Depois de ter
conhecido uma mulher muito agradável no almoço, Clóvis vai até o correio e
posta, sem remetente, o envelope endereçado à Morgana contendo o guardanapo
escrito. Ele sai do correio sem conseguir esconder o sorriso e sem deixar de
pensar no almoço que foi realmente atípico.
– É! Foi divertido –
pensa ele.
No dia do aniversário
da Morgana, Clóvis fica esperando um telefonema de agradecimento pela mensagem
escrita no guardanapo, mas nada. À noite, ao pegar o dinheiro para pagar a
pizza que tinha pedido, ele vê o cartão de Lúcia e sorri.
– Se ela me deu o
cartão, é para eu ligar. Quem sabe algumas palavras dela me animarão um pouco.
Ela disse que o marido não é ciumento, portanto ele não vai ligar para uma nova
amizade.
– Alô!
– Lúcia? É Clóvis.
– Clóvis? Ahhhhh sim,
o menino romântico do guardanapo.
– Só dois dias e já
se esqueceu de mim? – risos.
– Nunquinha. É que eu
estava viajando nas ideias. E aí, notícias da Morgana?
– Que nada. Nem um
telefonema. O aniversário dela é hoje.
– E você não vai lá?
Dar uma passadinha de surpresa?
– Não. É melhor
assim. Acho que ela já meu deu a resposta mesmo sem dizer nada – risos – mas
me conta onde estava indo nas ideias?
– Pois é menino. Você
nem imagina o que aconteceu. Estou na maior deprê.
– Você? Tão animada?
O que houve?
– Você não vai
acreditar, mas no dia em que nos conhecemos, quando cheguei em casa, o meu
marido estava me esperando para um papinho cabeça. Ele queria a separação
porque estava envolvido com uma colega de trabalho.
– Puxa! Lamento. O
que posso fazer por você?
– Que tal vir me
buscar e me levar para tomar um chope?
– Olha! Eu topo.
Passa o endereço.
Eles saem, conversam, dão risadas e um apoia o outro. No fim do encontro, ele a leva para casa.
– Obrigado pela
noite. Você é um cara muito legal mesmo. Quer entrar?
– É melhor não, né?
– É! Estamos
sensíveis demais e carentes. Isto é um perigo, mas quero te ver de novo.
– É claro. Tua
companhia é muito boa, Lúcia. Eu me diverti demais.
Lúcia se aproxima de
Clóvis, o beija levemente no rosto e faz um carinho. Dá um sorriso e entra.
O tempo passa e eles
se encontram outras vezes para almoçar, jantar e até para dançar, mas nada
rola. A amizade é o que parece ficar cada vez mais forte.
Outro fim de semana
se aproxima...
– Alô.
– Clóvis?
– Oi Lúcia.
– O que vais fazer no
fim de semana?
– A princípio nada.
– Então arrume a
mochila que na sexta à noite eu passo para te pegar. Vamos para a praia.
– Qual praia?
– Lembra que eu te
falei que tenho uma casa na praia, mas que eu não queria ir porque tinha muita
coisa do traste lá?
– Traste? O teu ex? –
gargalhadas.
– Sim – risos – como ele
não foi buscar, mandei um caminhão levar tudo para a nova moradia dele. A casa
está limpa, desinfetada e dedetizada – gargalhadas – pronta para ser
reestreada. Nem tente dizer não.
– Ok – risos – eu te
esperarei.
O fim de semana chega
Eles partem para a praia. Ao chegar, descarregam o carro e Lúcia o leva para o
quarto onde ele dormirá. É tarde, eles fazem um lanche e cada um vai para o seu
aposento.
No dia seguinte...
– Bom dia príncipe!
– Bom dia – risos –
posso não ser um príncipe, mas dormi como um.
– O café está na
mesa.
Depois do café, eles dão
uma volta na beira do mar caminhando pela areia lado a lado. No fim da manhã, eles
almoçam em um quiosque. Após algum tempo, tomam um banho de mar e voltam a
caminhar. No retorno se dão as mãos e retornam para casa de mãos dadas.
