cético,
mas as vezes acontecem coisas que fazem a gente pensar.
– Como?
– Encontros casuais,
coisas que aconteceram para nos aproximar.
– Interessante. Já
que é cético o que pensa disto tudo?
– Que a vida nos dá
recados, nos mostra caminhos, mas não decide pela gente.
– Bonito. Bom meu querido preciso ir mesmo, é uma pena.
Ganho um abraço?
– Claro.
O encontro casual
termina com um grande abraço fraternal e um beijo no rosto. Ela se afasta, olha
para trás, atira mais um beijo e sai do restaurante sorrindo.
Ele, enfim,
escreve no último guardanapo.
Bom dia Claudio.
ResponderExcluirExiste muitas Morgana pelo mundo, as vezes mesmo amando, assumir um compromisso não está nós nossos planos, não por falta de amor, mas muitas vezes pela circunstancia da vida. Uma bela historia, tomará que ele aceite viver esse amor da forma que ela quer, e ela aceite começar do começo, assim vão viver muitos momentos incríveis. Um lindo domingo.
Abraços.
Gostei muito, Claudio!
ResponderExcluirMinha curiosidade feminina me faz ler ansiosa para ver no que iria dar! xD
Clóvis e Morgana? Que nomes mais vampirescos! xD
...beijinhos***
Tu nos prendes até o final. Tens esse dom e ficamos querendo saber o que acontecer´[a.; Adorei mais esse! abraços,chica
ResponderExcluirMuito bom texto,amigo Claudio!
ResponderExcluirAs mulheres são sempre muito curiosas mesmo!
Começar é sempre muito bom, sem pensar em passado, iniciar uma vida vai sempre valer a pena!!!!!!
Boa semana,amigo!
http://www.elianedelacerda.com
Algo no texto me fez chorar.
ResponderExcluirbelo texto mestre
http://brendovieira.blogspot.com.br/
Muitooooooo bom!
ResponderExcluirComo sempre né amigo?
Quando entrar n/restaurante agora, vou sempre lembrar do último guardanapo...
Bjssssssss amigo
N/entendi pq quebrou tantos teclados com as minhas indefesas receitinhas kkk
De tanto babar em cima deles rsss
ExcluirPerdeu a chance de usar o último guardanapo p/secar kkkk
ResponderExcluirBjsssssssss
ahhh muito legal toda estória, na vida os relacionamentos vem e vão, há 2 anos atrás eu nem queria papo com meu atual namorado, tentei me livrar de todas as formas e por fim dei o braço a torcer, e que bom... pq é uma pessoa incrível que quase perdi por medo, insegurança, até acredito em destino agora kkk esse texto me fez lembrar eu mesmo. Vc é muito talentoso, adoro seus textos. bjo,até mais.
ResponderExcluiramei esse texto, aliás amo todos os seus textos
ResponderExcluirobrigada por sempre visitar meu blog, adoro quando você aparece
bjs
** https://www.youtube.com/crisartigosfemininos **
** http://crisartigosfemininos.blogspot.com.br/ **
Tava achando q esse papinho era tática de conquista do Clóvis, rsss... Bem poético. Gostei!
ResponderExcluirVou desejar felicidade e dizer que se eu tivesse um pedido, desejaria iniciar tudo de novo para corrigir os erros, perdoar e ser perdoado. amei essa frase, perfeita..bjs
ResponderExcluirwww.blogpinkmakeup.com
Um diálogo onde um mero guardanapo pode fazer toda a diferença.
ResponderExcluirBeijinhos
Siempre hay un ultima y una primera, interesante relato, y curioso. Un Fuetre ABRAZO
ResponderExcluirOi amigo, vim lhe desejar uma excelente semana, abraços e fique com Deus!!
ResponderExcluirParabéns, mais uma vez você surpreendeu com a história se passando por um guardanapo. bjs
ResponderExcluirEu estamparia uma careta nesse guardanapo, isso sim!
ResponderExcluirA estória foi muito linda Cláudio, e a certa altura, até achei que conhecia os personagens, de tão bem que se deram nessa conversa.
Grande abraço!
Identidade Aleatória
O Identidade Aleatória está no facebook!
E quantas histórias assim não existem pelo mundo afora? O problema é que a maioria nunca consegue as vezes o mais simples suporte que possa ser realmente útil. Às vezes um encontro casual com um estranho na rua serve melhor do que nada.
ResponderExcluirthoughts-little-princess.blogspot.com
Parece que estava juntos deles no bar...adorei. E quem nunca teve encontro casual assim..
ResponderExcluirOs seguidores do Café entre amigos elegeram os melhores blogs de 2014, parabéns o seu está entre os vencedores. Convido com muito carinho para vi conferir o post e receber o selo especialmente criado para os eleitos.
http://www.cafeentreamigos.com/2014/12/seguidores-do-cafe-entre-amigos-elegem.html
OI CLAUDIO!
ResponderExcluirACHO QUE DEPOIS DO ENCONTRO ELE TEVE INSPIRAÇÃO PARA ESCREVER NO ÚLTIMO GUARDANAPO.
ACHO QUE PUSESTE A PROVA A CURIOSIDADE FEMININA NESTE DIÁLOGO, FIQUEI CURIOSA E LI NUM FÔLEGO SÓ. RSRSRSR
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Encontros... Adorei a história!!! Escrever o último guardanapo é sempre tão difícil...me vi na pele dele algumas vezes... faz parte!
ResponderExcluirEstou adorando seus textos! parabéns!
Bjos
JuJu
asbesteirasquemecontam.blogspot.com.br
Um encontro casual de encher o coração.
ResponderExcluirAdorei.
Beijos.
Muito, muito, muito bom, Cláudio!
ResponderExcluirAdorei ler! Será que vai ter continuação, hein, hein???
petalasdeliberdade.blogspot.com
Boa noite amigo Cláudio!
ResponderExcluirAchei que ia rolar algo no final. ..rsrs
Adoro ler seus textos!
Tenha uma ótima semana !
Abraços da Bia!
Adorei.Já vou ler a continuação pois vi que tem.
ResponderExcluirFiquei ansioso para saber como terminava hahaha!
ResponderExcluir