À noite combinam de
sair para comer uma pizza. Bebem um vinho, contam mais de suas vidas, dão
risadas e voltam caminhando pela orla para apreciar a lua sobre o mar. Perto da
saída, que dá acesso para rua da casa de Lúcia, ela envolve seus braços sobre o
pescoço de Clóvis que envolve os seus na cintura dela.
– Você é um cara
incrível, sabia? – diz ela.
– Posso dizer o mesmo
de você – ele responde.
E acontece o primeiro
beijo com a trilha sonora da pequena brisa passando nas folhas dos coqueiros e
o ruído das ondas do mar. Aí, eles afastam seus rostos e se olham...
– Que será que foi
isto? – pergunta ela.
– Não vamos tentar
entender – responde ele.
Chegando em casa,
eles sobem no terraço, onde trocam algum carinho, para curtir mais um pouco do
luar. Depois de algum tempo, vão dormir. Na porta do quarto de Lúcia, eles trocam
um sorriso e se dão um selinho.
A noite está
agradável, a temperatura é confortável, mas Clóvis sente muito calor e não
consegue dormir. Então, ele volta para o terraço e para sua surpresa encontra
Lúcia que diz sorridente:
– Também não
conseguiu dormir por causa do calor?
– Sim, mas acho que
não é o calor.
Clóvis vai até ela,
segura suas mãos fazendo-a levantar suavemente e a beija com mais desejo que na
beira do mar. Neste momento, nada mais os segura e eles vão para quarto de
Lúcia. Depois de se amarem como dois amantes que se reencontram após muito
tempo, eles adormecem.
No dia seguinte, eles
conversam sobre o que aconteceu e o que seria dali para frente. É óbvio que não
foi casual, pois se sentem muito atraídos um pelo outro, mas o passado deles é
recente e forte. Logo, decidem deixar rolar sem cobranças.
O tempo passa, e eles
saem, ficam, viajam sozinhos, juntos, mas não retornaram mais a casa de praia.
Eles vão levando um romance que parece não crescer, mas também não ruir.
Um dia na fila do
cinema...
– Clóvis!
– Morgana! Que
surpresa. Há quanto tempo? Esta é...
– Lúcia – a própria
interrompe Clóvis e se apresenta – sou amiga dele.
– Prazer, Morgana. Eu
vim fazer compras e te vi aqui na fila. Você anda sumido.
– Ah! Estou correndo
por aí.
– Quer assistir o
filme com a gente? – Pergunta Lúcia.
– Não obrigada. Não
quero atrapalhar – responde Morgana.
– Que isto? Atrapalha
nada – retruca Lúcia.
– Obrigada, mas
preciso ir.
Morgana se afasta e
Clóvis diz:
– Assistir filme com
a gente – gargalhadas – só você mesmo.
– Eu precisava ver a
reação dela. E vi, ela gosta de você.
– Gosta nada. Se ela gostasse
eu não teria escrito o último guardanapo, né?
– Vai por mim. Sou
mulher. Vai ver ela tem os seus motivos para agir como agiu com você, mas...
Azar dela e sorte a minha. Enquanto ela não se decide eu vou aproveitando – risos.
– Vai entender as
mulheres.
– E você não sentiu
nada?
– Se eu disser que
não, é mentira. E não vou mentir para você.
– Clóvis, de boa.
Estamos nos curtindo bastante, mas no coração a gente não manda. Vai atrás
dela. Antes de qualquer coisa, nós somos amigos. Não prometemos nada um para
outro. Este foi o trato. Eu quero você feliz.
– Lúcia. Tudo que
quero neste momento é ver este filme com você. Nada mais. É impossível não
sentir nada em um encontro como este depois de tudo que eu e a Morgana vivemos,
pelo menos da minha parte, mas nossa história ficou no passado. São lembranças
que com o tempo perderão a força.
Ela sorri e o beija.
Eles compram os ingressos e entram no cinema.
No dia seguinte
acontece um happy hour com a turma de Clóvis que tem como integrante a Emile, a
prima de Morgana. Eles são muito amigos.
– Oi Clóvis que conta
de novo?
– Novo mesmo... Apenas
uma pessoa incrível que conheci.
– Quer dizer que
esqueceu minha prima?
– Emile, posso dizer que
sim. A Lúcia é uma pessoa muito legal. Ontem, casualmente no
shopping, a Morgana a conheceu, mas algo me diz que você já sabe.
– Olha, você está
certo. Eu sei sim. Ela sentiu a perda, mas não quer te ligar. Eu já insisti,
dei conselhos, mas ela quer continuar com a sua vida de solteira.
– É Emile, nem
insista mais. Deixa-a com suas escolhas. Estou muito empolgado com a Lúcia. Ela
tem me completado e quero investir muito nesta relação. Não quero que nada
atrapalhe, nem mesmo a Morgana. Nossa história poderia ter sido escrita
diferente, a quatro mãos. Porém, só eu escrevia e pior, cada linha que era escrita
ela apagava. Já deu o que tinha que dar. A Lúcia vem me buscar mais tarde, você
vai ver como ela é legal.
Mais tarde a Lúcia
aparece e Clóvis a apresenta para turma. Nos poucos minutos que ela ficou,
todos perceberam o quanto que ela é agradável.
– Aonde vamos agora?
– pergunta Lúcia.
– Para o meu
apartamento.
– Nossa! Nunca fomos
para lá. Foi aquela vez na praia, lá em casa e outros lugares, mas nunca no teu
ap.
–
Eu estava aguardando uma oportunidade diferente.
–
Fiquei com medo.
Ele
apenas sorri.
Eles vão para o
apartamento de Clóvis e chegando lá...
– Lúcia! Nós
combinamos de não nos cobrarmos nada, de irmos com calma, mas esta situação
está me deixando desconfortável e antes que pense besteira eu já digo o que
quero, pois estou vendo a tua cara – risos. Eu quero ser cobrado, dar
satisfações e quero fazer o mesmo com você.
Não precisamos perder a nossa individualidade, mas ter um compromisso.
Eu quero investir na gente. Eu não quero outro relacionamento acidentado e unilateral
embora o nosso já tenha uma cumplicidade. Eu quero oficializar tudo isto. Na
verdade, já estamos namorando, apenas ignoramos isto. O que achas?
– Eu acho que você é
um romântico antigo do século passado – ela dá uma pausa, mas depois solta um
grito – mas eu amo tudo isto. Pensei que nunca me diria algo assim. Eu quero
muito. A grande verdade é que eu me apaixonei por você no dia em que te conheci
naquele restaurante. Não quando me sentei é óbvio – risos – mas em cada palavra
que me disse, no teu jeitinho. Eu dei o meu cartão por impulso. Não deveria,
pois era casada. Eu não sabia que ele estava me aprontando. É claro que o
casamento estava decadente. Também, o safado tinha outra, mas eu ainda tinha
respeito por ele. Dar o meu cartão para você foi algo sem pensar, mas que
resultou em uma coisa maravilhosa. Estamos aqui definindo o nosso futuro. É
tudo que eu quero.
– Que ótimo, mas com
uma condição.
– Estava bom demais
para ser verdade – gargalhadas – e qual é?
– Selarmos este
compromisso na casa de praia e ir para lá com mais frequência.
Aí, ela pula em cima
dele e o beija vorazmente. Eles cumprem o combinado e tudo que se sabe é que estão
felizes. Se é para sempre... Talvez outra história possa contar.
Gostei
ResponderExcluirClaudio, muito bom o conto!
ResponderExcluirA vida é assim mesmo, temos que aproveitar as oportunidades de sermos felizes, que muitas vezes passam em nossas vidas e não damos o devido valor!
FELIZ NATAL,amigo!
Bjus coração!
http://www.elianedelacerda.com
Adorei o final! E não é que a fila tinha andado mesmo? As vezes o destino aparece com opções muito melhores :) Beijao!!
ResponderExcluirBom dia Claudio.
ResponderExcluirGostei do final, mas achei a prima da Morgana desleal, ela deu a intender que Morgana queria ficar sozinha, o que de fato foi era que ela pediu a prima para sondar a situação. A falta de dialogo muitas vezes destrói um relacionamento. Enfim ele consegui uma boa companhia.
Feliz Natal.
Abraços.
que lindo, amei o final do Clovis e da Lucia
ResponderExcluirFeliz Natal
bjs
Gostei do final dessa história, bonito e bem humorado (como a maioria dos seus textos). Enfim, um feliz natal e até mais!
ResponderExcluiraguardandoocamaleao.blogspot.com
Meu relacionamento com o meu marido começou assim, com uma grande amizade, depois "ficadas" e depois não nos largamos mais!
ResponderExcluirBjs – Su
www.rosachiclets.com.br
Oi amigo,
ResponderExcluirNatal tem tudo a ver com amor. É a época do ano em que nossos corações estão mais receptivos e harmoniosos e nossas esperanças são renovadas. Feliz Natal e um próspero Ano Novo!
Ah que tudo, adorei esse conto, mas torcia tanto pela Morgana boboca acordar para vida, perdeu o cara q podia ser o futuro dela, sorte da Lúcia né ? Isso serve para refletirmos sobre as oportunidades q temos.
ResponderExcluirDesejo um feliz Natal para vc e um novo ano cheio d novas conquistas, abraços !
Excelente conto, com um final feliz e bonito :)
ResponderExcluirÉ tempo de desejar...
UM NATAL MUITO FELIZ, COM PAZ E ALEGRIA, E MUITO AMOR NO CORAÇÃO.
Beijinhos
Mariazita
Oi, Claudio!
ResponderExcluirClóvis é mesmo um romântico! Que seja o último guardanapo! :)
Boas festas para você e sua família! Que seu natal e ano novo sejam abençoados!
Beijus,
Olá amigo, Claudio passei aqui para lhe desejar um feliz e santo Natal.
ResponderExcluirQue Jesus seja realmente lembrado em seu dia. Grande abraço!
EXCELENTES SEUS CONTOS,CLAUDIO.
ResponderExcluirDESCULPE NÃO O ESTAR VISITANDO,MAS MEU MARIDO FOI OPERADO RECENTEMENTE E,POR HORA,SÓ ESTOU RETRIBUINDO AS VISITAS.
FELIZ NATAL E UM NOVO ANO DE BÊNÇÃOS,QUERIDO AMIGO.
Obrigada pela visita,volte sempre!
Beijos e uma semana de alegrias
Donetzka
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Claudio passando pra desejar um Feliz Natal fique com Deus beijos.
ResponderExcluirBlog /Fan Page / TSU/
Oie Claudio =)
ResponderExcluirNada como um final feliz para deixar o Natal ainda mais mágico!
Beijos e um Feliz Natal!
;***
Ariane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Boa noite amigo Cláudio!
ResponderExcluirValeu ter lido todos os contos. ..Parabéns ! Sugiro investir em uma publicação de livro. Suas histórias são sempre surpreendentes...adoro! Que Deus continue nos abençoando sempre!
♡ ♡ ♡ ♡ ♡ ♡
Que o Menino Jesus renasça sempre em nossos corações!
♡♡♡♡♡♡
☆☆☆☆☆☆
FELIZ NATAL!!!
☆☆☆☆☆☆
Bjokas da Bia!!!
♡ ☆ ♡☆♡☆♡
Oi, Claudio!
ResponderExcluirGostei muito do texto! Fiquei feliz pelo Clóvis!
Gostei do que o Clóvis disse para a Lúcia... Minha mãe é fã do Roberto Carlos, tem os discos e talz... Eu não sou fã, mas tenho familiaridade com as músicas... Acho que ele é bom com as letras... Quando o Clóvis disse "São lembranças que com o tempo perderão a força", me lembrei automaticamente de "Na longa estrada do tempo que transforma todo amor em quase nada" da música "Detalhes".
...beijinhos***
Essa Lúcia é incrível!
ResponderExcluirGostei muito da história, de todos os três capítulos.
petalasdeliberdade.blogspot.com
Essa Lúcia é incrível!
ResponderExcluirGostei muito da história, de todos os três capítulos.
petalasdeliberdade.blogspot.com
Ficou tão bom quanto o primeiro. bjs
ResponderExcluirClaudio, adorei o final da história...
ResponderExcluirEra o que estava desejando q acontecesse...
Bjos
Juju
Vim para desejar-te um excelente ano de 2015! (assim como todos os outros que estão por vir, claro!)
ResponderExcluirToda paz do mundo em seu coração! Beijocas de luz!
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